Reflexão sobre o modelo educacional brasileiro.
Há alguns dias acompanhando meu filho estudar para uma atividade na escola fiquei assustado com a quantidade de conteúdo, sem valor prático, ele tinha que assimilar. Eu me perguntei, por exemplo, qual a relevância de saber que “os equinodermos possuem um endoesqueleto calcário” tem na vida de um aluno do ensino fundamental. Isto me fez refletir sobre o modelo educacional brasileiro e sobre como nossas crianças estão sendo preparadas para se inserir em um mundo de mudanças cada vez mais rápidas e exponenciais.
O modelo educacional adotado na imensa maioria das escolas brasileiras foi criado no século XIX, fruto da revolução industrial e procura reproduzir o modelo adotado nas fábricas. Temos, como nas fábricas, o uso de uniformes, horários de entrada e saída fixos, com um apito ou sirene para comunicar os horários e todos os alunos, desenvolvem atividades repetitivas, tendo um gerente (o professor) como autoridade que comanda todo o processo e sem direito a questionamentos. E por falar em processo, assim como nas fábricas temos a entrada de matéria-prima (a quantidade cada vez maior de informações), o processamento (o aluno decorar as informações) e a saída do material acabado (as provas). O resultado final é um aluno com muita informação, mas na maioria das vezes sem ter desenvolvido habilidades como criatividade, trabalho em equipe, análise crítica e principalmente sem desenvolver as suas aptidões natas que são fundamentais para este novo mundo digital.
Precisamos rever urgentemente nossa forma de educar e focar na construção de indivíduos capazes serem agentes criadores do seu próprio futuro, capazes de lidar com a imensa quantidade de recursos tecnológicos, de acessar as miríades de informações disponíveis, de trabalhar em equipes multidisciplinares e de analisar criticamente a realidade e transforma-la para melhor.
É natural que, como pais, fiquemos orgulhosos quando nossos filhos tiram boas notas na escola e se destacam academicamente, afinal, nós também fomos formados neste modelo, mas precisamos mudar nosso mindset, precisamos desenvolver em nossas crianças suas potencialidades de maneira a que se tornem indivíduos únicos, preparados para as demandas que o futuro desenha. Observe seu filho, veja suas características particulares e o ajude a desenvolvê-las, para que ele nunca venha a ser “another brick in the wall”.
Independent Board Member. Conselheiro de Administração e Conselheiro Fiscal certificado experiente CCIe-IBGC (CCA+ CCF), pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Membro do ACI Institute Brasil/KPMG
4 aExcelente texto. Parabéns! Essa é a dura realidade do nosso desfocado ensino fundamental. Temos muito a avançar🤗