Reflexões de uma Quarentena Inquieta

por Clineu Vieira Dos Santos, head de negócios em gestão de resíduos, logística reversa, economia circular, nutrição vegetal, agro e meio ambiente. É também marido da Luciana e pai da Luiza e do Pedro Mariano.

Ultimamente estamos com bastante tempo, não por acaso. Neste momento de baixa humanidade ou imunidade, em que somos desafiados por um inimigo e forçados a reduzir nossas velocidades, cerceando movimentos e presenças, tenho me pego em reflexão, navegando entre o intelectual da mente e a inteligência do coração.

Muito ouvimos que o inimigo está mapeado, conhecemos seus números e curvas, sabemos suas taxas, que gosta do frio e dos velhinhos e que flerta com os mais fracos e até com os mais novos, ainda assim não sabemos a sua origem, não o vemos, onde está, como exatamente se articula, como se multiplica e a que horas chega.

Ainda não sabemos a dimensão dos impactos a que estamos submetidos na escala da saúde, da economia e no âmbito social, ainda que muitos pseudocientistas de plantão ousem qualificar o tamanho do buraco que nos metemos. As “teses” são modificadas com muita rapidez, tal qual o nosso inimigo vírus que já sabemos ganha nova versão e muda de roupa em diferentes organismos ou toda vez que cai nas redes sociais dando vida a novas teorias dos entendidos. É a incerteza dominante em tempos de saberes desnudos e outros tantos ocultos.

Mesmo neste cenário desconfio que a ficha começa a cair, fazendo as pessoas despertarem para o colapso do sistema que se avizinha, já há muito. Vejo pensadores, letrados, filósofos e pessoas comuns questionando a humanidade - “como chegamos até aqui???” - como se não fosse fácil perceber o tamanho do desamor que impera nas relações humanas criando um inevitável distanciamento social que por ironia do destino agora se faz tão necessário para avançarmos para próxima etapa.

O medo não deveria ser patrocinado. Na mesma medida deveríamos incentivar o reconhecimento de interdependência, a empatia, a amorosidade e compaixão a prevalecer entre todos os seres vivos, tornando o “Todos Um” o único caminho a ser seguido.

Algo intrigante e não menos surpreendente, por mais assimétrico que possa parecer (ou ocultar) em um momento de inflexão como este que atravessamos acontece com as pessoas que insistem em esquecer de serem felizes em cooperação e seguem perseguindo a razão em separação sobre o que outros fazem e dizem.

A dualidade é uma característica predominante do homem, a qual também desconfio mais atrapalha do que ajuda, ainda que a maioria dormente ignore e inconscientes nos revelemos vencedores ou perdedores, certos ou errados, brancos ou pretos, doces ou salgados, direita ou esquerda e assim seguimos persistindo em segregar em vez de unir em harmonia a lei de existência dos homens.

Fala-se em um momento de virada, de aprendizado, evolução e resignificância para o bicho homem, onde só o amor, a solidariedade e a união entre as pessoas é capaz de nos curar como espécie e nos alçar a novas frequências de sobrevivência e coexistência no planeta terra. Sou daqueles que acredito nesta fórmula. Nossa natureza é cooperativa, somos seres criadores e isso não depende de ninguém, mais do que de nós mesmos.

Talvez esse reflexão não sirva para muitos, talvez sirva para poucos, mas se servir para alguns já terá atingido seu objetivo. É uma reflexão pessoal, de dentro pra fora, ponto para iniciarmos um ganho de elevação de consciência em um momento planetário tão importante para nos trazer discernimento e sabedoria no uso do livre arbítrio e regeneração de cada um.

Fica uma provocação para reflexão: “está pandemia irá mudar nosso mindset ou seguiremos o mesmo curso que nos trouxe até aqui?”