A recolocação é possível, mesmo em tempos de crise
Assunto difícil de tratar, mas é uma realidade que estamos vivendo na área jurídica e no mercado de trabalho em geral. Os escritórios e empresas estão promovendo cortes, muitas vezes de funcionários que ficaram por muitos anos, algumas vezes até como estratégia de sobrevivência do negócio. E esse artigo é escrito para essas pessoas.
Escolhi o tema porque eu sou uma pessoa que fica muito anos no mesmo escritório. Quem olhar meu perfil no LinkedIn vai notar que minha carreira jurídica se divide em dois grandes blocos (7 anos trabalhando com um advogado, querido amigo até hoje, e os recentes 15 anos no Bernardi & Schnapp). Também fiz outras coisas aqui e ali, mas costumo ficar anos no mesmo lugar.
E as controvérsias são muitas quando o assunto é o tempo em que uma pessoa permanece no mesmo trabalho. Meu pai lembra que, antigamente, o funcionário de muitos anos de casa, um dia ao se despedir, ganhava uma caneta tinteiro de ouro. Hoje, para algumas pessoas, a ideia é a que se ele, candidato, ficou muito tempo na mesma casa, é porque se acomodou, entrou na zona de conforto. E ninguém usa mais caneta tinteiro também.
Mas o professor Gilberto Guimarães, especialista em treinamento sobre gestão de mudança, desenvolvimento de talentos e liderança positiva, escreveu em artigo no jornal Valor há algum tempo e levantou o assunto a partir da mensagem de uma esposa de executivo de 36 anos, diretor financeiro em multinacional onde está desde os 14 anos quando começou como office-boy. Trabalhou por um ano na Alemanha e, naquela época, dirigia o escritório em um país latino-americano. Formado em Economia, fala inglês e espanhol e atualmente cursa MBA online. Há algum tempo ele tentava mudar de emprego, pois estava em busca de nova oportunidade, queria aprender algo diferente e adquirir mais conhecimento. Para isso, vinha mandando currículo e até passava por entrevistas. Só não teve um único retorno disso tudo até então.
A falta de feedback dos profissionais de RH é comum, muitas vezes até dificulta ao candidato perceber no que ele errou. Mas o fato de ter trabalhado muito tempo na mesma empresa não é empecilho para o articulista, opinião que compartilho. A evolução na carreira é o que conta. Muito tempo em uma mesma empresa com evolução de cargo e responsabilidade é, a seu ver, um ótimo sinal. As causas de falta de resposta do RH devem ser outras. Aparentemente a pessoa em questão estava fazendo uma boa carreira no lugar onde estava, então por que ele queria mudar? Um bom entrevistador percebe logo isso.
A maioria dos postulantes ao novo emprego pouco se preparam para este momento. O certo é verificar tudo sobre o entrevistador e também sobre a nova empresa. É bom ver, por exemplo, qual o faturamento, produtividade, sobrecarga e organização. E, por fim, saber que as pessoas são encaminhadas e contratadas desde que mostrem claramente que elas têm solução para os inúmeros problemas que a empresa pretendida tem e que, com a sua contratação, não mais as terá. Todos ganharão.
Em tempos de crise, tem muita gente no mercado e as entrevistas estão escassas. Mas nem por isso é motivo para desistir antes de tentar a recolocação. Se você ficou muito tempo no mesmo lugar, capriche no seu currículo e explique as múltiplas experiências. Faça uma versão customizada para aquela vaga que está buscando. Pesquise sobre a empresa, se prepare para a entrevista que provavelmente será feita on line em uma ou mais fases em razão do distanciamento social.
E como dica final, o Congresso de Coaching Jurídico da OAB/SP que está em andamento tem uma palestra específica da Livia Brito que orienta o preparo de cvs, além de outras excelentes palestras para falar de planejamento de carreira e construção de marca pessoal, estratégias que podem ser construídas de forma eficiente com o apoio de um coach. E finalmente, desejo de coração que você tenha muita sorte na entrevista!
Advogada - OMNI Conectado
4 aExatamente o meu caso ! Fui dispensada assim que começou essa pandemia e estou em busca desta recolocação neste momento delicado pelo qual estamos passando .