RACI
Quando tratamos de metodologia para a distribuição de informações dentro de uma organização é relativamente comum utilizarmos o conceito da matriz RACI, ou seja, o time que irá receber os documentos será distribuído segundo uma matriz pré-definida.
Em outras palavras, diante de um projeto, temos aqueles que colocam a mão na massa o “R”, os profissionais que deverão ser consultados o “C”, aqueles que simplesmente devem ser informados e aqueles ou aquele que aprova o documento, a autoridade o “A”. Observamos que o “A” se for profissional também assumirá a culpa pelos erros cometidos, vejamos um exemplo emblemático que ocorreu em 04/07/2024, o primeiro-ministro do Parlamento Britânico, Rishi Sunak, do partido dos conservadores foi a público e deu sua cara à tapa.
Esse acrônimo em inglês estabelece de forma inteligente os papéis dos atores em um projeto, Responsible (Responsável), Accountable (Aprovador ou Autoridade), Consulted (Consultado) e Informed (Informado). No entanto, com a informatização dos processos e projetos, é comum a T.I. – Tecnologia da Informação desenvolver uma tabela de decisão e nomear os envolvidos em diferentes graus de acesso, esse procedimento funciona muito bem.
Enquanto "Accountable" é um adjetivo que descreve alguém ou algo como sendo responsável e sujeito a prestar contas, "Accountability" é um substantivo que representa o estado ou condição de ser "Accountable".
Então, o dono da canetada é o responsável por algo ou tem a obrigação de explicar suas ações e decisões e assumir as consequências delas, o “Accountable” é o responsável perante algo ou alguém. Já a “Accountability” refere-se à condição de ser "Accountable". Poderíamos dizer:- A empresa Y possui uma forte cultura de responsabilidade. Ou:- Se faltar responsabilidade à empresa Y poderá ir à bancarrota. Em outras palavras o “Accountable é o cara, e a “Accountability” comprova no “papel” a responsabilidade desse cara.
Se migrarmos para o nosso idioma podemos criar certo ruído entre as funções de “Accountable” e de “Responsible”, já que a palavra responsável veste qualquer um dos termos, esperamos ter sido claros nessa diferenciação. Explicitando para o mundo real, um aprova e outro executa. Ponto Final. E, ambos são responsáveis por suas respectivas ações dentro do projeto, observe que colocamos o significado de responsável num plano abaixo de ambas as funções.
Com os conceitos sedimentados vamos à campo e no mundo real corporativo constatamos que nem todos estão a fim de remar para o objetivo comum, a reta-ação coloca em primeiro posto a defesa de seus feudos e o fazem em detrimento aos resultados esperados para o projeto. Aqui destacam-se os profissionais que marcam passo, trabalham no cotidiano e são refratários às mudanças.
É comum, por exemplo, o fulano dizer:- Eu não fui convidado, agora, não contem comigo. Ou:- Ninguém me avisou disso! Ou:- Eu estava de férias. Ou:- O sistema ficou fora do ar, de quem é a culpa? Ou:- Estou cansado, já faço o meu e ninguém reconhece.
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Essas pessoas não dão o passinho à frente e só se movimentam quanto recebem algo “top-down” e mesmo assim se puderem irão travar os fluxos. E, sabemos, uma laranja podre no saco acaba por contaminar todas as demais laranjas. E, como se não bastasse o fulano sempre acredita que faz mais do que lhe é imputado. Quando deixam a organização ou as organizações os deixam o mercado lhe mostrará um mundo cruel, mas talvez seja tarde, não somente para ele como para a organização que o manteve ali parasitando ou executando poucas entregas.
Em alguns casos podemos ter a vitimização do sujeito, ou seja, ele dirá:- Apesar de eu ser competente as circunstâncias me trouxeram até aqui. Assim a culpa será sempre dos outros e o tempo correto das ações é o dele.
Pois é, praticar a “Accountability” é para poucos, já a “Desculpability...
Reta-ação:
Ela invoca nossas ações segundo nossos condicionamentos, segundo nossa cultura local, segundo a cultura que permeia a nossa organização. Nesse caso nos comportamos segundo particularidades que não conseguem sobreviver além de nossos círculos, são regras e costumes que normalmente não funcionam no macro. Muitos de nós ao trocarmos, por exemplo, o trabalho de uma empresa de governo para uma empresa de mercado, ou vice-versa sentiremos na pele as diferenças comportamentais. A reta-ação define em cada feudo o que dará resultado e estará atrelada ao sucesso. Obviamente esse conceito está conectado ao egoísmo e está longe do convívio sem fronteiras. O interessante é que o normal são as pessoas reagirem de acordo com a sua própria miopia sem perceberem o mal que causam para a sociedade e para suas próprias organizações. Caso você tenha a sabedoria do discernimento analise se uma determinada ação que você executou e gerou um determinado ruído partiu de um estado egóico de sua parte, esse é um bom exercício para melhorarmos esse mundo atual e áspero. Ao praticar o conceito universal da correta reta-ação presente em diversas tradições filosóficas e espirituais, tornaremos o mundo um lugar melhor para se viver.