A reforma tributária e seu impacto no cenário econômico.

A reforma tributária e seu impacto no cenário econômico.

Muito se fala sobre a Reforma Tributária, mas como de fato isso afetará a vida do brasileiro, das empresas e da economia.

 O Senado aprovou em dois turnos, a proposta de emenda à Constituição da reforma tributária. A medida já havia passado pela Câmara, e como sofreu alterações, deve voltar para nova rodada de votação dos deputados.

Em regra, o texto prevê que todos os produtos e serviços terão um imposto federal unificado, Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, com uma base federal e outra de estados e municípios, sendo determinada a substituição de cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) por três, que seriam o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e Imposto Seletivo (IS).

A CBS e o IBS, irão tributar o consumo, incidem sobre o que foi agregado em cada etapa da produção de um bem ou serviço, excluindo valores pagos em etapas anteriores, sendo que o IVA já é adotado em mais de 170 países e a ideia é acabar com a incidência de tributação em cascata.

Importante frisar que o texto aprovado traz muitas inseguranças e poucas certezas, isto porque, muitos pontos dependem de regulamentação por meio de Lei Complementar, sendo assim, não há, em tese, garantias de que a simplificação tão almeja será alcançada e, claro, espera-se um aumento na carga tributária, especialmente para o setor de serviços.

O setor de serviços suportará uma carga de tributos maior, resultando, provavelmente, na redução de empregos justamente no setor que mais gerou vagas de trabalho formais neste ano.

Outro ponto de grande relevância, e aqui é um dos pontos que realmente eu fico mais temerário, é o fato de que ainda existem muitas incertezas acerca da alíquota do IVA, que está prevista pelo próprio Ministério da Fazenda em 27,5%, ficando assim a maior alíquota do mundo.

Por fim, haverá ainda um médio período de transição do atual modelo para o novo modelo implementado pela PEC, esse período compreenderá, inicialmente 7 anos e ocorrerá da seguinte maneira:

  • 2026 alíquota de 0,9% de CBS e de 0,1% do IBS, sendo tais valores compensáveis com o PIS/Cofins;
  • 2027 haverá a entrada plena da CBS, cobrança do IS, cobrança da nova CIDE para a ZFM, e extinção do PIS/Cofins e do IPI;
  • 2027 e 2028 redução da CBS em 0,1%, e cobrança do IBS com alíquota estadual de 0,05% e municipal de 0,05%.
  • 2029 a 2032: aumento proporcional do IBS e extinção proporcional do ICMS e do ISS;

Um ponto que gosto de chamar a atenção é que algumas disposições ainda podem ser alteradas, o fato de não termos, de forma clara e objetiva a definição da alíquota do IVA é de fato um ponto de atenção e entendo que isso não traz grande segurança aos contribuintes, que ficará no aguardo da definição dessa alíquota.

Vale lembrar que, quando se iniciou toda essa discussão acerca da alíquota do IVA, começamos com 25%, depois em entrevista da Ministra do Planejamento e Orçamento, realizada em 12 de julho de 2023, a perspectiva da alíquota estava entre 26% e 27% e agora, o Ministro da Economia já crava em 27,5%, que já coloca o Brasil como a maior alíquota do Mundo.

A impressão que fica é que a definição dessa alíquota possui como ponto de partida a necessidade de receita fiscal atrelada aos gastos públicos. Estamos presenciando um aumento considerável nos gastos públicos e com isso fica a dúvida, essa alíquota de fato acompanha o rombo fiscal?

Por fim, é importante considerar a necessidade de uma reforma tributária, isto porque ela poderá trazer uma melhor situação ao Brasil, existem pontos positivos que devem ser levados em consideração, mas é certo que os reflexos dessa reforma serão vistos, futuramente, no próprio desempenho econômico brasileiro.

Marcelo Cardoso

Gerente Comercial - TI na Next connection

1 a

Ter o maior alíquota  IVA do mundo alavancada principalmente por gastos públicos é desmotivante porque não há contrapartida aos setores produtivos e nem a sociedade ! Excelente matéria !  

Ótima reflexão. Como ficaria para quem está no Regime do Simples Nacional?

O que sobrará de tudo isso, será uma conta amarga para nós brasileiros pagarmos, ilusão acreditar que teríamos redução de carga tributária, num governo que antes de começar a governar aprova de guela abaixo um aumento no orçamento nunca visto na história deste país, com aval do congresso.

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