Renan Basso: "Com ajuda da IA vamos tomar melhores decisões"

Renan Basso: "Com ajuda da IA vamos tomar melhores decisões"

Ele não se considera um super nerd, mas quando adolescente gostava de games, fez curso para montar e desmontar computadores e era leitor contumaz de revistas de computação.

Se formou em Engenharia Elétrica e começou a carreira como executivo de TI, mas ao perceber que estava começando a concorrer com a empresa na qual trabalhava decidiu se associar a outro programador para criarem o próprio negócio.

Nosso entrevistado de hoje em People2Biz - Pessoas e Negócios é Renan Basso , co-fundador da MB Labs , consultoria de software que vem crescendo exponencialmente com clientes como iFood, C&A, UOL, Localiza, O Boticário, Ambev e Vivo.

Conversamos sobre os desafios do empreendedorismo, as maiores transformações que acompanhou no mercado de tecnologia nos últimos 15 anos e as previsões para as próximas décadas. 

Entusiasta da Inteligência Artificial, comentou sobre seu impacto: "Com ajuda da IA vamos tomar melhores decisões e mais rapidamente".

Assista a entrevista no canal da People2Biz:

Ouça a entrevista no canal da People2Biz:

Confira agora os principais trechos da entrevista:

LCA -  Você se formou em Engenharia da Computação e durante os cinco primeiros anos de carreira trabalhou como Engenheiro de Software até decidir fazer uma transição para empreender e fundar a MB Labs. Por que você decidiu sair dessa posição de executivo para criar seu próprio negócio?

REB - O empreendedorismo para mim é familiar. Desde meus avós e meus pais, que tinham comércio, via no dia-a-dia essa história acontecendo. Antes mesmo de entrar na faculdade, já tinha o desejo de ter meu próprio negócio. Acredito que isso foi a chama inicial. 

Na área de tecnologia, o que me motivou a seguir com minhas próprias pernas foi estar inconformado com alguns processos e metodologias em que o corporativismo atuava. Era devagar demais e, no meu ponto de vista, não precisava ser daquela forma. Me incomodava demais, acreditava que conseguiria ter uma atuação ali como empreendedor, fazendo mais ou menos o que fazia como CLT, só que com a minha própria empresa. Acredito que isso foi o motivador.

Um fator muito importante é que o mundo tech está aquecido hoje, mas ele vem muito aquecido já há 12, 15 anos. Isso ajudou a dar mais coragem para eu e meu sócio investirmos com a MB Labs.

Um mercado superaquecido, em que vimos uma certa facilidade porque as empresas que atuavam no setor não estavam preparadas para atender todas as oportunidades que aconteciam. Então vários fatores foram se somando. Começou por aí, Luis.

LCA - Teve uma história de que vocês foram desligados da empresa e isso foi um catalisador do projeto da MB Labs. Foi a partir daí que vocês decidiram empreender ou eu estou mal informado?

REB - Mais ou menos. O que aconteceu? Até por questão ética, percebemos que estávamos fazendo o mesmo que na empresa na qual atuávamos em horários alternativos. Começamos como freelancers nos associando às agências de publicidade que eram um catalisador para nós, porque vendiam inovação para as empresas e quem executava essa inovação, muito no mundo dos aplicativos, eram os programadores. 

Nós nos associamos a muitas agências e o cliente final eram indústrias famosas. Muitas vezes quem vendia para elas era quem nos contratava, a empresa na qual eu tinha carteira assinada. Nos vimos competindo com nosso empregador e decidimos nos desligar.

Foi complicado, porque tínhamos uma carreira super promissora na empresa em que atuávamos, estávamos em uma rota de crescimento muito bacana, fazendo entregas de qualidade e com dedicação. Fosse como empreendedores ou CLT tínhamos o mesmo mindset. Somos work hard desde sempre. 

O maior motivador foi esse, de não querer criar esse conflito e fizemos um acordo para essa saída. Uma saída super traumática, não é fácil mudar, é quase virar do avesso, mas foi bom pra caramba.

LCA - Evidentemente que você trouxe na sua bagagem muito dessa experiência como executivo, como Engenheiro de Software dentro de uma empresa onde tinha que entregar muito. Como você disse, o work hard faz parte da natureza do empreendedor, toda essa bagagem que você construiu por lá, de certa forma, foi bastante importante para você começar o seu próprio negócio.

REB - Com certeza, inclusive metodologia, processos administrativos pelos quais diariamente éramos impactados e nos incomodava pela lentidão. Isso soma. Desde como escrever um e-mail. Parece simples, mas é muito importante. A vivência corporativa nos ajudou. Quando fomos empreender, já tínhamos uma super bagagem, lidávamos com conflito, reclamação de cliente, equipe e com chefe.  

Entrei como estagiário, passei por todas as fases e isso me preparou demais para ganharmos esse know-how de entender o que era bom e o que era ruim e criar uma estrutura 2.0 do que estávamos construindo. Super recomendo. 

Tem pessoas que começam no CLT e depois vão empreender e tem pessoas que começam a empreender e depois vão para o CLT e depois voltam a empreender. Não tem um caminho correto. Acredito que o caminho que percorremos ali foi super positivo porque saímos no momento certo e não investimos tanto tempo da nossa carreira buscando um cargo executivo. Saímos em um momento de um crescimento muito importante, mas ainda em cargo de analistas. 

Meu sócio era sênior e eu era encarado como pleno e com muitas responsabilidades. Fomos crescendo e querendo mais na empresa e agregando mais responsabilidades a ponto de tomar decisões super sensíveis de dia-a-dia de projeto e tecnologia e que, de repente, um diretor de tecnologia hoje nunca tomou. E isso nos cabia porque atuávamos em vários projetos ao mesmo tempo.

Isso deu uma super bagagem de casca, de pessoas, casca de processo, casca de qualidade de tecnologia, enfim, foi super bom.

LCA - De onde vem essa sua vocação para o mercado de tecnologia? Você foi um adolescente nerd, apaixonado por gadgets? Como é sua história com esse mercado?

REB - Nunca fui classificado como super nerd, mas sempre gostei de tecnologia e de videogame. Fiz curso de hardware para montar e desmontar computador. Na época em que estava no ensino médio, o mercado de tecnologia era indicado como o principal. Havia outras áreas como Biologia e Engenharia da Computação apontadas como promissoras.

Lia aquelas revistinhas porque gostava de mexer no computador. Nunca programei, nem fiz um curso técnico de computação; simplesmente gostava de fuçar. Na hora de tomar a decisão, prestei vestibular e passei em Direito, Administração e Engenharia Elétrica, que era um curso mais parecido com computação - 50% dos vestibulares que eu prestei foram para Engenharia da Computação mesmo. 

Computação era o que eu mais queria na época. Mas não sabia as matérias que tinha na computação, foi tudo um aprendizado. Por ser Engenharia, nos primeiros três anos são matérias de Engenharia, depois que fomos impactados com matérias de Ciência da Computação. Agradeço, porque a computação hoje ajuda a promover o empreendedorismo. 

Sempre falo com todo mundo: há 50 anos, para ser dono de negócio você tinha que abrir um estabelecimento, ser um comerciante ou ter uma indústria. Você tinha que colocar dinheiro, contratar pessoas, fazer marketing, abrir a porta. Enfim, era um risco muito grande. 

Hoje em dia, na área da tecnologia, se você tem a parte técnica, sabe programar e tem aspectos de produto e design, você pode ter estudado online, sem nenhum custo e só com sua mão de obra você consegue criar um aplicativo e fazer um sistema. 

Isso é uma disrupção muito grande no mercado, porque às vezes você consegue realmente ter sucesso no âmbito profissional, simplesmente com um computador e uma internet, programando com criatividade e força de vontade. Isso mudou muito. Acredito que essa é uma disrupção muito grande que o mercado teve. Agradeço muito por isso. Foi no acaso e não existe uma história romântica aqui. Fui aprendendo a gostar com o tempo. 

Eu sou muito resiliente e adoro desafios. As provas da área da computação acredito que são as piores. Às vezes você lê e fala “nossa, não entendi nada, não sei por onde começar”. Algoritmo é um negócio que não se aprende na escola, é tudo novo, mas fui me apaixonando e gostando de estudar cada vez mais. 

Chegou no último ano de faculdade tinha 60, 70 livros que já tinha debulhado, assinava revistas, e na época tinha revista ainda, fazia três, quatro assinaturas de revista ali pra ficar lendo e aprendendo. Era fissurado nisso. Mas foi super por acaso.

LCA - Não foi amor à primeira vista, mas foi uma paixão construída através do tempo.

REB - Com certeza é até hoje. 

Hoje não atuo mais diretamente na programação, mas gosto muito de algoritmo, de pensar em soluções. O algoritmo é como você resolve um problema na parte de tecnologia. Envolve um pouco matemática, sempre tive um viés mais para exatas e acredito que isso ajudou também um pouquinho.

LCA -  Você falou um pouco en passant, mas vamos detalhar um pouco mais: qual é o modelo de negócios da MB Labs? O que vocês entregam? Que dores vocês curam? 

REB - A MB é uma consultoria de software. Nascemos há dez anos para apoiar indústrias e grandes empresas e construir soluções sobre medida. O mercado hoje tem vários softwares prontos, SAP, Totvs, Salesforce, soluções de CRM e produtos de prateleira. 

Nós não construímos produtos de prateleira. Isso é uma outra empresa nossa. Indústrias como 3M têm de desenvolver soluções que não existem no mercado, às vezes um aplicativo, um sistema interno de RH. 

Não tem nada pronto e ela precisa automatizar. Tem duas formas de fazer isso: ou ela monta uma equipe de tecnologia, contrata programadores, designers, gerentes de projeto e constrói internamente ou terceriza com uma empresa como a MB Labs. Nós temos equipe e prestamos o serviço de construção desse software para o cliente.  

O termo que o mercado usa é solução tailor-made, sob medida, e nascemos para isso. Lá atrás nos associamos a agências de publicidade, mas entendemos que a demanda maior estava realmente nos grupos empresariais porque, além de entregar projetos mais desafiadores e maiores, havia recorrência. Depois de concluir o projeto havia a evolução.

Entendemos que o mercado de grandes empresas tem uma demanda contínua. Nós não precisávamos captar novos clientes a cada novo projeto para crescer a base. Fechamos com o cliente e mantemos um relacionamento de prazo mais longo. 

Fomos pivotando e aumentando nosso leque e hoje somos uma One Stop Shop. O que isso significa? Independente da área de tecnologia, conseguimos atuar. Seja um aplicativo Android, iOS e N tecnologias que permitem fazer híbrido ou nativo. Em plataformas web somos super especialistas. Em soluções de banco de dados, temos know-how para qualquer tipo de software que precise ser criado.

Também ficamos muito colados com a área de inovação das empresas, porque a gente, de fato, estuda e está muito com o radar no mercado para entender quais são as novidades. E levamos isso às empresas como produto ou soluções.

Ficamos navegando muito com a área de software das empresas, área de inovação, área de marketing, fazendo no final do dia sempre código-fonte e gestão de projeto. 

LCA - É um portfólio bastante completo. Você comentou sobre comemorar 10 anos da empresa ano que vem. Qual foi a evolução da empresa desde a sua fundação? A pandemia impulsionou o negócio? Qual é a expectativa de crescimento para os próximos anos? Que números você pode trazer sobre o negócio?

REB - No grupo MB somos cerca de 300 pessoas, a maioria na área de tecnologia. A pandemia foi realmente uma virada de chave total, porque tínhamos um desafio pelo fato de que a maioria dos clientes que solicitavam softwares tailor-made queria que os profissionais ficassem dentro das empresas. Iamos prestar serviço para a empresa X, ele não deixava fazermos do nosso escritório e queria que fizéssemos dentro do escritório dela, mesmo contratando esse serviço. Isso limitava um pouco, até a formação de equipe. 

Na pandemia e o fato de terem que trabalhar remoto virou essa chave. Começamos a receber pedidos de muitos clientes que antes não queriam trabalho remoto.

Basicamente dobramos no ano da pandemia e estamos dobrando quase todo ano o tamanho da MB desde então. Fomos muito impulsionados pela pandemia, pelo fator da inovação, todo mundo querendo digitalizar processos para evitar contato. E a mudança de atitude em relação ao trabalho remoto, que deixou de ser uma barreira para contratação. 

Tem um outro fator que é o mercado financeiro. Em meados de 2017, 2018, começou a ter um boom de fintechs muito impulsionado pelo Nubank. O Banco Central está inovando muito em dar liberdade para criação de novas instituições financeiras. Se olharmos 30 anos atrás, havia menos de 10 instituições financeiras grandes e hoje são mais de 300. 

Isso fez surgir um aumento gigantesco de oportunidades nesse setor. Isso aconteceu porque o Banco Central passou a flexibilizar a entrada dessas instituições e aumentou muito a demanda pela construção de bancos digitais. Num primeiro momento, tentamos vender software sob medida. Mas entendemos que aquilo era replicável. 

E criou-se uma nova empresa no grupo chamada Banqueiro. Ela vem com a tese nichada para o mercado financeiro. É um acelerador, um produto pré-pronto que nos permite criar um banco digital em 60 dias. No passado, isso levaria talvez mais de 12 meses. Como já existe a solução, nós só customizamos para a realidade de cada cliente. 

Hoje, mesmo para a MB Labs, que não nasceu para atender o mercado financeiro, 80% dos clientes são do setor financeiro ou um varejista construindo solução de banco digital. 

Então, as indústrias nos conhecem como empresa de software com muita expertise em mercado financeiro, em todos os aspectos - cartão, conta, empréstimo, onboarding, abertura… Temos um leque extenso de soluções e know-how. Foi isso que fez termos esse  crescimento acelerado nos últimos anos.

LCA - Bom, você falou do mercado financeiro. 80% da sua carteira vem do setor financeiro. Em quais outros setores a MB Labs também tem força e penetração? Que setores vêm demandando mais desenvolvimento de software? 

REB - As empresas que nos procuram querem uma empresa de alta performance, porque, lá atrás, apoiamos o iFood, nosso terceiro cliente, na construção da solução dos canais deles e nós, de fato, ajudamos porque tecnicamente falando sempre fomos muito bons. Nossa equipe é fora da curva quanto a aspectos de metodologia e código.

Como prestamos vários anos de serviços ao iFood, ficamos conhecidos, principalmente aqui na região de Campinas, como empresa de alta performance que atuava em soluções que precisavam performar.

Nós apoiamos a Truckpad, Play Kids, Chef Time, que é uma empresa que o Pão de Açúcar veio a adquirir, várias empresas que tinham centenas de milhares de usuários. Tivemos essa sorte de ajudar muito por esse legado, porque existem vários níveis de construção de software. Você pode fazer o mesmo software com uma determinada qualidade e pode levar algum tempo a mais para construir aquilo com qualidade muito superior. 

Nós nos especializamos em soluções de alta performance, tanto de aplicativo como de plataforma. Isso nos fez atender o mercado como um todo lá no início. 

Hoje, vemos fintech como top 1, varejo, educação e indústria. São os quatro setores em que atuamos. Ajudamos muito as indústrias 4.0 a se digitalizarem e criarem mais processos na linha de produção - indústria automotiva, por exemplo. É um setor bem importante pra gente. 

Na área de educação, as grandes universidades têm muita demanda por software. Desde LMS, aquele software de aulas online, que a pandemia impulsionou bastante. Prestamos serviço para dois dos principais grupos de educação do Brasil.

O varejo demanda muito principalmente em e-commerce e mobile commerce.  Nós também apoiamos a C&A, Vivara e várias empresas de grande porte também na questão do funil de venda do online, da experiência do usuário, todo o contexto que está em volta do software. 

LCA - Vamos falar um pouco da sua carreira atrelada às demandas do mercado de TI. Sabemos hoje que um dos grandes desafios de empresas como a de vocês é a contratação de profissionais em um mercado que exige o long life learning, é preciso o tempo todo acompanhar tendências, novos códigos de programação e plataformas.

Você, somando sua carreira corporativa com a empreendedora, vai completar, em 2025, 15 anos no mercado de TI. Quais foram as grandes transformações que você acompanhou ao longo dessa trajetória? Trabalhar hoje com o desenvolvimento de software vem se tornando mais fácil ou ainda é muito desafiador acompanhar todas essas evoluções e novas tendências? Quais são os grandes desafios para o profissional e as empresas que atuam nesse mercado?

REB - Dividiria a resposta em duas partes, uma excelente pergunta. Acredito que a transformação do mercado teve alguns aspectos que nos fizeram mudar o nosso comportamento como seres humanos no dia a dia. 

Primeiro, o smartphone. A gente não se dá conta do quanto a nossa forma de nos relacionar com as pessoas e viver era diferente antes. E não só do smartphone, mas do smartphone com 3G acessível, digo barato. Passamos a nos comunicar muito mais rápido e ficar sempre conectados.

O smartphone hoje é uma extensão nossa. Logo que acordamos já abrimos o celular para ver o que está acontecendo. 

Outro ponto são as redes sociais, um catalisador que impulsiona a informação com velocidade impressionante. Smartphone, 3G, rede social. Nesse tempo que estou aqui na Terra nunca vi algo mudar tanto a forma das pessoas viverem.

Depois vieram os aplicativos, os iFoods e Ubers da vida, que facilitam nosso dia a dia. Sem 3G e celular não teríamos as redes sociais. Elas só aconteceram por conta dessa informação na nossa mão todos os dias. Isso mudou nesses meus 15 anos. 

Na faculdade, lembro que o Facebook acabara de ser lançado e não entendemos para que servia, qual a aplicabilidade daquilo. O brasileiro gostava de ficar jogando joguinho no Facebook lá atrás. Não para ficar postando e acompanhando. 

Inicialmente era pra ver fotinhos de amigos e parentes. Se você tem um Instagram onde você segue pessoas que agregam valor, você aprende e evolui no Instagram. Acredito que houve uma disrupção muito grande.

E o que eu vejo no setor de tecnologia em si? Lá atrás, a régua era muito maior na Engenharia da Computação. Era muito complexo sair do curso. Tenho amigos que levaram dez anos para completar, o dobro do tempo. Era difícil mesmo. Os professores eram muito exigentes e a matéria complexa.

Hoje, ficou mais fácil. Com a demanda do mercado, apareceram muitos cursos, baixou a régua e hoje há muito mais pessoas sendo formadas na área da computação. E a maioria dos profissionais não têm o mesmo nível técnico que há 10 anos. Dá para comparar com a Engenharia Civil. Vemos engenheiros de computação mais antigos com um embasamento técnico muito mais profundo. 

Por que isso é importante? Porque não importa a linguagem de programação com a qual você vai atuar, tendo uma base sólida de conhecimento, você consegue aprender coisas novas e se aprofundar. Hoje, vemos um cenário diferente em que os profissionais mais jovens estão vendo só a solução final e o topo da pirâmide sem conhecimento da base do negócio. E qualquer mudança é complexa para que as pessoas absorvam e evoluam. 

Na minha opinião, esse é o cenário atual. Cada vez mais informação e ajuda, só que profissionais querem resultados e aprendizados rápidos, que acabam sendo mais rasos.

Um catalisador disso é a IA. Na faculdade, tive três disciplinas de IA. Já estudamos isso há muito tempo, só que a base teórica do negócio. Na nossa cabeça, sempre se tratou de resolver um problema muito específico ou um problema matemático, que um computador normal não consegue resolver por tempo de processamento sem você ter de usar outro método. A IA servia para isso. 

Agora o ChatGPT e outras soluções ao redor simplificaram o uso disso. Hoje, conseguimos utilizar IA sem precisar do embasamento teórico. A facilidade é um impulsionador. 

Na área de tecnologia, temos um programador “plugado”, não exatamente no ChatGPT, mas uma solução semelhante, que fica avaliando o código sendo escrito todos os dias, dando insights sobre o que melhorar. Isso ajuda a dar velocidade de programação.

Existe o problema de se criar o hábito de não resolver as coisas porque tem sempre um motor de IA te ajudando. Não sei até onde é positivo no âmbito do crescimento profissional, crescimento técnico. Do ponto de vista da construção de software é lindo, aumenta a produtividade em mais de 50% em alguns casos. 

No mundo de TI, acredito ser onde a IA está ajudando mais e impulsionando, onde há mais soluções sendo aplicadas diariamente. Fora a IA para o consumidor final dos videozinhos com memes, dancinhas… É muito legal esse consumo de IA. 

Esse foi o panorama dos 15 anos que presenciei no mundo técnico. Vem muita coisa por aí e cada vez mais rápido. Levou dez anos para o smartphone ficar acessível. O ChatGPT já estávamos usando três meses depois do lançamento. Hoje, a informação chega mais rápido, usamos e a coisa escala mais rápido. Isso é bem legal.

LCA - Ia perguntar em qual tecnologia você apostaria para os próximos 5, 10 anos. Acredito que você já respondeu que seria a IA, certo? Considerando essa evolução da IA, onde você imagina que a Mb Labs estará em 2035? Quais seus planos para os próximos 10 anos? Com a força de trabalho que você tem hoje, a forma como vocês operam o negócio, entregam, desenvolvem software e plataformas para as fintechs, os clientes de varejo, você acredita que haverá uma transformação muito profunda com o avanço da Inteligência Artificial? Vai ser um outro business? Ou não?

REB -  A IA ajuda a criar coisas mais rápido. Em todas as futuras soluções devemos ter um robô ao lado do programador revisando tudo que fazemos em termos de segurança, performance e tudo mais. Quase como um sênior ajudando esse programador a não cometer erros. A produtividade de IA é daqui pra sempre. 

No aspecto de negócio, cada vez mais deveremos conseguir utilizar soluções prontas de IA. Hoje já usamos o motor criado pelo próprio ChatGPT em sistemas.

Você vai construir soluções e vender isso pré-pronto para outra empresa usar e aplicar no negócio dela. Nos próximos cinco anos vai acontecer muito isso. Uma empresa do setor financeiro validando o modelo de crédito para saber o risco de score. É um setor em que a IA ajuda muito. Poderemos criar modelos matemáticos ainda mais realistas, em constante revisão. Enfim, uso para N aplicações. 

Então veremos muito uma empresa construir para outra utilizar para resolver um problema do próprio negócio. Isso é mais fácil de fazer pelo fato de estar tudo em caixinha. Dá pra usar de forma muito mais trivial. Acredito que a área de negócio e tecnologia vai evoluir cada vez mais rápido impulsionada pela IA.

E para nós, como CPF, consumidor final, há muito por vir. Os Nubanks da vida cada vez mais vão ajudar a economizar, a comprar, a tomar as melhores decisões. Não digo a Siri ou aquele robozinho que a gente pouco usa. Digo no dia a dia. A IA vai dar recomendações orientadas sob medida para você. 

A própria Apple, não sei se você viu, trouxe o ChatGPT para dentro do iOS. Isso, do ponto de vista de uso, pode ser muito legal. Nós estamos 50% do dia com o celular na mão e ela vai entender o seu comportamento e recomendar compras, leituras de documentos ou outros usos cotidianos. Isso nunca foi visto antes!

Acredito que estamos em um momento de virada em que teremos nosso assistente real para nos ajudar no desenvolvimento pessoal, profissional e financeiro, impulsionado pelo motor de inteligência artificial. Estamos em um super momento legal pra isso. Devem surgir N ideias sobre esse tema. 

Por que acredito que é bacana? Primeiro, a tecnologia nos ajuda a tomarmos as melhores decisões, ela tem um histórico de informação que é humanamente impossível salvar. A matemática e a computação ajudam nisso.

Nós, em tese, com informações mais precisas, tomaremos essa decisão mais rápido e sobra mais tempo pra gente curtir a família ou o que mais fizer sentido.

Muita coisa vem por aí e estou bem ansioso. E a MB, com certeza, vai contribuir na área de tecnologia. Vamos estar nesse mundo apoiando, pensando e criando soluções super inteligentes para esses setores.

LCA - Seja qual for o caminho que o mundo seguir, a MB Labs estará lá, com certeza.

REB - Com certeza.

Luis Claudio Allan, como sempre, excelente escolha de entrevistados e excelente entrevista! Renan Basso, estamos quebrando a cabeça, pensando em como a inteligência artificial pode beneficiar a vida das pessoas com deficiência! Você tem algum Insight sobre o tema? Muito obrigado!

Paulo Fernando Silvestre Jr.

Mestre e Doutorando em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, LinkedIn Top Voice e Creator, Consultor de customer experience, mídia, cultura, reputação e transformação digital, Professor, Jornalista

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Grande entrevista, meu caro Luis Claudio Allan! Um abraço.

Tatiana Trevisan

Linkedin TOP VOICE | Top 15 HR Influencer América Latina 2023 | LinkedIn Creator | Consultora de Carreira & Personal Branding | Executive & Career Mentor | Executiva de RH

4 m

Que bacana! 👏👏

Rodrigo Barnabé

Estrategista de Comunicação Empresarial e Relações Públicas • Fundador e Editor-executivo do Pronto Pra Viajar • +25 anos em RP de multinacionais • 14 anos sócio de agências • planejamento estratégico • media training

4 m

Bom ver a nova/velha necessidade de se tomar decisões rápidas e precisas em pauta.

Cristina Ferrari

Analista de Dados | Analista de Bi | SQL | Power Bi | Sistemas | Implantação | Suporte N2 | Atendimento N3 | LinkedIn

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Agradeço por compartilhar este ótimo artigo Luis Claudio Allan

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