Radar da Semana - 01 de julho
NA PRÓXIMA SEMANA
O mercado financeiro brasileiro amargou um junho extremamente negativo, culminando em um trimestre de forte desvalorização nas bolsas e de ganhos do dólar frente ao real. O desempenho nestes últimos três meses redundou em um semestre de baixa no Ibovespa e de queda menos acentuada da moeda americana.
O Ibovespa caiu 11,45% em junho e 17,8% no trimestre. No acumulado do ano, o mercado acionário brasileiro recuou 6%. O dólar subiu 10% no mês e 9,89% no trimestre. No ano, a queda caiu para 6,7%.
Os temores de uma recessão global vão ganhando contornos cada vez mais nítidos. A persistente guerra na Ucrânia, os lockdows na China, a inflação global galopante e o aperto monetário assustam os investidores. No Brasil, o descompromisso com o teto fiscal por parte do governo federal se cristalizou após a PEC do estado de emergência ter sido aprovada no Senado, incorporando gastos de mais de R$ 41 bilhões até dezembro.
E estes pontos preocupantes deverão continuar dando dor de cabeça aos investidores na próxima semana. A aversão ao risco tem sido regra e dificilmente teremos uma semana mais calma neste início de julho. No exterior, destaque para a divulgação de importantes dados de desempenho da economia global e a para a divulgação da ata do último encontro do Federal Reserve (Fed).
Em relação aos indicadores nacionais - que até trouxeram bons números de mercado de trabalho na semana que passou -, merecem atenção o resultado da produção industrial, que sai na terça, o IGP-DI, na quinta, e o IPCA, que será divulgado na sexta.
Política
A menos de 15 dias do recesso de julho, os parlamentares devem acelerar os trabalhos na próxima semana para conseguir voltar às bases a partir de 15 de julho. As principais votações devem ficar com a Câmara dos Deputados, começando pela proposta de emenda constitucional (PEC) que prevê o estado de emergência para ampliação do Auxílio Brasil e do vale-gás, bem como criação de benefícios para os caminhoneiros e os taxistas.
As medidas emergenciais, já aprovadas pelos senadores, vão custar mais de R$ 41 bilhões ao governo federal, mas serão excluídas do teto de gastos, da regra de ouro e da Lei de Responsabilidade Fiscal. A expectativa é que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dê celeridade à tramitação da proposta, que precisa ser aprovada em dois turnos e promulgada antes do início do recesso parlamentar para que os benefícios possam ser pagos a partir de agosto.
Os deputados têm de apreciar ainda proposta (PEC 15/2022) que prevê um regime fiscal diferenciado para os biocombustíveis, visando assegurar a competitividade do setor frente aos combustíveis fósseis. A medida, já aprovada em dois turnos pelos senadores, faz parte do pacote para baixar os preços dos combustíveis.
No Senado Federal, o foco da semana será a queda de braço entre governistas e oposicionistas em torno da instalação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou que vai levar ao colégio de líderes o parecer da consultoria da Casa sobre o tema.
Depois que a oposição apresentou o requerimento para criação da CPI do MEC, aliados do Palácio do Planalto pediram a criação de mais três comissões na tentativa de invialilizar as investigações das denúncias envolvendo o ex-ministro Milton Ribeiro e pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, que podem atingir o presidente Jair Bolsonaro.
Está marcada para a próxima terça-feira, uma sessão conjunta do Congresso Nacional para votação de vetos presidenciais. Entre os vetos que podem ser apreciados, dois dizem respeito ao processo de privatização da Eletrobras (Lei 14.182/2021):
. o que trata da possibilidade de empregados demitidos após a privatização adquirirem ações da empresa com desconto
. o que trata da permissão para que funcionários demitidos da Eletrobras até um ano após a privatização sejam realocados em outras empresas públicas
Na mesma sessão deve ser votado o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2022. O texto aprovado pela Comissão Mista de Orçamento torna obrigatória a execução das emendas do relator-geral do orçamento (RP9), o que vem causando polêmica.
Internacional
O final do mês e do semestre foi bastante ruim para os mercados. A guerra na Ucrânia deixou o preço dos combustíveis ainda maior do que já estava no final de 2021. As bolsas, na sua grande maioria, tiveram perdas consideráveis nos primeiros seis meses de 2022. Os destaques das maiores perdas ficam com os índices das bolsas de Milão (-22,13%), o Kospi (-21,66%) e o DAX (-19,53%).
O humor dos investidores está bastante instável, especialmente depois das declarações dos presidentes do Fed, Jerome Powell, e do BCE, Christine Lagarde, que sinalizaram políticas monetárias mais duras nos próximos meses, com o intuito de reduzir a inflação, que ficou em 8,6% em junho. Do lado da política internacional, tivemos a oficialização da entrada da Finlândia e Suécia à Otan, depois de negociações com a Turquia – que era o único país contrário à adesão.
Na próxima semana, o Japão divulgará sua base monetária, índice de indicadores antecedentes e o saldo em conta corrente. A China publica o índice de inflação de junho. As leituras revisadas dos PMIs do setor de serviços do Japão, China, Alemanha, Eurozona, Reino Unido e Estados Unidos serão publicadas pelo S&P Global.
A Alemanha também tornará públicas a balança comercial e a produção industrial. A zona do euro terá os índices Sentix de confiança do investidor, o de preços ao produtor, as vendas no varejo e a leitura da ata da reunião do BCE de 9 de junho.
Os Estados Unidos terão seu feriado da independência de 4 de Julho na segunda-feira, mas no restante da semana publicarão índices importantes, como encomenda às fábricas, o ISM de atividade industrial, o relatório Jolts, estoques de petróleo, pedidos de seguro-desemprego, taxa de desemprego e o payroll. A ata da reunião do Fed de 15 de junho é um evento bastante esperado, visto que mostra o ponto de vista do banco sobre a economia nos próximos meses.
Empresas
O mês de julho inicia com muitas companhias em período de silêncio, período que antecede a divulgação de resultados trimestrais, em conformidade às melhores práticas de governança corporativa. Durante esse intervalo, as empresas listadas ficam impedidas de comentar as informações referentes aos seus resultados, que nesta época referem-se ao segundo trimestre de 2022.
A temporada de balanços das empresas de que compõem o Ibovespa começa em 20 de julho, com a Weg.
Por conta do início do período eleitoral, estatais como a Petrobras também deixam de publicar conteúdos de natureza institucional em seus canais corporativos e perfis em redes sociais. O período eleitoral começa em 2 de julho e termina em 2 de outubro, podendo ser estendido até o dia 30 de outubro, para o caso de eventual segundo turno.
Na terça-feira (5/7), das 9h às 13h, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) realiza o Fórum de Inovação e Liderança da Incorporação, que abordará temas como inovação, produtividade, financiamento, tendências, além de apresentar experiências e novas iniciativas da cadeia da incorporação imobiliária. O evento terá palestras de executivos da MRV, Yuni, Cury, além de fundos e empresas como Deloitte, B3, Brain, Mesa BTC, RET Capital, OLX, entre outras.
Na sexta-feira (8/7), às 10h, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresenta os resultados do primeiro semestre da indústria automobilística nacional.
Na próxima semana, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) fará duas coletivas online para divulgar os balanços de fundos de investimento e de mercado de capitais do 1º semestre de 2022.
No dia 6, Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima, e Giuliano De Marchi, diretor da associação, apresentarão os resultados de fundos de investimento. No dia 7, José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, e Cristiano Cury, coordenador da Comissão de Renda Fixa, falarão sobre o balanço do mercado de capitais.
= Acompanhe a Agência CMA também no Telegram! Clique aqui e faça parte do grupo =A