Relacionamentos profissionais em home office

O desafio de ser visto e lembrado durante o isolamento social

Completamos um ano de pandemia e isolamento social, quando passamos por transformações inimagináveis e maioria dos profissionais migrou para o sistema home office. A crise sanitária e econômica afetou as pessoas em diversas áreas, incluindo a saúde mental. Em nosso mercado de seguros, tão baseado no relacionamento, tivemos que reaprender a trabalhar de maneira mais independente.

Eu já havia sentido essa solidão profissional antes. Trabalho em home office desde 2014. No início, tive um sentimento forte de solidão e de estar fora do mercado de trabalho, que é o que muitos profissionais se queixam hoje enquanto não podem voltar aos escritórios – e muitas empresas nem pretendem voltar. Em 2019, montei estrutura física de escritório, onde fiquei por uns meses até analisar que era mais vantajoso antes, com colaboradores de forma remota e meu pet como colega de trabalho. A experiência foi válida para cumprir uma cobrança das pessoas que hoje é desmistificada – esses mesmos profissionais hoje desmobilizaram escritórios ao perceber que, até no pós-pandemia, o home office é uma realidade que, para alguns, pode representar economia, praticidade e qualidade de vida.

Mas, a diferença fundamental é que sempre participei de muitas reuniões e coberturas de eventos, o que fez com que rapidamente voltasse a me sentir inserida. As ferramentas online, que já existiam e não eram devidamente aproveitadas, têm sido essenciais para manter o contato com o mundo externo neste momento. O modelo deu tão certo que hoje vemos uma overdose de lives e encontros online de todo o tipo. Mas, ainda não é o mesmo. Estar juntos presencialmente garantia momentos de informalidade. Hoje, as reuniões são puro trabalho. Trabalhamos muito mais, descobrimos que o home office não é apenas poder trabalhar no conforto de casa, mas morar no trabalho.

 A informalidade de um happy hour ou uma pausa na empresa para tomar um café abre a cabeça para novas ideias e traz grandes oportunidades de negócios. Falando da atuação das mulheres, no mercado de seguros em particular, como o relacionamento interpessoal é ponto chave, a empatia com as pessoas, ter bons relacionamentos e conseguir mantê-los, fortalecendo-os ao longo do tempo, são diferenciais muito positivos, que geralmente fazem parte das características femininas.

Hoje, se tornou mais desafiador ter e manter uma boa rede de contatos, o conhecido networking, essencial para qualquer profissional. Quem não é visto não é lembrado. Por isso, o marketing digital e as ações de comunicação e de assessoria de imprensa ganharam relevância neste segmento. E eu, de forma privilegiada neste período, tive aumento de demanda de trabalho.

 O home office tende a ser mais pesado para as mulheres, com suas duplas jornadas, mas a super imersão nesse modelo pode quebrar isso também. As profissionais mulheres e mães sempre se sentiam eternas 'devedoras', sempre se achando insuficientes, devendo algo, em geral tempo para a família, filhos, marido. No pós-pandemia, pode ser mais fácil retornar da licença maternidade e retomar seu espaço na empresa. Os homens podem assumir cada vez mais importância na criação dos filhos. A nova marca "Sou Segura", da Associação das Mulheres do Mercado de Seguros, reflete bem esta fase de reposicionamento feminino.

A pandemia teve um momento inicial no qual parecia que o ser humano havia retornado para a caverna. Com todos os estabelecimentos fechados, muitas mulheres deixaram de se cuidar, cortar e pintar os cabelos... Isolamo-nos de verdade, como eremitas. Mas precisamos cuidar de nossa imagem profissional e estar bem apresentadas, mesmo que seja ainda apenas em lives.

 Para que a mulher possa se posicionar em condições de igualdade com os homens neste mercado, é essencial que mantenha a política da troca de informações, de conhecimento, para que todos saiam ganhando. Poder se posicionar como alguém de mercado que sabe o que está falando e ao mesmo tempo chega disponível para ouvir o colega e aprender. E é dessa forma que impõe respeito, como ser humano e como mulher.

Nosso mercado, que tem o relacionamento como sua base, da noite para o dia perdeu o calor humano comum em seus eventos e palestras. O grande desafio é nos mantermos ativos para esquentar a frieza da tecnologia e continuarmos sendo vistos para sermos lembrados. Com comunicação, podemos nos ajudar!