As redes sociais estão desandando a infância

As redes sociais estão desandando a infância

Tenho trabalhado com pesquisa há mais de 15 anos e nos últimos tempos tenho estudado e aprendido sobre pesquisa voltada para a usabilidade de mecanismos, que hoje em dia são em sua maioria digitais.

E no cenário digital me chama atenção a interação dos mais novos com os aparelhos, em muitos casos onipresentes na vista das crianças e adolescentes. Temos entre nós uma geração que com poucos meses já aprendeu a deslizar o dedo. 

Por vezes franzi a testa em desaprovação ao uso desenfreado de telas pelos mais novos, mas temia estar me tornando daqueles chatos que nos anos 90 vociferava os malefícios do video game. Mas um novo livro joga luz (e dados) nessa preocupação. 

O psicólogo e professor de ética da Universidade de Nova Iorque, Jonathan Haidt, afirma que a Gen Z não vai bem da cabeça, nada bem. E para isso apresenta números impressionantes. Seu livro lançado neste mês de março, The Anxious Generation: How the Great Rewiring of Childhood Is Causing an Epidemic of Mental Illness, assusta: o índice de depressão e ansiedade nos EUA, estáveis na década de 2000, subiram em mais de 50% em diversos estudos de 2010 a 2019. A taxa de suicíd1o aumentou 48% entre adolescentes de 10 a 19 anos. E em garotas esse crescimento foi de 131%! Os resultados escolares também estão em declínio e dados do Canadá, Reino Unido, Austrália e os países nórdicos apontam para o mesmo padrão.

O que o autor defende na obra, que foi para o topo dos bestsellers do New York Times, é que o desenvolvimento vem sendo minado por uma “infância baseada no telefone”, um cenário que interfere no desenvolvimento social e neurológico dos pequenos, que impacta desde a privação do sono até a fragmentação da atenção, vício, solidão, contágio social e comparação social. Os pais e responsáveis estão de mãos atadas, muito porque também estão com os olhos fincados na tela. 

Eu me pergunto quais são as responsabilidades que nós, profissionais da comunicação e de pesquisa, temos dentro desse contexto de clara epidemia e o que podemos fazer para tentar frear isso.

Fabio Ximenez

Brand Manager & Market Researcher

8 m

Para quem se interessou, a Folha de S.Paulo noticia hoje que a Companhia das Letras irá lançar o livro no Brasil, mas só em 2025.

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Matheus Franco

Business Development | Sales | Marketing | Retail Media | Ecommerce | Ads

8 m

Excelente reflexão. Difícil a dosagem, mas creio que a regulagem do tempo nos devices é uma pílula amarga que pais e filhos devem engolir, para o bem de todos. Parabéns pelo texto!

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