(Re)nascer Profissional?

Para quem já teve um filho(a) sabe a alegria que é não só o nascimento, mas a preparação para a chegada do bebê. Sem dúvida isso muda a vida dos pais (não vamos romantizar, pois nem tudo são flores) mas o ponto que quero trazer é senso de propósito, você se dá conta que está para chegar um ser que dependerá 100% de você para viver e se desenvolver e isso abre oportunidade para repensar em várias coisas.

Muito bem, essa semana tivemos a chegada do Henri, nosso filho mais novo, lindo (pai babão, ok..) e a trajetória dele mudou minha vida pessoal, mas também a profissional.

Deixa eu te explicar...        

O processo de chegada do Henri foi super bem planejado, pré-natal como manda o figurino, obstetra, pediatra, enfermeira, hospital, babá, tudo organizado para termos o momento mais lindo e aproveitarmos a chegada dele com todo amor e segurança que merece. Muito bem, no último domingo (20) minha esposa começou a sentir as contrações e eu fiquei monitorando tudo que estava no “manual” do papai ali ao lado dela. Fazendo de uma história longa, curta, o que havíamos planejado não foi possível, quando a enfermeira fez o primeiro atendimento o bebê já estava em processo avançado de nascimento e ela virou para mim e disse “pai, não vai dar tempo de ir para o hospital, seu filho terá que nascer em casa e preciso da sua ajuda”.

Aquilo foi como uma injeção de sentimentos, medo obviamente pois não era nada do que havíamos planejado, mas também uma calma para pensar e executar tudo que precisa ser feito naquele momento. Henri nasceu bem, mamãe ficou bem e a partir dai é história feliz para contar para todos.

Tá, mas como isso me transformou profissionalmente?        

Antes que alguém pergunte, não resolvi largar tudo para fazer medicina. Podem ficar tranquilos 😊

Passados dois dias do parto, tomando café, me dei conta como tudo isso foi fundamental para eu ver como meu propósito de servir as pessoas, como eu me saio bem sob pressão e como foi especial ter a oportunidade de obter o “resultado” mais importante da minha vida através de um trabalho em equipe.

Tentei organizar meus pensamentos e colocar essas lições em fundamentos que eu possa utilizar na minha carreira daqui para frente. Divido agora com vocês:

1. Controle e Antecipação são fundamentais: Sempre haverá variáveis que não controlamos. Durante a gestação podíamos controlar as datas de consultas ao médico, evolução gestacional, equipe envolvida, mas o momento do nascimento sem intervenção foi algo natural, sem agenda prévia. Trazendo isso para mundo corporativo, especialmente em vendas, onde tem sido minha jornada nos últimos 20 anos, ao longo de um processo de negociação somos capazes de controlar emissão de proposta, data de reuniões, prazos de um contrato e uma série de outras variáveis, mas sempre haverá outra parte envolvida que precisa ser respeitada. Nesse caso antecipe todas as ações do seu lado, controle as variáveis que estão na sua mão e use seu tempo com a outra parte para garantir que vocês tem um plano mútuo factível, que agregue valor para as duas partes e que você realmente entendeu que isso é parte de um processo. Após o “nascimento”, ou aqui assinatura de um contrato, é que a jornada realmente começa!
2. Planejamento é importante mas o que irá definir seu resultado final são as ações que você colocará em prática: Quando estávamos decidindo sobre o parto do Henri, sabia que a decisão de não ir para o hospital naquele momento não era, nem de perto, o que havíamos planejado mas na hora tive que tomar a decisão e agir para garantir que meu filho e minha esposa ficassem bem. Pensando na vida profissional, já vi muita gente fazer seus planos e estratégias, colocar na gaveta e não tomar ações frente aos fatos que acontecem ao longo da jornada. Minha maior lição aqui é: Se tiver que escolher em planejar e agir, não escolha, faça os dois, mas tenha consciência e tranquilidade para revisar e aceitar pontos de vista diferente a qualquer tempo!
3. Tome riscos: Porém saiba avaliar os impactos que esse risco pode causar. Se for reversível e aceitável, vá! Escolha ser protagonista e dar ritmo as ações. Em vendas, muitas vezes ficamos “esperando” o cliente retornar, quando na verdade temos a visão de uma parte limitada do que está acontecendo. Pense em estratégias diferentes, arrisque-se a pensar em outras formas de solucionar as objeções. Você até pode terceirizar uma decisão (inclusive de carreira) mas jamais poderá terceirizar as consequências dela.
4. Por fim e definitivamente não menos importante, tenho um time em que você confia! Fechando minha história, em 7 minutos após o nascimento do meu filho estavam dentro da minha casa obstetra, pediatra, enfermeira e todo suporte necessário para aquele momento. Não foi como planejamos mas foi com as pessoas certas que escolhemos para passar aquele momento conosco. Em nossa vida profissional, muitas vezes nos escondemos e temos ao nosso lado pessoas que não agregam, que não são confiáveis num momento de crise ou mesmo que não compartilham do mesmo propósito que o seu. Se você que está lendo é líder, escolha seu time não apenas pelas competências técnicas ou resultado de curto prazo, mas pelo que cada um pode contribuir no longo prazo, especialmente nos momentos de dificuldade.

Escolhi compartilhar essa história tão especial com vocês pois, além de muito significado pessoal obviamente, ela me fez parar e pensar que posso melhorar ainda mais e certamente essa experiência estará presente comigo nas minhas próximas decisões.

E você, já teve um momento “divisor de águas” na vida ou na carreira? Comenta ai e compartilha comigo!