Resumo Sobre o Mercado no Mês de Novembro 2021
O mês de novembro:
O mercado de capitais global sofreu forte baque nos últimos dias a partir da notificação do avanço de uma nova variante do Coronavírus, a Ômicron. Este novo elemento, somado ao recrudescimento da curva de contaminação na Europa, que começou em meados de outubro e ganhou tração ao longo de novembro, conduz a pandemia novamente ao protagonismo dentre o conjunto de fatores que são insumo para a formação das expectativas sobre a atividade econômica. Entretanto, ainda faltam informações relevantes e suficientes para o entendimento do tamanho do problema, sendo a eficácia da vacina a principal, visto que isto torna o quadro muito diferente entre os países e será essencial para ditar o plano que será seguido para a superação desta nova onda de infecções.
O cenário econômico internacional, excluindo o conjunto de possibilidades que uma nova variante pode acarretar, segue sendo ditado pela mudança na política monetária do Federal Reserve. A comunicação dos membros do banco central norte-americano permaneceu caminhando para o lado hawkish (intenção de aumento dos juros), com a aceleração do pace do tapering (retirada gradual dos estímulos do banco central) no centro das discussões, considerando que este movimento será essencial para conformar a expectativa do mercado em relação ao início do processo de elevação das taxas de juros. É verdade que as falas do presidente da instituição, Jerome Powell, caminham para dissociar o fim da política de injeção de liquidez com o início do ciclo de alta dos juros, porém é indiscutível que a evolução da atividade econômica, com desemprego em queda e preços em alta, inclusive os menos voláteis, contratam sequência entres os processos. Nessa direção, a confirmação da recondução do Powell pelo presidente Joe Biden, em detrimento ao economista Lael Brainard, nos faz acreditar que possíveis mudanças na condução da política monetária serão conduzidas com transparência e sem “choques”.
O panorama para economias emergentes certamente será mais desafiador caso a política monetária do Fed se confirme como menos expansionista (ex.: dólar mais caro frente às moedas emergentes), o que pode ser aumentado pela desaceleração econômica da China, que até o momento não apresenta sinais de reversão, pela piora da oferta de energia global e pelo atraso na resolução dos descasamentos das cadeias globais de fornecimento. O último fator, inclusive, pode ser amplificado caso a nova onda de contaminações do Coronavírus se torne mais persistente.
Postas estas questões relacionadas ao contexto externo, o ambiente doméstico apresentou nas últimas semanas moderada redução da incerteza. Apesar dos vários pontos caros aos países emergentes, o câmbio seguiu resiliente no patamar de R$ 5,60 e a curva de juros não sofreu choques como em outubro. O panorama inflacionário permanece complexo e disseminado, com as “quebras” do IPCA que excluem os bens mais voláteis sinalizando que o indicador para 2022 está contaminado e caminha para estourar novamente o centro da meta de inflação. Por outro lado, a atividade econômica está perdendo força e dados de confiança indicam um cenário bastante complexo para o próximo ano, o qual esperamos um crescimento de 0,4% para o PIB , mas com viés baixista. Dito isso, a comunicação recente do presidente do BCB, Roberto Campos Neto, sugere novamente que a alta da Selic para a reunião de dezembro deve ser de 1,5 ponto percentual, o que deixaria a taxa em 9,25% ao final do ano, e o ciclo de juros não será estendido ou endurecido a partir de deterioração de indicadores de curto prazo, o que nos faz seguir projetando uma Selic terminal (março/2022) em 11,75%.
A citada acomodação da incerteza foi acompanhada pelo avanço da PEC dos Precatórios e da MP do Auxílio Brasil na Câmara dos Deputados sem grandes surpresas suficientes para piorar mais as perspectivas relacionadas ao quadro fiscal. No Senado , é consensual que as duas medidas são necessárias para viabilizar suporte financeiro à população, que sofre das consequências do enfraquecimento da atividade econômica e dos preços elevados. Não obstante, as negociações caminham para evitar que existam “sobras” de recursos que poderiam ser utilizados pelo governo para impulsionar sua força na eleição do próximo ano. Neste tema, os últimos dias foram marcados pelo crescimento da probabilidade de uma terceira via a partir da confirmação do nome de Sérgio Moro como pré-candidato à presidência e a vitória de João Dória nas prévias do PSDB. No entanto, seguimos visualizando um ano de 2022 bastante volátil para os mercados e indefinido para os investimentos tanto financeiros como em ativos reais, visto que uma eleição polarizada segue como nosso caso base.
Renda Variável:
Pelo quinto mês consecutivo, o Ibovespa fechou no vermelho. O índice caiu mais 1,5% em novembro (1,4% em dólares) e 19,6% nos últimos cinco meses (uma queda impressionante de 28,6% em dólares). É de longe o mercado com pior desempenho na região nos últimos 5 meses, inclusive sendo inferior aos seus pares por uma boa margem.
Após a correção, o Brasil está sendo negociado a um P/L projetado de 12 meses de 10,1x, um desvio padrão abaixo de sua média histórica de 12,7x. Talvez mais interessante, com a queda nas taxas de longo prazo no mês passado (as taxas de 10 anos caíram para 5,1% hoje, de 5,5% um mês atrás), o prêmio para manter ações, medido como o inverso do P/L menos as taxas de juros reais de 10 anos, aumentaram para 4,8%, mais de um desvio padrão acima da média e um dos maiores níveis que encontramos no passado recente.
Os investidores, tanto locais quanto estrangeiros, estão reduzindo a exposição às ações brasileiras. Os fundos de ações locais registraram um fluxo de saída de R$ 4,9 bilhões em novembro, após saídas de R$ 6,1 bilhões em outubro. Nos últimos 3 meses, o fluxo de saída de fundos de ações soma R$ 12 bilhões.
As maiores altas do mês foram: Tim (TIMS3 +22,99%); Unidas (LCAM3 +17,44%); Dexco (DXCO3 +16,25%); Energisa (ENGI11 +14,82%); Suzano (+14,08%). As maiores quedas foram: Natura (NTCO3 -31,39%); Locaweb (-27,92%); Magazine Luiza (MGLU3 -27,84%); Assaí (ASAI3 -16,61%); Banco Pan (BPAN4 -15,27%).
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Renda Fixa:
Depois de alguns meses mais pressionado, o mercado de juros finalmente mostrou sinais de alívio no mês de novembro, especialmente nos vértices intermediários e longos da curva. Na parte da curta, houve um movimento mais moderado de revisões altistas da SELIC à frente.
O cenário menos incerto sobre o final do ciclo de altas da SELIC e a queda dos juros longos nos EUA contribuíram para o alívio sobre as taxas longas no Brasil. A curva de juros prefixada indica um cenário de normalização (queda) da SELIC a partir de 2023 (patamar menos contracionista do que o projetado para 2022). Apesar do movimento de queda das taxas, ainda esperamos um mercado mais volátil no curto prazo – especialmente por causa das incertezas no lado fiscal.
Em termos de alocação, começamos a ver um carrego mais atrativo na parte prefixada mais curta da curva (alocações mais táticas e pontuais). Mesmo em um cenário de maior volatilidade, o carrego desses papéis começa a oferecer uma remuneração atrativa em termos nominais. No entanto, nossos calls estratégicos seguem orientados para os títulos pós-fixados (atrelados ao CDI e IPCA).
Os prêmios de crédito no mercado secundário voltaram a aumentar por causa do fechamento da curva de juros. Apesar de ser algo de natureza mais técnica, alguns papéis – especialmente entre os nomes menos conhecidos – passaram a oferecer uma relação risco-retorno-liquidez um pouco mais atrativa no mercado secundário. Entretanto, ainda entendemos que o mercado primário e títulos saindo de lock-up oferecem as melhores alternativas para os investidores na conjuntura atual.
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