Remote Design Thinking, é possível?

Moritz Gekeler, define que <design thiking> “it’s not a workshop and it’s not a process, but it’s more this mindset or this culture of working together.”

Ou seja, a reposta é SIM! Estabelecer o mindset para o design thinking online é complexo, porém possível! Assim como em times de alta performance, o primeiro passo para qualquer trabalho remoto é estabelecer a CONFIANÇA para que o trabalho em equipe aconteça efetivamente.

Como facilitadora, busco encontrar uma forma para que as pessoas se aproximem umas das outras, e preciso ter habilidade para fazer com que os participantes se relacionem uns com os outros. Minha facilitação deve ser inclusiva, para que todas as contribuições individuais sejam registradas e todos se sintam engajados para continuar participando.

Em tempos da pandemia do corona vírus, é interessante observar que a empatia entre os participantes torna-se maior na medida em que elas estão conectadas pelo seus espaços PESSOAIS - eles passam a um entendimento mais profundo de seus colegas de trabalho ao verem suas casas, seus filhos, os seus ambientes mais íntimos. Isso é um fundamento muito poderoso para que a confiança seja estabelecida, uma vez que a mentalidade muda quanto entendemos uns aos outros como seres humanos, com emoções, anseios e dificuldades individuais.

Como facilitadora, o aspecto relacional é extremamente importante - ou seja, é necessário sentir a energia do grupo para que o flow do trabalho seja estabelecido. Assim, um desafio ao conduzir o Sprint remotamente é a ausência da linguagem corporal ou outros indicadores que normalmente utilizo para avaliar o nível de energia e engajamento dos participantes. Ao trabalhar com todas as câmeras abertas, amplio minha sensibilidade e a conexão entre os participantes também se fortalece.

Assim como em um Design Sprint físico, no ambiente virtual, o trabalho deve ser elaborado pensando na EXPERIÊNCIA. Ou seja, preciso investir muito na preparação prévia para pensar nas adaptações necessárias: o que ganhamos ao fazer remotamente? o que perdemos? o que será amplificado nesta experiência?

Existem pesquisas que tanto o design thinking quanto o trabalho remoto possuem algumas características em comum, por natureza, tais como: ambos obtém melhores resultados quando os times são multidisciplinares, ambos necessitam de visualização para haver compartilhamento do conhecimento coletivo, ambos podem aumentar a motivação e colaboração de times e ambos desafiam o status quo em diferentes tipos de negócios.

Desta forma, o uso de ferramentas para brainstorm e compartilhamento do conhecimento coletivo (como por exemplo Mural, Miro) bem como documentos compartilhados no Google Drive são recursos importantes, principalmente para aqueles participantes mais visuais.

Estar verdadeiramente PRESENTE em trabalhos remotos também é um enorme desafio, uma vez que os participantes são tentados a multitask: são muitos os estímulos e distrações. Assim como na prática offline, exercícios de mindfulness e meditação no início do workshop auxiliam no foco e concentração de energia para o Sprint. Isso é um ritual efetivo, assim como os CHECK INs e CHECK OUTs.

Finalmente, tanto em workshops offline quanto em ambientes remotos, o sentimento de estar um pouco perdido e uma certa frustração por parte dos participantes é bastante comum, principalmente na etapa de divergência, quando os diferentes ângulos do problema estão sendo explorados e reenquadrados. Como facilitadora, meu trabalho é fazer muitas perguntas, estimulando os participantes a pensarem, refletirem e participarem ativamente. Em geral, esses períodos de confusão são finalmente percebidos como necessários, como parte do processo de entendimento do problema e definição do foco e objetivos para a etapa de ideação e o restante do Design Sprint.

Mais do que nunca, vivemos na era da inovação - e a aplicação do Design Thinking para construção de organizações e times ágeis, que possam se adaptar às complexidades, incertezas, volatilidades e rupturas torna-se ainda mais essencial!