Relatório Econômico Semanal: 11.11.2024

Relatório Econômico Semanal: 11.11.2024

RETROSPECTIVA

Com uma margem de vantagem bastante acima do preciso para levar a vitória, o candidato republicano Donald Trump foi o vencedor das eleições presidenciais americanas de 2024 contra a rival Kamala Harris, do partido democrata.

Nos aspectos econômicos, o candidato eleito Trump aponta que trará grandes transformações econômicas para a economia americana, e que tomará ações para alterar a relação econômica com a China, o que pode trazer impactos relativamente positivos para o Brasil.

Na decisão de política monetária do FED, a decisão unanime de cortar 0,25% já era esperada pelo mercado. Atualmente, a taxa básica de juros encontra-se entre 4,5% e 4,75%. No comunicado e entrevista pós decisão, foi reforçado que as decisões futuras dependerão do progresso dos dados econômicos, principalmente a inflação e o mercado de trabalho. Se o mercado de trabalho se deteriorar, o FED se mostra pronto para agir, porém caso ocorra um movimento de reaceleração dos preços, um ajuste de postura do FED também é considerado. A redução do ritmo de corte para 0,25% é justificada pela ausência de pressa de cortar os juros dado que a atividade econômica americana segue resiliente.

Na visão do corpo econômico da Crédito e Mercado, a maior cautela do comunicado pós reunião ecoa a incerteza sobre a taxa terminal a ser alcançada uma vez que as medidas econômicas a serem adotadas pelo próximo presidente ainda possuem incerteza no tocante aos impactos gerados sob os preços.

Já no Brasil, na penúltima reunião do ano, o COPOM decidiu unanimemente pela elevação em 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic, que se encontra nesse momento no patamar de 11,25% ao ano. O comunicado pós reunião enfatizou a preocupação com o cenário externo mais desafiador e incerto, e a atividade doméstica que se encontra demasiadamente estimulada e com fatores de risco em estados alarmantes quando o prêmio de risco exigido por conta do risco fiscal permanece elevado, o que por sua vez também impacta a taxa de câmbio e os outros fatores econômicos.

Ainda no Brasil, o IPCA, que mede a inflação ao consumidor, no mês de outubro fechou em 0,56% de alta, acima das projeções de 0,53% para o período. A alta foi puxada principalmente pelo preço da energia elétrica que subiu quase 5% no mês. O grupo de Habitação, em que o preço da energia elétrica está incluso, foi o que mais pesou no balanço do cálculo do IPCA, seguido pelo grupo de Alimentação, que também teve forte alta por conta do aumento da carne, que subiu 5,81%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o IPCA ultrapassou o teto da meta, que é de 1,5 ponto percentual acima dos 3%, ao atingir 4,76% no mês de outubro. Em 2024 o índice acumula 3,88%.

Na Ásia, a inflação ao consumidor medido pelo CPI do mês de outubro veio um pouco abaixo das expectativas, em 0,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. As expectativas eram de 0,4%.


Fonte: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus


PERSPECTIVAS

Na agenda econômica doméstica mais curta por conta do feriado na sexta feira, contaremos com a divulgação da Ata do Copom da reunião do mês de outubro na terça feira e com a prévia do PIB mensurado pelo índice IBC-Br.

No exterior, teremos a divulgação dos índices de inflação ao consumidor da economia americana referente ao mês de outubro na quarta feira, além do aguardado discurso do presidente do FED, Jerome Powell, e os dados de pedidos iniciais por seguro desemprego, na quinta feira.

Já na Europa, a principal divulgação será referente ao PIB do terceiro trimestre na quinta feira.

Com a recente abertura da curva de juros e com as incertezas marcando o cenário externo, recomendamos reduzir a duration da carteira. Tudo isso provocou uma grande volatilidade nos IMAs, principalmente na ponta mais longa. Por isso, recomendamos reduzir gradualmente a exposição em Fundos IMA-B 5+, que tem em sua carteira NTN-Bs com prazos acima de 5 anos e podem sofrer mais com essa recente volatilidade. Ainda no Longo Prazo, recomendamos manter em 10% em fundos deste segmento, de preferência diversificar entre IMA-B e IMA-Geral.

Adicionalmente, mantivemos nossa recomendação para 10% dos investimentos em fundos de Gestão Duration, aproveitando a estratégia de gestão ativa oferecida por esse segmento. Com o ciclo de queda da Selic, fundos de renda fixa passivos terão mais dificuldades de obterem rentabilidade superior a meta de rentabilidade do RPPS, por isso, os fundos de gestão ativa podem apresentar alternativas atrativas para isso. 

Para um horizonte de médio prazo, mantivemos nossa recomendação para 10% dos investimentos para fundos deste segmento. É importante diversificar dentro do índice, tendo uma exposição índices pós-fixados, como o IDKA IPCA 2A e o IMA-B 5, atrelados a inflação. Além disso, neste cenário de queda na taxa de juros, é aconselhável uma entrada gradativa no IRF-M e no IRF-M 1+, que são índices pré-fixados, sendo importante agir com cautela devido à volatilidade desse indicador. Uma estratégia gradual permitirá aproveitar possíveis oportunidades e minimizar riscos em um ambiente de juros em declínio.

Quanto à exposição de curto prazo, sugerimos aumentar a exposição neste segmento, principalmente fundos CDI. Com as recentes alterações no cenário econômio, recomentamos uma exposição de 15% neste segmento. A Selic terminal para 2024 é prevista para 10%, mantendo uma taxa de investimentos atrativa para o RPPS.

Para diversificar a carteira, é aconselhável adquirir também títulos privados, principalmente as letras financeiras, até atingir uma alocação de 15%. As letras financeiras oferecem taxas que superam, em sua maioria, as metas atuariais dos RPPS e com prazos de até 10 anos, oferecem alternativas atrativas para diversificação de carteira. Além disso, o congelamento do prêmio, como muitas vezes é feito com taxas prefixadas e atreladas a inflação dentro das LFs, é recomendado em ciclos de queda de juros.

Após a inflação mostrar ser mais resiliente quanto o esperado, o Fed mudou sua comunicação, mostrando ressalva em cortar os juros mais cedo. A expectativa do mercado, que já foi de até sete cortes no ano, agora é de 1 a 2 cortes, com o primeiro deles em setembro. Além disso, a nova resolução de fundos de investimentos, CVM 175, trouxe novas regras para fundos no exterior que ainda não foram adaptadas pela Resolução 4.96321. Por isso, recomendamos cautela para fundos de investimento no exterior, tanto em Renda Fixa como fundos de ações ou multimercado exterior.

Quanto aos fundos de ações relacionados à economia doméstica, mantemos nossa recomendação de 20% de exposição. Por mais que a bolsa de valores tenha mostrado certa volatilidade neste ano de 2024, a expectativa ainda é de alta para os próximos meses, na medida que as principais economias do mundo devem começar o processo de queda de juros, aumentando a demanda por ativos de risco. Sugere-se entrar no mercado de forma gradual, aproveitando oportunidades na bolsa de valores para construir um preço médio mais favorável.

Em relação aos Fundos Multimercado e Fundos de Investimento Imobiliários (FII), recomendamos manter a exposição em 5%. O setor imobiliário é um setor que se beneficia da queda dos juros pois são muito dependentes de financiamento.

Diversificar a carteira de investimentos com essas opções pode ser uma abordagem equilibrada para os RPPS, permitindo obter retornos e ter proteção contra cenários adversos, sempre alinhados com as metas de rentabilidade estabelecidas. Para investidores que enxergam oportunidades de adquirir ativos a preços mais baixos, é importante estar respaldado para a tomada de decisão.

Atenciosamente,



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