O empoderamento de pessoas comuns.

O empoderamento de pessoas comuns.

As mídias sociais são o encontro de afinidades e de conhecimentos, uma confluência de interesses afins. A base dessas redes é o network e nele as pessoas definem o que acompanhar, quem seguir e o que compartilhar, criando uma legião de formadores de opinião extremamente segmentada e direcionada aos interesses do seu público. Aos poucos, e em silêncio, alguns blogueiros passaram a ter uma força impressionante sobre as opiniões de seus seguidores. Hoje suas recomendações, compartilhamentos, conselhos, alertas e dicas tem força maior, na geração clientes qualificados, do que muita campanha milionária de propaganda.

O poder desses formadores de opinião digitais ainda é caso de estudo mas o que se pode afirmar é que sua influência é maximizado pelo curioso efeito "filtro bolha". Para quem não conhece, esse efeito é causado pelos algoritmos (Sequência de comandos definidos e focados na ordem dos dados) presentes nas redes sociais que filtram informações que não sejam pertinentes com seu perfil de navegação e consequentemente compra. Eles podem se basear em variáveis como idade, busca, geolocalização, interação, visitação, reação, perfil de consumo entre outros dados que nos direcionam ao que nos motiva e interessa, ao que dispara os nossos gatilhos emocionais. O efeito negativo é que eles nos isolam do que não interessa, pasteurizando nossa opinião e nos afastando da real visão "do todo". Esses algoritmos dão mais força ainda ao que seguimos, compartilhamos e reforçam ainda mais o que já aceitamos. Isso explica um pouco o poder mágico destes geradores de conteúdo.

Você sabia que a IBM aumentou suas vendas em 400%, em apenas um trimestre, com um programa piloto de venda social?

O velho processo de indicação do "Vai lá e fala que fui eu que te indiquei" ou "Eu experimentei e gostei", na era digital foi traduzido para o conceito do "social-selling", ou seja, da venda social. E, como nas relações humanas o que muda são os canais, a recomendação deixou a antiga força da mídia aberta e astros da TV, emponderando pessoas comuns, como eu, você ou seu vizinho de 12 anos que tem um canal de games. O "social-selling" se tornou uma forma "discreta" de venda que se sustenta na necessidade do ser humano em seguir líderes. Nós precisamos ouvir recomendações antes de nos arriscarmos a tomar uma decisão. O efeito disso, nas midias sociais, é impressionante e elevou pessoas simples a verdadeiros astros digitais.

A venda social é um assunto sério e vem crescendo de forma exponencial junto à marcas importantes. Atualmente 67% dos consumidores baseiam suas decisões de compra em depoimentos de formadores de opinião digitais, sendo que 77% dos consumidores buscam por depoimentos de consumidores comuns. Em contrapartida 74% dos profissionais de venda e marketing não sabem como usar as mídias sociais à favor de suas empresas ou clientes. O que é impressionante já que as estratégias de vendas sociais geram de 40% à 50% mais leads qualificados do que estratégias convencionais e custam até 33% menos.

77% dos compradores baseiam sua decisão de compra em depoimentos da internet.

O movimento é forte e alguns blogueiros se tornaram pequenas empresas com faturamentos milionários. Segue uma lista dos geradores de conteúdo mais bem pagos do mundo:

  1. Michael Arrion (techcrunch) - + de US$700 mil/mês - Foco: Tecnologia
  2. Pete CashMore (mashable) - + de US$500 mil/mês - Foco: Tecnologia
  3. Perez Hilton - + de US$400 mil/mês - Foco: Ricos e famosos
  4. Timothy Sykes - + de US$190 mil/mês - Foco: Mercado financeiro
  5. Vitaly Friedman (smashingmag) - + de US$180 mil/mês - Foco: Web design
  6. Collis Ta´eed (tutsplus)- + de US$150 mil/mês - Foco: Tecnologia
  7. Gina Trapani (lifehacker)- + de US$ 120 mil/mês - Foco: Tecnologia
  8. Matt Marshall (venturebeat) - + de US$ 80 mil/mês - Foco: Tecnologia
  9. Richard MacManus (readwrite) - + de US$ 60 mil/mês - Foco: Tecnologia
  10. Ewdison Then (slashgear) - + de US$ 50 mil/mês - Foco: Tecnologia
O blog "The Blond Salad" fatura em torno de US$ 8 Milhões ao ano e mobiliza marcas como Tyffany&co, Chanel e Louis Vuitton.

Para vendas sociais, o maior conglomerado de Blogs do Brasil possui uma tabela que flutua de R$2 mil à R$40 mil, monetizando a imagem de suas blogueiras. Esses valores vão de presenças físicas em eventos até postagens com vídeos testemunhais, passando pela menção da marca ou a utilização do produto. Há blogueiras que cobram alto para cederem sua impressionante exposição. Uma delas é a mineira Thássia Naves que, com apenas 25 anos, possui 5 milhões de leitores mensais em sua página. No exterior, a italiana Chiara Ferragni, fatura alto com seu blog "The Blond Salad", num modelo de negócio que rende US$ 8 Milhões de dólares ao ano. Ela já possui uma linha de sapatos vendida em 25 países, figura na lista da Forbes com uma das 30 pessoas mais criativas do mundo e emprega 14 pessoas para movimentar suas ações. Chiara figura constantemente sua imagem junto a marcas de luxo como Tyffany&co, Chanel e Louis Vuitton.

Não desanime, mas o futuro das vendas é a venda social.

Se você tem um produto e deseja conquista sua clientela, invista tempo e estimule sua equipe de vendas a construir uma "presença digital". Essa presença nada mais é do que a constante exposição de sua persona digital aos indivíduos que o seguem impactando, mobilizando, influenciando sua opinião. Essa construção é um trabalho diário e requer dedicação, foco, constância e pertinência para atrair um público interessado no que você tem a dizer. Eles serão seguidores magnetizados pela similaridade de opiniões e atitudes, seguidores que confiam na sua opinião com especialista e na sua missão de vida. Aprenda a compartilhar antes de receber. Seja útil, presente e flexível. Entenda seu público e o estude constantemente. Mas, principalmente, adapte-se as novas mudanças que virão. Acredite, as tecnologias mudam o tempo todo e são tantas que nem o mais nerd dos geeks sabe o que vai acontecer amanhã. Portanto, seja curioso, abra a sua mente, explore e compartilhe suas opiniões e experiências.

O consumidor não quer mais saber "o que" você vende ele quer saber o "por que" você vende.

Os melhores vendedores sociais são aqueles que compreendem as midias sociais como espaços de trocas. Eles sabem explorar sua presença digital através de múltiplas plataformas de texto, foto, vídeo. Eles entendem que o processo é menos a artificialidade da propaganda e mais a orgânica recomendação do humano real. Por isso, você deve estar sempre presente criando laços emocionais e de confiança, colaborando, ajudando, educando e compartilhando. Os melhores vendedores sociais são porta-vozes do cliente e são a idealização do próprio perfil de consumo. Eles representam o melhor em termos de apresentação, opinião, valores, transparência e afinidade. Os melhores se colocam como facilitadores e nunca como vendedores. 

Representantes de venda que utilizam as midias sociais, para manter contato com seus cliente, performam 23% a mais do que os que não utilizam.

Portanto, mãos à obra na construção de sua persona e presença digitais. Se jogue sem medo, seja claro, compartilhe e ajude as pessoas a aprenderem e crescerem com você. Tenha certeza de que, na Era da Informação, essa é a receita para o sucesso de todos nós.

Fontes: Salesforlife, Timetrade, MarketingThink, Insideview, asalesguyconsulting, Business Insider

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Paulo Amendoeira é designer, diretor de criação, palestrante e planner na Carambola Marketing de relacionamento. Conheça outros artigos do Amendoeira no Pulse.



Daniel Capobianchi

Facilitador de Soluções Sustentáveis com Bambu | Transformando Arquitetura, Construção e Mobilidade Urbana

8 a

Por muito tempo o mercado falou sobre complementaridade e multidisciplinaridade estratégia ao desenvolver e implementar seus planos táticos ao divulgarem seus produtos. O problema é que de maneira geral isso nunca foi feito efetivamente. Ao se depararem com uma realidade que efetivamente exige esse formato e que ao mesmo tempo muda o sujeito no epicentro da ação, as empresas com uma cultura organizacional mais "tradicional" se perdem, independente do seu ramo de atividade. Ótimo Paulo Amendoeira, a era do "põe o fulano na capa com frase bonita e de quebra dá um descontinho" está chegando ao fim. Eu acho ótimo pra falar a verdade.

Paulo. "O formador de opnião do século XXI" -> Dica para o tema do proximo post. As grandes empresas lá de fora já perceberam isso há tempo. O próprio investimento em grandes mídias/veículos de 5 a 10 anos para os dias de hoje são completamente divergentes do que vemos hoje. Agora, cabe a empresa reconhecer e valorizar esse novo tipo de "canal" ou não. Dependendo do seu target.

Legal o artigo, blogueiras tem esse poder de influencia sim, mas já vi inúmeros relatos de lojistas que as vendas são poucas. O retorno é baixo em relação ao investimento que deve ser feito. Falo com lojistas todos os dias e achar a blogueira que gere conversões é como achar uma agulha no palheiro. No exterior pode ser que seja assim, mas no Brasil não.

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