Repensando a Black Friday: Uma Análise Comparativa entre os EUA e o Brasil

Repensando a Black Friday: Uma Análise Comparativa entre os EUA e o Brasil

Os desdobramentos da Black Friday de 2023 deixaram varejistas e analistas em reflexão, não apenas nos Estados Unidos, mas também no Brasil. Enquanto os EUA experimentaram vendas online que bateram recordes e uma mudança significativa para as compras via dispositivos móveis, o Brasil enfrentou o segundo pior desempenho na história de sua Black Friday, - o levantamento da @Neotrust aponta um recuo de 14% no faturamento e 13,7% no número de pedidos do varejo entre a quinta-feira (23) e o meio-dia de sábado (25) - levantando questionamentos sobre o futuro desse fenômeno varejista no país. Além disso, os consumidores nos EUA gastaram um recorde de $9,8 bilhões online na Black Friday, de acordo com dados da Adobe Analytics. Isso representa um aumento de 7,5% em relação ao ano passado.

O que há em comum entre os dois cenários foi que os varejistas perceberam que os clientes em todo o espectro estão se tornando mais seletivos e criteriosos, o que inclui comprar mais próximo da necessidade. Em resposta à essa hesitação do consumidor, os varejistas parecem ter começado a promover suas ofertas de compras de fim de ano mais cedo do que o habitual, com muitas empresas importantes oferecendo suas promoções mais de um mês antes da Black Friday.

Black Friday nos EUA: Vencedores e Perdedores

Vencedores

1. Compras por Dispositivos Móveis e Online

Uma das tendências mais significativas nos EUA foi a supremacia das compras por dispositivos móveis. Pela primeira vez, espera-se que as compras por dispositivos móveis ultrapassem as compras por desktop, representando 51,2% de todo o gasto online. Experiências de compra aprimoradas em dispositivos móveis desempenharam um papel crucial, com os smartphones contribuindo com US$ 5,3 bilhões em vendas online apenas na Black Friday. Embora as pessoas pareçam gastar bastante em dispositivos móveis e online, as pessoas estão escolhendo opções de entrega mais baratas. Na Black Friday, cerca de 80% de todos os pedidos online usaram o envio padrão

2. Caçadores de Descontos

Consumidores, conhecidos por sua diligência em busca dos melhores negócios, desempenharam um papel vital no impulso das vendas. Os varejistas participaram de um "jogo de descontos", onde os consumidores esperavam pacientemente pelas melhores ofertas. A estratégia deu certo, com os consumidores fazendo suas compras durante o fim de semana da Black Friday, após os varejistas finalmente oferecerem ofertas mais atraentes.

Perdedor

1. Declínio nas Ofertas Relâmpago

O espetáculo tradicional da Black Friday, com ofertas relâmpago nas grandes lojas de manhã cedo, testemunhou uma diminuição na urgência. Consumidores, munidos de paciência e conveniência das compras online, não sentiram mais a necessidade de invadir lojas em busca de ofertas exclusivas. Essa mudança indica uma evolução no comportamento do consumidor.

Black Friday Brasileira: Desafios e Reflexões

Desafios

1. Alto Endividamento das Famílias

Executivos no Brasil atribuem o desempenho pouco animador da Black Friday aos persistentemente altos níveis de endividamento das famílias. Os desafios econômicos enfrentados pelas famílias levaram a um comportamento de gastos cauteloso, impactando o sucesso geral do evento.

2. Ofertas Menos Agressivas

Comparadas aos anos anteriores, as varejistas no Brasil são criticadas por não apresentarem ofertas agressivas e convincentes durante a Black Friday. A natureza contida de descontos e promoções contribuiu para a diminuição do entusiasmo dos consumidores.

Reflexões

1. Reavaliando a Black Friday no Brasil

Com dois anos consecutivos de retração nas vendas, a discussão sobre o futuro da Black Friday no Brasil torna-se pertinente. Varejistas e especialistas do setor precisam contemplar se o formato atual do evento está alinhado com as realidades econômicas e expectativas dos consumidores no país.

2. Medidas Potenciais para Melhoria

a. Marketing Estratégico: Varejistas podem investir em campanhas de marketing mais estratégicas e direcionadas para gerar entusiasmo e interesse antes da Black Friday.

b. Educação do Consumidor: Educar os consumidores sobre as economias potenciais e benefícios de participar da Black Friday poderia reacender o interesse e impulsionar os gastos.

c. Colaboração: Varejistas podem colaborar para criar uma experiência unificada e impactante na Black Friday, oferecendo negócios e promoções mutuamente benéficos.

d. Diversificação de Ofertas: Introduzir uma variedade mais ampla de produtos e serviços com descontos atrativos pode atrair um público mais amplo.

e. Transformação Digital: Abraçar plataformas digitais para promoções e vendas pode melhorar a acessibilidade e conveniência para os consumidores.

O Caminho a Seguir

A disparidade nos resultados da Black Friday entre os EUA e o Brasil destaca a necessidade de uma reavaliação cuidadosa da dinâmica do evento em cada país. Enquanto os EUA se adaptam à mudança para compras móveis e online, o Brasil enfrenta o desafio de alinhar a Black Friday com as realidades econômicas de sua população. O futuro da Black Friday no Brasil pode depender da capacidade dos varejistas e partes interessadas do setor de inovar, colaborar e se adaptar ao cenário em constante mudança do comportamento do consumidor e das condições econômicas.

 

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