Respeitável Público,
@ofocra

Respeitável Público,

Com vocês, O desafio de conectar o mundo das artes no mundo corporativo. 


PT/ENG

Eu aprendi a gostar de artes por influência materna. Sempre dei valor, investi e participei de grupos teatrais na adolescência, depois passei a tocar vários instrumentos musicais, participei de bandas, corais a capella cuja desafinação era um negócio impensável.

Cheguei até mesmo a fazer inúmeras apresentações no interior do Estado de São Paulo divulgando cultura dentro das empresas no início dos anos 2000.

Depois de adulto, valorizei que o artista criativo poderia adentrar no universo corporativo e contribuir com sua mente imaginativa e desprendida no exercício de situações corporativas cuja solução era muito obtusa.

 E até aqui estão minhas impressões a respeito desta ideia.

 

A dificuldade de pensar capital

 

Uma das diferenças na profissão é a mentalidade dos artistas e a relação com o capital, ao compararmos América do Norte com a do Sul.

 

Nas experiências que tenho fora do Brasil com esta situação, identifiquei um fator cultural importante: Os artistas estão preocupados com os seus patrocinadores na engenharia de fazer dinheiro para sustentarem a sua arte, não importa se ela é de elite ou não.

 

Essa percepção fica clara ao analisar o formato de produção artística nos Estados Unidos e sua capacidade de geração de receita para as atividades.


Como se na mentalidade do artista ele compreendesse de forma mais fácil de que o sistema é dependente de estímulo financeiro e não quisesse brigar contra essa dinâmica econômica, porque entende que sua força de expressão não estará na ausência de capital.

 

Por outro lado, ao inserirmos artistas dentro da prática de fazer através da criatividade a geração de renda no Brasil, a situação torna-se complexa. Isso está para além de utilizar o entretenimento como uma fonte geradora de receita de ingressos e divulgação de marcas em espetáculos.

 

Aqui, me refiro ao uso das potencialidades do artista dentro das corporações como vetor de criação e inovação em diversos aspectos que entendo a genialidade deles com fundamental em tempos de crise ou crescimento.

 

O desafio de vencer a doutrinação de que artistas devem margear o capital porque isso lhes contaminaria a mente é sobremodo difícil em matrizes que flertam com sistemas econômicos que não privilegiam o aumento de capital e geração de renda.

 

Assim, quando submetemos o artista no pensamento duplo, semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos, há uma certa necessidade de encontrar propósito na atividade, que muitas vezes é apresentado emocionalmente como resistência aos trabalhos que precisam ser feitos para alcançar mais capital e deste modo permitir a continuidade da produção artística, seja ela direta ou indireta.

 

Os artistas ficam limitados a participações nos terceiro setor ou reféns de leis de incentivo a cultura e com isso desviamos genialidades em prol do crescimento sustentável de uma sociedade que poderia agregar muito valor na produção de capital com artistas em funções corporativas.

 

A erosão do pensamento financista

 

A demonização do capital é talvez um dos dilemas mais difíceis de ser enfrentado em sociedades em desenvolvimento como a brasileira.

 

Isso porque, ainda há uma espécie de fogo revolucionário que intenciona a busca por uma liberdade integral ao sistema, que seja desprendido de quaisquer compromissos para que a arte seja exposta.

 

No entanto, para os que querem de alguma forma expor suas genialidades artísticas, é possível aliar interesses do capital e do Estado com a liberdade artística que o artista requer para si.

 

A erosão do pensamento financista consiste em equilibrar os interesses que o capital possui de gerar mais riqueza com o uso de genialidade artística para atração de interessados.

 

Quando polarizamos artes e capital, sobra muito pouco para a sociedade. De um lado, temos críticas financiadas por programas de incentivo ao governo, que por usa vez são indiretamente financiados pela destinação de impostos advindos do capital, e de outro lado entretenimento de redes sociais, feitas por amadores.

 

Esse é um marco social-digital da segunda década do século XXI. Assim, as artes genuínas são diluídas em experiências presenciais, deixando o protagonismo e dão lugar a percepções distorcidas do sentido de “artes” e por consequência da genialidade do artista.

 

Dou-lhes um exemplo. As redes sociais estão repletas de ânimos artísticos, cujo meio é através da divulgação de pequenos vídeos do cotidiano, de situações esdrúxulas com o oferecimento do elemento de comédia como forma de expressão artística.

 

No entanto, a fome por artes e difusão de suas variadas formas é ininterrupta e voraz. Em outras palavras, estão além da palhaçada, do louco, da “comédia da vida privada”.

 

Faça um teste. Busque sugerir que as artes se resume a conteúdos jocosos, que certamente o artista profissional se afastará.

 

Nesta cena social, quando os interesses ideológicos se tornam maiores que a própria atividade artística se propõe, temos um movimento doloroso para a sociedade, que deixa de consumir em toda a sua potencialidade as artes e genialidade, empobrecendo o acesso da população.

 

O uso de atividades artísticas dentro de atividades de capital é um recurso interessante e que deve ir além de propaganda de produtos, serviços, incentivos a criação de espetáculos patrocinados e essas práticas comumente utilizadas.

 

Ao inserir profissionais de artes dentro das decisões que temos em atividades corporativas, damos palco a percepções sociais e integramos o indivíduo dentro do sistema proporcionando aprendizado e inovação a todos os que se envolvem.

 

Não é através da separação entre capital e artes que se encontra o equilíbrio, mas pela colaboração e compreensão do poderio existente na interligação de forças.

 

A atividade de convencimento do capital e do artista de que em conjunto o ganho social é extremo ainda é uma percepção que não tenho por certa, mas estou convencido que a polarização é um recurso inviável para desenvolvimento do país.

 

 

Quando dá certo, o sucesso é o que todos esperavam

 

 

Os casos de sucesso desta conexão entre artes e capital é reconhecidamente um fenômeno importante nos países desenvolvidos. Em algum momento da atividade social, houve aceitação do artista na atividade industrial e envolvimento do capital nas atividades indiretas que o artista pretendia produzir. E essa troca foi se transformando pouco a pouco, e que atualmente chamamos de grandes espetáculos.

 

Não podemos confundir com a indústria do entretenimento, que é negócio oriundo da manifestação dos virtuosos. Na indústria do entretenimento, utilizamos a matéria-prima (artes) para transforma em capital.

 

Neste que estamos argumentando, utilizamos o profissional artista dentro das corporações para cambiar modelos de criação e inovação onde o capital tem dificuldades de dar o primeiro passo. Do mesmo modo, incentivamos o capital a gerar receita para que artistas recebam melhores condições de vida e consequentemente consigam conduzir projetos paralelos ou de aplicação indireta através do recurso que recebem pelos seus trabalhos.

 

Se antes, tocar um instrumento musical, ter uma voz potente e praticar atividades teatrais ao final do expediente em outros grupos, associações e locais privados era considerado um hobby, hoje a proposta é trazer essa intencionalidade criativa para assuntos e ações corporativas, pois certamente a genialidade é capaz de aflorar em assuntos dos mais burocráticos possíveis, uma vez queridos e compreendidos o valor de mentes artísticas no ambiente.

 

Assim, as artes são mais do que um ambiente isolado e cuja função seja a do entreter as pessoas  aos finais de semana. O objetivo das artes não é praticar um elemento avulso, um bilhete, um ingresso, uma entrada. Isso é indústria do entretenimento.

 

O que pensamos que as artes como elemento social tem poder é na transformação de atividades áridas, secas e repletas de enfado em engenhosidades, criatividade e mecanismos de inovação social.

 

Você não imagina o que um artista é capaz de inventar sobre uma pilha de papeis, um programa de computador ou uma maneira nova de apertar os mesmos parafusos diariamente. E não é pela comédia ou pelo alívio do entretenimento. É tornando-se parte da situação e propondo alternativas para que a eficiência ocorra através da inovação.

 

Em ultimas palavras, a arte não é um mecanismo de entretenimento. É uma peça social que pode ser utilizada em qualquer atividade corporativa. Em primeira análise combinamos isso em vendas ou marketing, mas a verdade é que poderá ser utilizada em qualquer lugar que permita a reflexão e o pensamento sobre novas formas de trabalhar.

 

Essa inovação é capacitada pela genialidade, visão criativa e elementos surpresas. Coisas que artistas, por naturalidade ou aprendizado possuem de sobra. Enquanto isso, o capital se encarrega de oferecer o palco, a cena e o público.

 

Com isso, nasce mais um fator para discutir sociedade. Artes e suas genialidades como forma de construção de capital mais colaborativo, instrutivo e disposto.


I learned to like the arts through maternal influence. I always valued, invested and participated in theater groups as a teenager, then I started to play various musical instruments, participated in bands, a capella choirs whose out of tune was an unthinkable business.

 

I even made numerous presentations in the interior of the State of São Paulo disseminating culture within companies in the early 2000s.

 

As an adult, I valued that the creative artist could enter the corporate universe and contribute with his imaginative and detached mind in the exercise of corporate situations whose solution was very obtuse.

 

And so far are my impressions of this idea.

 

The difficulty of thinking capital

 

One of the differences in the profession is the mentality of artists and the relationship with capital, when comparing North America with South America.

 

In the experiences I have outside Brazil with this situation, I have identified an important cultural factor: Artists are concerned with their sponsors in the engineering of making money to support their art, no matter if it is elite or not.

 

This perception is clear when analyzing the format of artistic production in the United States and its capacity to generate revenue for activities.

 

 As if in the artist's mentality he understood more easily that the system is dependent on financial stimulus and did not want to fight against this economic dynamic, because he understands that his strength of expression will not be in the absence of capital.

 

On the other hand, when we insert artists into the practice of making income generation through creativity in Brazil, the situation becomes complex. This is in addition to using entertainment as a source of revenue from tickets and brand promotion at shows.

 

Here, I refer to the use of the artist's potential within corporations as a vector of creation and innovation in several aspects that I understand their genius as fundamental in times of crisis or growth.

 

The challenge of overcoming the indoctrination that artists should border capital because it would contaminate their minds is extremely difficult in matrices that flirt with economic systems that do not privilege capital increase and income generation.

 

Thus, when we submit the artist to double thinking, similar to what occurs in the United States, there is a certain need to find purpose in the activity, which is often emotionally presented as resistance to the work that needs to be done to achieve more capital and thus allow the continuity of artistic production, whether direct or indirect.

 

Artists are limited to participation in the third sector or hostages of laws to encourage culture and with this we divert geniuses in favor of the sustainable growth of a society that could add a lot of value in the production of capital with artists in corporate functions.

 

 

The erosion of financial thinking

 

The demonization of capital is perhaps one of the most difficult dilemmas to be faced in developing societies such as Brazil.

 

This is because there is still a kind of revolutionary fire that intends to seek an integral freedom to the system, which is detached from any commitments so that art can be exhibited.

 

However, for those who want to somehow expose their artistic geniuses, it is possible to combine the interests of capital and the State with the artistic freedom that the artist requires for himself.

 

The erosion of financial thinking consists in balancing the interests that capital has in generating more wealth with the use of artistic genius to attract interested parties.

 

When we polarize arts and capital, there is very little left for society. On the one hand, we have criticism financed by government incentive programs, which in turn are indirectly financed by the allocation of taxes from capital, and on the other hand, entertainment on social networks, made by amateurs.

 

This is a social-digital milestone of the second decade of the twenty-first century. Thus, genuine arts are diluted in face-to-face experiences, leaving the protagonism and giving way to distorted perceptions of the meaning of "arts" and consequently of the artist's genius.

 

I will give you an example. Social networks are full of artistic spirits, whose means is through the dissemination of short videos of everyday life, of strange situations with the offer of the element of comedy as a form of artistic expression.

 

However, the hunger for arts and the diffusion of their various forms is uninterrupted and voracious. In other words, they are beyond clowning, crazy, the "comedy of private life".

 

Take a test. Try to suggest that the arts are all about playful content, which the professional artist will certainly move away from.

 

In this social scene, when ideological interests become greater than the artistic activity itself, we have a painful movement for society, which stops consuming the arts and genius in all their potentiality, impoverishing the population's access.

 

The use of artistic activities within capital activities is an interesting resource that should go beyond advertising products, services, incentives for the creation of sponsored shows and these commonly used practices.

 

By inserting arts professionals into the decisions we have in corporate activities, we give stage to social perceptions and integrate the individual within the system, providing learning and innovation to all who are involved.

 

It is not through the separation between capital and the arts that balance is found, but through collaboration and understanding of the power that exists in the interconnection of forces.

 

The activity of convincing capital and the artist that together the social gain is extreme is still a perception that I do not take for granted, but I am convinced that polarization is an unviable resource for the country's development.

 

 

When it works, success is what everyone expected

 

 The success stories of this connection between arts and capital is recognized as an important phenomenon in developed countries. At some point in social activity, there was acceptance of the artist in industrial activity and involvement of capital in the indirect activities that the artist intended to produce. And this exchange was transformed little by little, and what we currently call great shows.

 

We cannot confuse it with the entertainment industry, which is a business that comes from the manifestation of the virtuous. In the entertainment industry, we use the raw material (arts) to transform it into capital.

 

In this one we are arguing, we use the professional artist within corporations to change models of creation and innovation where capital has difficulties in taking the first step. Likewise, we encourage capital to generate revenue so that artists receive better living conditions and consequently be able to conduct parallel projects or indirect application through the resources they receive for their work.

 

If before, playing a musical instrument, having a powerful voice and practicing theatrical activities at the end of the day in other groups, associations and private places was considered a hobby, today the proposal is to bring this creative intentionality to corporate matters and actions, because certainly genius is capable of emerging in the most bureaucratic subjects possible,  once loved and understood the value of artistic minds in the environment.

 

Thus, the arts are more than an isolated environment whose function is to entertain people on weekends. The objective of the arts is not to practice a single element, a ticket, a ticket, an entrance. This is the entertainment industry.

 

What we think the arts as a social element has power to do is to transform arid, dry, and boring activities into ingenuity, creativity, and mechanisms of social innovation.

 

You can't imagine what an artist can come up with on a stack of papers, a computer program, or a new way to tighten the same screws on a daily basis. And it's not for the comedy or the relief of entertainment. It is by becoming part of the situation and proposing alternatives so that efficiency occurs through innovation.

 

In short, art is not an entertainment mechanism. It is a social piece that can be used in any corporate activity. At first we combine this in sales or marketing, but the truth is that it can be used anywhere that allows reflection and thinking about new ways of working.

 

This innovation is empowered by genius, creative vision, and surprise elements. Things that artists, by naturalness or learning, have in abundance. Meanwhile, capital is in charge of offering the stage, the scene and the audience.

 

With this, another factor is born to discuss society. Arts and their geniuses as a more collaborative, instructive and willing way of building capital.


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