Relatório Econômico Semanal: 08.10.24

Relatório Econômico Semanal: 08.10.24

RETROSPECTIVA

Na semana passada, encerramos setembro e começamos o quarto trimestre de 2024 com uma série de notícias impactantes, tanto positivas quanto preocupantes. No Oriente Médio, o conflito escalou dramaticamente, com o Irã lançando mais de 200 bombas em Israel, levando o país a ameaçar retaliação. Esse fato gerou uma onda de apreensão nos mercados financeiros e impulsionou o preço do petróleo, que já estava em alta. Especialistas alertam que um possível ataque a instalações petrolíferas no Irã poderia fazer o preço do barril ultrapassar os 100 USD, considerando que atualmente está em torno de 80 USD. Essa alta é benéfica para a Petrobras, que pode ver seus lucros aumentarem, mas gera preocupações sobre a inflação no Brasil.

No Brasil, a agência de classificação de riscos Moody's surpreendeu o mercado ao elevar a nota de risco brasileira, aproximando o país do grau de investimento. Essa mudança é especialmente relevante, pois pode atrair mais investimentos estrangeiros. A Moody's destacou o crescimento do PIB, as reformas fiscais e a independência do Banco Central, como fatores que contribuíram para essa melhora. Contudo, o ceticismo persiste em relação à situação fiscal do Brasil, que enfrenta um déficit crescente e dificuldades para aumentar a arrecadação.

O Ibovespa registrou uma leve queda de 0,5%, fechando a 131.920 pontos, enquanto o dólar subiu, encerrando a semana a 5,46 BRL. Em um panorama global, a bolsa da China teve um crescimento impressionante, alcançando sua maior alta em 16 anos, impulsionada por declarações do primeiro-ministro, que afirmou não ser o momento adequado para aumentar as taxas de juros. Essa mudança gerou um otimismo significativo entre os investidores, refletindo a esperança de uma estabilização econômica no país.

Além disso, a CVM anunciou uma nova regulamentação que ampliará a capacidade de investimento dos FIAGRO, permitindo sua participação no mercado de carbono. Os FIAGRO são fundos voltados para o agronegócio e essa nova possibilidade pode trazer mais recursos para o setor, aumentando sua relevância no mercado financeiro.


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PERSPECTIVA

À medida que outubro avança, a agenda econômica se torna crucial. Teremos a divulgação de indicadores importantes, como o IPCA de setembro, que pode influenciar a próxima decisão sobre a alta de juros no Brasil. Além disso, dados de inflação, atividade do varejo e serviços também estão previstos. Nos Estados Unidos, os dados sobre a inflação ao consumidor e ao produtor, assim como a ata da última reunião do FOMC, estarão no radar. O cenário econômico global e local exige atenção cuidadosa, especialmente diante das tensões geopolíticas e das mudanças nas políticas monetárias.

Com a recente abertura da curva de juros e com as incertezas marcando o cenário externo, recomendamos reduzir a duration da carteira. Tudo isso provocou uma grande volatilidade nos IMAs, principalmente na ponta mais longa. Por isso, recomendamos reduzir gradualmente a exposição em Fundos IMA-B 5+, que tem em sua carteira NTN-Bs com prazos acima de 5 anos e podem sofrer mais com essa recente volatilidade. Ainda no Longo Prazo, recomendamos manter em 10% em fundos deste segmento, de preferência diversificar entre IMA-B e IMA-Geral.

Adicionalmente, mantivemos nossa recomendação para 10% dos investimentos em fundos de Gestão Duration, aproveitando a estratégia de gestão ativa oferecida por esse segmento. Com o ciclo de queda da Selic, fundos de renda fixa passivos terão mais dificuldades de obterem rentabilidade superior a meta de rentabilidade do RPPS, por isso, os fundos de gestão ativa podem apresentar alternativas atrativas para isso. 

Para um horizonte de médio prazo, mantivemos nossa recomendação para 10% dos investimentos para fundos deste segmento. É importante diversificar dentro do índice, tendo uma exposição índices pós-fixados, como o IDKA IPCA 2A e o IMA-B 5, atrelados a inflação. Além disso, neste cenário de queda na taxa de juros, é aconselhável uma entrada gradativa no IRF-M e no IRF-M 1+, que são índices pré-fixados, sendo importante agir com cautela devido à volatilidade desse indicador. Uma estratégia gradual permitirá aproveitar possíveis oportunidades e minimizar riscos em um ambiente de juros em declínio.

Quanto à exposição de curto prazo, sugerimos aumentar a exposição neste segmento, principalmente fundos CDI. Com as recentes alterações no cenário econômico, recomentamos uma exposição de 15% neste segmento. A Selic terminal para 2024 é prevista para 10%, mantendo uma taxa de investimentos atrativa para o RPPS.

Para diversificar a carteira, é aconselhável adquirir também títulos privados, principalmente as letras financeiras, até atingir uma alocação de 15%. As letras financeiras oferecem taxas que superam, em sua maioria, as metas atuariais dos RPPS e com prazos de até 10 anos, oferecem alternativas atrativas para diversificação de carteira. Além disso, o congelamento do prêmio, como muitas vezes é feito com taxas prefixadas e atreladas a inflação dentro das LFs, é recomendado em ciclos de queda de juros.

Após a inflação mostrar ser mais resiliente quanto o esperado, o Fed mudou sua comunicação, mostrando ressalva em cortar os juros mais cedo. A expectativa do mercado, que já foi de até sete cortes no ano, agora é de 1 a 2 cortes, com o primeiro deles em setembro. Além disso, a nova resolução de fundos de investimentos, CVM 175, trouxe novas regras para fundos no exterior que ainda não foram adaptadas pela Resolução 4.96321. Por isso, recomendamos cautela para fundos de investimento no exterior, tanto em Renda Fixa como fundos de ações ou multimercado exterior.

Quanto aos fundos de ações relacionados à economia doméstica, mantemos nossa recomendação de 20% de exposição. Por mais que a bolsa de valores tenha mostrado certa volatilidade neste ano de 2024, a expectativa ainda é de alta para os próximos meses, na medida que as principais economias do mundo devem começar o processo de queda de juros, aumentando a demanda por ativos de risco. Sugere-se entrar no mercado de forma gradual, aproveitando oportunidades na bolsa de valores para construir um preço médio mais favorável.

Em relação aos Fundos Multimercado e Fundos de Investimento Imobiliários (FII), recomendamos manter a exposição em 5%. O setor imobiliário é um setor que se beneficia da queda dos juros pois são muito dependentes de financiamento.

Diversificar a carteira de investimentos com essas opções pode ser uma abordagem equilibrada para os RPPS, permitindo obter retornos e ter proteção contra cenários adversos, sempre alinhados com as metas de rentabilidade estabelecidas. Para investidores que enxergam oportunidades de adquirir ativos a preços mais baixos, é importante estar respaldado para a tomada de decisão. Atenciosamente,


  


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