A reestruturação de uma empresa
A reestruturação de uma empresa é, por natureza, difícil por várias razões. Podemos agrupar os motivos em dois grandes grupos: dos sócios e da operação.
Dos sócios
-Objetivos e Prioridades Divergentes: Cada sócio pode ter objetivos pessoais diferentes para a empresa, como maximizar os lucros, expandir para novos mercados ou manter a estabilidade financeira. Alguns, talvez prefiram sair do negócio, enquanto outros preferem a continuidade. Essas prioridades podem levar a divergências sobre as estratégias a serem adotadas. Neste caso, surge o ponto da precificação do negócio. Esse alinhamento se torna prioritário, havendo casos em que se recorre a uma empresa externa para ajudar nesse processo.
-Tolerância ao Risco: Alguns sócios podem ser mais avessos ao risco, preferindo estratégias conservadoras que garantam a estabilidade financeira da empresa, enquanto outros podem estar dispostos a correr mais riscos em busca de oportunidades de crescimento mais agressivas.
-Background e Experiência: A formação e a experiência de cada sócio podem influenciar suas visões sobre o melhor curso de ação para a empresa. Por exemplo, um sócio com experiência no setor pode preferir investir na operação, enquanto outro com experiência em finanças pode enfatizar a importância do controle de gastos e melhor gestão do caixa.
-Visões Diferentes: Os sócios podem ter interpretações diferentes das tendências do mercado, das necessidades dos clientes e das oportunidades de crescimento. Essas divergências podem resultar em debates sobre as estratégias. Um sócio mais visionário e orientado para o crescimento pode entrar em conflito com um sócio mais pragmático e focado na eficiência em relação às decisões estratégicas.
-Visão de Longo Prazo vs. Curto Prazo: Enquanto alguns sócios podem estar focados em objetivos de curto prazo, como aumentar os lucros ou expandir rapidamente, outros podem ter uma visão mais voltada para o longo prazo, concentrando-se na construção de uma base sólida para o crescimento sustentável no futuro.
-Necessidades de aporte: Os acionistas que não acreditam mais no negócio podem preferir não aportar mais recursos para a empresa, enquanto outro grupo prefira a via do investimento.
Da Operação
-Falha na Identificação de Problemas: Às vezes, uma empresa pode tentar implementar uma reestruturação sem entender completamente os problemas subjacentes que levam à necessidade de mudança. Isso pode resultar em soluções superficiais que não resolvem os problemas fundamentais.
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-Problema de Liderança: Uma liderança fraca ou indecisa pode prejudicar a reestruturação. Se a atual equipe de gestão é a mesma desde que os problemas surgiram, fica difícil mudar o rumo já que pode ser parte do problema.
-Conflitos Internos: Se houver divisões ou rivalidades internas na empresa. Conflitos entre departamentos, equipes ou líderes podem atrapalhar o progresso. Nos momentos da crise, aparecem três visões diferentes: a do comercial, a do financeiro e a da operação. Como equilibrar isso? Precisa de um líder forte.
-Complexidade Organizacional: As empresas geralmente têm estruturas organizacionais complexas, com muitos departamentos, equipes e hierarquias. Mudar essas estruturas pode ser complicado e exigir muita coordenação. Uma vez mais, precisamos de um líder que tome risco.
-Resistência à Mudança: As pessoas muitas vezes resistem à mudança, especialmente se isso envolver alterações em seus cargos, responsabilidades ou rotinas de trabalho. Isso pode resultar em desafios para implementar novas estratégias ou processos. Se a reestruturação envolver mudanças na liderança ou na estrutura de cargos, é crucial ter um plano de sucessão robusto para garantir uma transição suave e contínua
-Custos Financeiros: A reestruturação muitas vezes requer investimentos significativos em termos de recursos financeiros, tempo e esforço. Isso pode incluir custos relacionados à demissão e contratação de funcionários, compra ou venda de ativos, terceirização ou internalização de atividades. Isso pode levar a soluções improvisadas ou atrasos no processo.
-Expectativas Irrealistas: Às vezes, as empresas têm expectativas irrealistas sobre o tempo, os custos ou os resultados esperados da reestruturação. Isso pode levar à frustração e desilusão se as metas não forem alcançadas conforme planejado.
-Cultura Organizacional Resistente: Se a cultura organizacional da empresa é especialmente resistente à mudança ou se há uma história de fracassos anteriores em iniciativas de mudança, isso pode criar barreiras adicionais para uma reestruturação bem-sucedida.
Luís Felício
Galeazzi & Associados
IDRIS Capital | PDC, Turnaround Strategy | Director @ Rio Bonito Participações
9 mOtima reflexão Luís. Porem, em uma empresa em crise, muitos destes pontos apontados nao podem prevalecer diante do momento de urgência. Dependendo do estagio da crise, tempo é o ativo mais escasso. A derrocada da companhia é eminente e nao podemos perder tempo com pontos secundários! #restructureordie