Renegociar dívidas nas condições impostas pelos credores é fácil. Difícil é renegociar nas condições necessárias ao devedor.

Nos últmos 2 anos surgiram muitos "especialistas em renegociação de dívidas". Normalmente são ex-executivos financeiros ou de bancos, que se dispõem a auxiliar as pequenas e médias empresas na renegociação das dívidas bancárias.

O resultado que temos visto nessas renegociações são basicamente: o alongamento das dividas entre 48 e 60 meses, com 6 a 12 meses de carência (com pagamento dos juros) e juros pré fixados na faixa de 1,50% ao mês ou pós fixados com CDI + 0,50% a 0,80% ao mes. E, em muitos casos, adicionando novas garantias, para se obter novas condições.

O primeiro grande erro dessas renegociações é o prefixar taxas, para períodos longos (5 anos). Imaginem que hoje 1,50% ao mês (equivalente a 19,56% ao ano) é um spread de quse 200% acima da taxa básica de juros. Mesmo nas taxas pós fixadas, a parte préfixada de 0,50% a 0,80% ao mês, a longo prazo se mostra insustentável. No caso das operações pós fixadas, os juros de 0,80% ao mês,a cima d CDI, representam também um spread de mais 150%. Isso nos juros praticados hoje!

Imaginem como o custo dessas operações será oneroso daqui a 2 ou 3 anos!!!

A especulação com taxas de juros futuras não é inerente à atividade empresarial não financeira. Portanto a grande precupação em contratos de longo prazo é que os juros, no futuro, fiquem sempre compatíveis com os praticados no mercado, até para que a as empresas não percam competitividade nesse quesito (juros).

Nas negociações realizadas aqui na HSA, não utilizamos taxas pré-fixadas e nas pós fixadas, os spreads vaira de 10% a 40%, dependendo do nível e qualidade das garantias, e também do risco do devedor.

Em relação aos prazos de alongamento das dívidas, essas condições não podem e não devem ser customizadas, pois cada empresa tem a sua capacidade de geração de caixa, tem as sazonalidades do fluxo de caixa, e as prioridades de regularização dos seus passivos.

Também, a renegociação de prazos deve ser feita com conservadorismo, na avaliação da capacidade de geração de caixa. Assim, se as dividas forem renegociadas em prazos longos, e a empresa conseguir antecipar seus pagamentos, por ter performado melhor do que o previsto, o mercado verá com bons olhos e a credibilidade será preservada ou mesmo recuperada. 

O inverso, ou seja, negociar em prazos curtos e juros altos, e depois não cumprir, pode ser fatal para o futuro da compahia.

Lembre sempre que o devedor jamais pode perder a sua soberania.




 

Lazar Halfon

Diretor HSA Soluções em Finanças S/A

7 a

Obrigado.

Excelente explicação e estratégia de negociação!

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