In Moro and Guedes we trust

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Continuamos engolfados na crise, no escândalo, do site “The Intercept”, do jornalista Glenn e suas revelações, em diálogos “hackeados” entre personagens envolvidos na Lava-Jato.

Tudo muito lamentável, pois da mesma forma que este cidadão norte-americano entra num outro país e gera esta celeuma toda, um cidadão brasileiro pode ir para os EUA e “fabricar” escândalo correlato. Ou não? Claro que não. Se alguém entra nos EUA e faz o que este cidadão fez, na certa, acabará expulso, deportado.

Na “ilegal” escuta de vários diálogos entre Sergio Moro e Dellagnol, todos seletivos e devidamente selecionados, o mesmo pode ser dito. Vai que alguém, com interesses outros, resolve "contratar" um “hacker” para captar “ligações” de personagens da esquerda, como o ex-presidente Lula da Silva, José Dirceu, Antônio Palloci, Gleisi Hoffman, ou mesmo o mal fadado Adélio.

A impressão é que todos nós acabamos pagando um “alto preço” por ter tido este desfecho do PT no poder. Seu inconformismo continua a pairar. Para a maioria dos partidos de esquerda, mesmo com todos os tramites da Lava-Jato, houve golpe e o impeachment não legitimo.

Por isso, não conseguimos sair do impasse político e institucional nestes anos todos. Em verdade, isso se arrasta desde meados de 2014, quando das eleições naquele ano, elegendo Dilma Roussef. De lá para cá, não conseguimos viver uma semana que fosse em normalidade institucional.  

Em função disso, nestes anos, por variadas razões, poucos avanços foram possíveis na área econômica, na agenda de reformas. Como estas geram mudanças profundas nos regimes econômicos, os que perdem seus privilégios tendem a reagir. Achamos que a agenda de um governo deve passar, antes de tudo, pelo aprimoramento das instituições, avanços na economia, reformas estruturais necessárias, como a Tributária ou a Previdenciária, etc. Isso porque são estes desequilíbrios que urgem e afetam a vida de todos, e não de minorias.

Por isso, o país se tornou ingovernável nos últimos anos, já que como disse Paulo Guedes, o regime previdenciário no País é uma "fábrica de privilégios".

O PT nunca teve interesse em mexer nestes vespeiros. Na verdade, o PT tinha por objetivo manter este "status quo" das várias castas, em sua maioria, dos serviços públicos, ameaçados de perder seus benefícios. Em verdade, as distorções são abissais. Como vem sendo dito neste espaço, temos 30 milhões de brasileiros, no INSS, respondendo por um déficit previdenciário em torno de R$ 90 bilhões, montante semelhante para o regime dos servidores públicos, mas envolvendo apenas 1 milhão. Há algo muito errado nisso aí.

O governo Bolsonaro vem sendo objeto de críticas? Muitas, muito pela sua inábil capacidade de negociação. Mas surgem a indagação. Ele não governa sozinho. O que importa é seu entorno. Paulo Guedes na Economia, Sergio Moro na Justiça, Marcos Pontes na Ciência e Tecnologia, Tarcísio Delgado na Infraestrutura, todos excelentes quadros. Nossa cobrança sobre o governo Bolsonaro, portanto, é que ele "arrume a casa", normalize o convívio em sociedade, acabe com a “gritaria histérica” de alguns, que devem perder com a reforma da Previdência.

Concluindo. Há plena consciência de que o que Jair Bolsonaro terá que contrariar ainda muitos interesses. Claro que sua capacidade de negociação escassa contribui para as crises que surgem dia sim, dia não.

Por outro lado, não dá mais esperar. O Estado esgotou na sua capacidade de investir e oferecer bons serviços. Os déficits públicos crescentes, a dívida já acima de 80% do PIB e a “despoupança” são uma realidade. Dados do Tesouro indicam que os investimentos públicos são ínfimos, pertos de 0,4% do PIB. Na verdade, o que se tem é “desinvestimento”, dada a necessidade de ajuste da Petrobras, na venda de ativos, por exemplo, principal player do setor público neste front.

A agenda econômica do ministro Guedes seria então tentar “romper com esta não-agenda”.

O setor público, na sua capacidade de gestão, se encontra esgotado. Na verdade, só deve atuar na normalização e geração de condições para a plena capacidade de atuação do setor privado. Isso, aliás, é uma boa leitura para o mercado. O que se quer aqui é uma agenda que gere um choque favorável de expectativas entre os investidores privados, atraia recursos externos, gere renda e emprego. A agenda Guedes contempla tudo isso. Resta saber se ela conseguirá chegar a bom “termo”.

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