Realização Profissional: buscamos no lugar errado!
“Quer ser feliz? Trabalhe por um propósito maior que o resultado financeiro. Este é consequência e não o objetivo.”
Victor Prates
“A única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazer algo que acredita ser um grande trabalho. E a única maneira de fazer um grande trabalho é amando o que faz. Se ainda não o encontrou, continue olhando. Não desista nem se conforme. Como todos os assuntos do coração, você saberá quando o encontrar.”
Steve Jobs
Quando sai da escola me vi em um mundo completamente novo, um mundo que não havia sido preparado para fazer parte… o mundo adulto, mundo das possibilidades infinitas e na mesma proporção jogava responsabilidades e auto cobrança em um jovem de apenas 18 anos que sonhava conquistar algo inalcançável naquele momento.
Conforme vamos nos tornando adultos, aprendemos que precisamos deixar de ser idealistas e românticos e que é hora de entrar no mundo real. Que nem sempre conseguimos fazer o que gostamos e que o importante é encontrar um trabalho bem remunerado e ser bom no que faz. Precisamos nos conformar. E foi isso que fiz em meus primeiros anos.
Muito se pergunta, hoje, se, para nos tornarmos um bom profissional, é imprescindível que estejamos ligados a um trabalho de que gostamos de fazer e que nos dá grande satisfação. Por todos clientes que atendi, não tenho dúvida de que há inúmeros bons profissionais que não fazem, necessariamente, aquilo que amam fazer. São pessoas automotivadas, responsáveis e comprometidas, que trabalham com seriedade e dedicação mesmo que ligados a uma atividade que não apreciam. Sua ética e compromisso são fortes o suficiente para fazê-los trabalhar duro, onde quer que estejam.
Ainda que assim seja, tenho comigo que os trabalhos extraordinários, as verdadeiras contribuições, foram feitas por homens e mulheres que eram e são apaixonados pelo que fazem. Que possuem aquele brilho nos olhos e não veem seus trabalhos como fardo. São pessoas que acordam todos os dias motivados, menos por recompensas externas e mais pela satisfação e privilégio de fazerem algo associado às suas verdadeiras paixões.
Além do mais, convenhamos, nossa vida profissional representa uma parte significativa de nossa existência para, simplesmente, fazermos algo de que não gostamos e ao qual não atribuímos qualquer sentido. Sempre me perguntei o porquê de tantos profissionais se conformarem com trabalhos desalinhados com suas maiores aspirações e creio que a resposta está no fato de terem escolhido fatores externos de motivação como causa principal de eleição de sua profissão. Estão procurando sua felicidade profissional e pessoal no lugar errado!
Desde pequenos, são incutidas ideias de que o importante é encontrarmos uma trabalho estável e bem remunerado, que nos dê status. Que não é realista fazermos o que amamos em nossa profissão. Acabamos sendo escolhidos pelas empresas para quem trabalhamos e optamos por aquela que nos oferece a maior compensação financeira, no menor espaço de tempo.
Maior engano!
É falsa a ideia de que fatores externos como salários e compensações são suficientes para trazer realização profissional. Embora importantes, representam somente uma parte nesta matemática, e basear sua escolha profissional somente em tais fatores é receita certa para infelicidade e frustração. Quantos já não ouviram executivos e empresários, no final da carreira, dizerem que, em sua aposentadoria, começarão a viver de fato?
Durante os últimos anos tenho acompanhado centenas de pessoas encontrando seu caminho, pessoas que até então velejavam a deriva. Você percebe? Que tipo de pessoa que esse tipo de pensamento pode produzir? Que tipo de serviço prestará à sociedade? Qual será sua contribuição? Claro, remuneração, ambiente e estabilidade são fatores importantes.
Abraham Maslow baseou parte de seu trabalho na chamada pirâmide das necessidades. Segundo sua teoria, todo ser humano possui necessidades básicas que devem ser supridas antes de passarem às aspirações mais refinadas.
Quando se trabalha somente por dinheiro, o importante é o destino: quanto acumularemos ao final, o que compraremos, que estilo de vida passaremos a ter. Já os profissionais realizados com suas carreiras, além do destino, usufruem de forma especial do caminho! Acordam todos os dias motivados a serem melhores, a criarem uma visão, influenciando as pessoas. São aqueles que se sentem privilegiados por fazerem o que fazem e dão sentido à frase que afirma que quando descobrimos o trabalho que amamos nunca mais trabalharemos um dia em nossas vidas. A diferença entre profissionais que trabalham motivados por fatores externos e internos se acentua nos momentos de crise. E eles virão! Nesses momentos, as pessoas motivadas somente por recompensas são geralmente as primeiras a jogar a toalha.
Para que não reste nenhuma dúvida acerca do que me refiro neste momento, gostaria de fazer uma última distinção: a diferença existente entre “fazer o que se ama” e “amar o que se faz”. Distinção importante de ser feita, pois, caso contrário, você poderia imaginar que estou sugerindo que todos transformem seus hobbies em carreiras – embora seja perfeitamente possível de acontecer.
Explico. Um de meus hobbies preferidos é jogar futebol. Desde criança, sempre que posso, estou envolvido com alguns amigos correndo atrás de uma bola. Bom, então poderia fazer do futebol minha carreira, correto? Afinal, seria um perfeito exemplo de “fazer o que se ama”.
Infelizmente, não! Ocorre que sou um jogador péssimo. Não tenho nenhum talento especial e, apesar de me divertir, ainda estou no nível básico de habilidade. Se elegesse o futebol como profissão, certamente, estaria em apuros. De fato, nem sempre poderemos fazer daquilo que mais amamos a nossa profissão. Fatores como talento, recursos e existência de um mercado para o que pretendemos fazer são partes importantes nessa operação.
Por outro lado, posso afirmar com convicção que “amo o que faço”. Minha carreira me coloca em contato com pessoas extraordinárias, oferece-me desafios diários e me obriga a tornar-me um ser humano melhor. Oferece-me aprendizado constante, reconhecimento pelo meu trabalho e, além disso, condições materiais para viver e dar suporte à minha família. É isso! Nem sempre será possível fazer, profissionalmente, aquilo que mais amamos, mas é importante encontrar um trabalho que amamos fazer.
Na busca de um sentido e propósito em nosso trabalho. “Esforço e coragem não são suficientes se não tivermos um senso de propósito e direção.”
John F. Kennedy
E você, esta trabalhando naquilo que te deixa realizado?