Quero ser importante e não famoso...
"Fazer falta não significa ser famoso. Significa ser importante. Há uma diferença entre ser famoso e importante. Muita gente não é famoso e é absolutamente importante" . Essa frase, de Mario Sergio Cortella traz um profundo ensinamento e é o início de uma grande reflexão, um alerta à comunidade ágil.
Vamos começar pensando sobre esses dois conceitos: Importância e Fama. Tem muita gente que os confunde, julga alguém famoso como sendo importante e nem sempre é capaz de observar o "vice-versa". Mas um não implica no outro. Como nosso amigo filósofo disse, importância é fazer falta. Tem a ver com relevância e nos remete a valor. A ausência é sentida somente do que é estimado, caro, do que tem alguma utilidade. Já a fama, tem como um de seus significados, reconhecimento, notoriedade. Tem a ver com "estar sob os holofotes".
Dados os rápidos significados na língua portuguesa já é possível enxergar que eles são completamente distintos. Um não implica no outro. Mas, o senso comum sempre faz essa associação, especialmente na via fama-importância, como dito acima. Vêem aquela pessoa que aparece em todos os lugares e já acha que ela é importante no geral. Sim, ela é importante, na medida em que todos somos, mas será que ela proporciona algum valor à sua comunidade? Ou será que é só "palco" mesmo?
A fama é buscada por muitos, o que frequentemente faz com que a importância, ou melhor, a entrega de algum valor, o "fazer falta" seja deixado de lado. Busca-se ter muitos seguidores, muitos "likes" em suas publicações, sem muitas vezes ter o cuidado com o que está sendo publicado. O ato é "pela fama" e não pelo conteúdo, por passar alguma coisa boa para alguém.
Temos que refletir o que está por trás disso. O que leva um sujeito a correr atrás de notoriedade, muitas vezes a qualquer custo? A se expor sem o menor sentido, a ferir o outro a troco de nada...
A idéia "do vizinho" é ótima, você gostou muito, mas o post está com quase duas mil curtidas.... Aí você quer se exibir em cima dele, mostrar que tem um conhecimento maior. Quem sabe você não ganha mais "likes" do que ele? E assim, retibui o que foi mostrado tecendo seu "rosário" de conhecimentos, que nem sempre têm a ver com o que foi dito. Só para aparecer, para demonstrar um degrau a mais que ele não tem (ou que você acha que ele não tem)? O que leva a alguém querer se sobressair diminuindo as pessoas?
Simples: Carência, narcisismo, insegurança, egoísmo... Queremos a atenção voltada para nós, porque algo nos falta. Somos centrados em nós mesmos, porque algo nos falta. Queremos que os outros nos admirem, porque algo nos falta. Queremos que o que fazemos seja mostrado para o maior número de pessoas, porque algo nos falta. Sim, sempre algo nos falta.
E, se isso nos faz falta, então é muito importante para nós. Mas, como muitas vezes desprezamos isso, em detrimento a querer ficar cada vez mais famoso, continuamos nesse ciclo vicioso, nesse vazio, sendo "cascas" somente. O que preenche? A gente se pergunta. E a resposta é simples: EU, o nosso EU, nossa essência, o que somos de verdade. Sem máscaras, sem apegos, com os ônus e bônus que todos carregamos.
Quando a gente acorda para nós mesmos, passamos a nos olhar de frente, a nos enxergar sem medo e sem julgamentos. Vamos crescendo pouco a pouco, descobrindo nossa face, descortinando cada canto escondido de nossa individualidade. Não é um trabalho fácil, mas é muito gratificante, pois vamos construindo aquilo que nos preenche, vamos nos tornando cada vez mais plenos. O vazio diminui a cada passo.
Com isso, vamos desatando os nós de nosso "eu" superficial, aquele que quer a fama a qualquer preço para suprir suas necessidades, o que só o nosso "eu maior" é capaz de fazer. Vamos ganhando confiança, segurança, e abrimos nosso olhar ao outro. "Em terra de egos, quem vê o outro é rei", como diz uma frase conhecida. Esse "reinado" é o que os ávidos pela fama buscam, mas só alcançam aqueles que se enxergam, que visam ser importantes.
O movimento ágil está indo de encontro a este sentimento. Ele nos mostra que é melhor trabalhar em equipe, que a vitória de um é a de todos, que a colaboração é a melhor saída. Que devemos ter empatia com os colegas, com os líderes/liderados, com os clientes... É dar a tudo o que nos rodeia a importância que nunca foi dada antes. "Fazer falta", remetendo à frase inicial.
Sim! O cliente faz falta, o seu colega faz falta, os colaboradores sob sua liderança fazem falta. Eles não existem para que possa contar os cases em palestras, para colocar uma foto com olhar penetrante e uma frase de impacto, ou para que você mostre seu vasto conhecimento. Eles existem para você existir. Está na hora de dar-lhes importância e fazer-se importante para eles também. Essa é a essência da agilidade.
Faça seu melhor. Faça-se importante. O reconhecimento vem com o trabalho, com a perseverança, com uma entrega cada vez maior (sua e daquilo que produz). Nada mais "anti-agil" do que um comportamento de "famoso vazio". Nada. Vamos nos abrir, vamos nos preencher. A transformação começa por nós, pelo nosso modo de ver as coisas. Faça primeiro em você, que o resto se abre como consequência
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