RESPEITAR A PESSOA É RESPEITAR SUA DIGNIDADE NATURAL
A partir desse pressuposto é possível entender quando se trata da capacidade de decidir daquilo que infere da racionalidade humana como também de seu projeto de vida, embora deva fica claro que sempre há um limite próprio da historicidade e das normas de justiça, aliás, que devem ser garantidas pela Lei Positiva. Esse deve ser o imaginário e/ou o paradigma em relação à questão do “livre mercado”, ou seja, não há uma lógica e, muito menos uma razão que justifique a dependência absoluta do Estado em relação às atividades e projetos de todo o cidadão.
Em contrapartida, se o Estado é o que decide tudo, sem dúvida, constitui-se uma falta grave em relação à própria dignidade da pessoa. Os meios de produção nas mãos do Estado significa um processo anômalo e corre o risco de transformar o conjunto da sociedade como todos os setores produtivos sejam de bens e/ou serviços como se os seres humanos fossem incapazes de tomarem inciativas, em outros termos: é tratar os humanos como se fossem sempre crianças e dependentes em tudo.
Essa é a crítica que se deve fazer aos que desejam que os Estados Nações vivam sob um “sistema totalitário”, pois além de tudo é uma ideologia perversa, castradora e contra os direitos fundamentais do homem e da mulher de serem livres e viverem livres, embora sempre frisando que não se trata de uma liberdade absoluta, mas algo situada na finitude da temporalidade.
Por outro, os bens e serviços derivados da livre iniciativa e do espírito criativo dos cidadãos dentro do sistema do “livre mercado” cuja preocupação seja o desenvolvimento sustentável, isso traz como exige de cada cidadão, maior responsabilidade e uma visão fundamentada nos princípios de uma ética social e madura dos próprios empreendedores, embora e, sobretudo, cônscios de que a função do Estado sempre seja a de defender e promover os projetos socioeconômicos dos empresários, mas chamando para si a corresponsabilidade em sintonia com o Estado de Direito.
Percebe-se então visto neste contexto abertura em relação ao “todo” societário de que também estão preocupados em promover a igualdade social e inclusiva, colocando em segundo plano o interesse apenas do lucro e na eficiência econômica, mas alimentando uma visão humanitária da própria economia. Essa economia de livre mercado é sadia, embora, e, sobretudo necessita sempre ter um fundamento numa filosofia focada no ser do homem e na justiça social.
Não há como promover uma sociedade inclusiva e justa do tecido social fragmentada com base na superada ideologia iluminista, aliás, já anacrônica e obsoleta com suas visões estanques da realidade, e para isso, se faz necessário “sine qua non” na formação dos novos empreendedores uma sólida formação filosófica, teológica, sociológica e econômica em todas as áreas do conhecimento nos centros educacionais para as novas gerações desde o ensino fundamental, secundário e inclusive superior já que o fim último é o bem estar e o bem viver de todo o gênero humano, mas também, de uma formação ecológica do meio ambiente, aliás, da qual o humano também faz parte da natureza.
O novo pós-pandemia é repensar e conscientizar todo o tecido social em desenvolver esta consciência, afinal a política e a economia não possuem fim em si, mas sempre devem estar voltadas ao bem comum. Forma-se assim um princípio sólido de ética social para uma nova etapa da história.
Com essa reflexão volta-se a insistir na função social da propriedade privada, mas que, por outro lado, sempre tem diante de si o bem comum. “...a história e a experiência donde os regimes dos povos não reconhecem os particulares incluindo os meios de produção, ou se viola e impede em absoluto o exercício da liberdade humana em questões de dons [é] bom ter ciência que segue claramente que o uso da liberdade humana encontra tutela e estímulo no direito de propriedade”. (op.cit Mater et Magistra ,60 – in Zanotti pp. 43-44).
Fica o desafio a todo homem e mulher que tenham sensatez para superar as dicotomias absurdas que ainda em pleno século XXI se fazem presente, ou seja, direita x esquerda, comunista e socialista, totalitarismo e monarquia. É hora de se focar num futuro justo, inclusivo e humano, mas e, sobretudo na diversidade e no debate de ideias novas e construtivas sem fanatismos ideológicos que cegam como petrificam em chavões destituídos de sentido.
A vida segue a partir do diálogo e debate de ideias em vista do bem estar e do bem viver do “todo”. Construir o novo requer capacidade de ouvir o diferente e buscar um denominador comum, mesmo sem haver concordância plena. “As ideias movem o mundo” (Eduardo Prado de Mendonça). É na confluência de ideias que se avança a uma síntese saudável e que edifica a sociedade. É bom pensar!