Retenção de Talentos Está Morta. Como Criar um Ambiente Onde as Pessoas Querem Ficar?
Quando se fala em “retenção de talentos”, a primeira imagem que surge é a de uma tentativa desesperada de manter alguém que já está pensando em sair. Mas será que esse é o melhor termo para abordar o desafio de manter profissionais qualificados em uma organização? Será que “reter” é o objetivo final, ou estamos perdendo o foco do que realmente importa?
O Problema com o Termo "Retenção"
A palavra "retenção" traz uma conotação que pode não refletir a realidade que desejamos para o ambiente de trabalho. De acordo com o dicionário, "reter" pode significar “atrasar” ou “impedir” – ideias que remetem a algo que já está saindo do controle. Quando utilizamos o termo retenção, não estamos, de certa forma, assumindo que o talento já está à beira da porta? Essa abordagem sugere que o foco está em impedir uma saída inevitável, e não em criar uma razão para que a pessoa queira ficar.
Essa ideia nos leva a uma importante reflexão: será que reter talentos deveria ser o objetivo? Se precisamos lutar para segurar alguém, é porque, em algum momento, já falhamos. O que estamos deixando de fazer para que os colaboradores pensem em sair?
A Retenção é um Sintoma, Não a Solução
O fato de termos que reter alguém aponta para algo mais profundo que não está funcionando. Se o aumento salarial ou a promoção só chegam após a decisão de sair, isso apenas adia o inevitável. Quando o aumento é a única solução para evitar uma saída, o problema verdadeiro – a falta de engajamento, a cultura desalinhada, ou uma liderança falha – continua sem ser resolvido.
O desengajamento silencioso é ainda mais preocupante. Aquela pessoa que aceitou ficar por causa de um aumento pode até continuar fisicamente presente, mas o compromisso emocional com a empresa já foi quebrado. E, em algum momento, a insatisfação vai emergir novamente.
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Cultura, Clima e Liderança: Os Pilares da Permanência
A verdadeira questão não é como reter talentos, mas sim como criar um ambiente onde as pessoas queiram permanecer. Esse cenário vai muito além de um salário competitivo. Trata-se de cultivar uma cultura organizacional que esteja alinhada com os valores dos profissionais, de construir um clima saudável onde as pessoas se sintam valorizadas e de ter líderes que inspirem e reconheçam continuamente o esforço de suas equipes.
Esses são os verdadeiros pilares que sustentam a permanência – um termo que, inclusive, soa muito mais adequado do que retenção. Afinal, não se trata de impedir que alguém vá embora, mas de oferecer um motivo para que as pessoas sintam que vale a pena continuar.
Fidelização e Engajamento Contínuo: O Novo Paradigma
Chegou a hora de trocarmos a palavra "retenção" por termos que reflitam melhor a essência do que buscamos nas empresas. “Fidelização de talentos”, “engajamento contínuo” ou “permanência consciente” são conceitos que colocam o foco no lugar certo: na criação de um ambiente onde as pessoas querem estar, e não onde são obrigadas a ficar.
Esses novos termos nos convidam a olhar para o lado preventivo da gestão de pessoas. Eles sugerem que, ao invés de “puxar alguém pelo braço”, devemos construir uma cultura que incentive as pessoas a permanecerem por vontade própria. Isso exige que empresas estejam atentas ao que os seus profissionais realmente valorizam: um clima saudável, uma liderança próxima e inspiradora, uma cultura de reconhecimento e, claro, uma remuneração justa e adequada.
Conclusão
No final das contas, a retenção de talentos, como entendemos hoje, é apenas a ponta de um iceberg muito maior. Ela é o sintoma de uma desconexão mais profunda entre a organização e seus profissionais. A verdadeira meta deve ser criar uma cultura de permanência consciente, onde as pessoas não só fiquem, mas queiram ficar.
Portanto, ao invés de pensar em como reter, vamos falar sobre como construir um ambiente onde os talentos escolhem permanecer. Essa é a verdadeira chave para o sucesso sustentável de qualquer empresa.