A retomada da consciência
Hoje mais do que nunca é preciso que a direita se pronuncie com clareza em alto e bom tom. Infelizmente estamos diante de um presidente sem empatia, extremamente irresponsável e que toda vez que se auto declara como sendo de direita corrói a imagem dessa. Será possível que alguém nasça sabendo o pensamento conservador? Sem estudar história, sem estudar o pensador da economia de mercado Milton Friedman ou o pensador da separação dos três poderes do Estado, Montesquieu. A resposta é direta e incontestável: Não. Infelizmente pela ausência de lideranças que se destacassem e pela inconformidade em relação ao maior esquema de corrupção da história brasileira, a direita apoiou, talvez forçando boa vontade, um indivíduo que "adotou" a sua pauta por conveniência ao invés de por convicção.
Estamos em uma situação inimaginável, afinal, em 2018 quem perguntaria em um debate presidencial o que um presidente deve fazer em um contexto de pandemia? Então, e agora em 2020, o que um presidente deve fazer em uma situação de pandemia? Lhe respondo, o que um presidente essencialmente conservador faria.
Se tem uma virtude que os conservadores raramente manifestam é ser arrojado, afinal de todos os segmentos ideológicos os conservadores são notoriamente os mais pessimistas. Um presidente conservador pensaria antes de tudo, qual seria a pior das hipóteses que a pandemia poderia resultar. O Bolsonaro quando vai a público defender o fim do isolamento social pensa dessa forma?
Mas e a economia e os empregos? Se tem uma corrente que defende a importância da economia bem como o equilíbrio das finanças públicas são os conservadores, contudo, a premissa básica do conservadorismo é que o Estado seja acionado somente quando estritamente necessário. E o momento atual é uma situação exige a atuação do Estado. Afinal qual líder conservador se poupou em um contexto de guerra? Te digo quem não se poupou Margareth Thatcher e Winston Churchill. Provavelmente, Bolsonaro sequer saiba dos feitos desses ícones do conservadorismo.
Talvez a situação atual seja a mais adequada para chancelar o pensamento de direita. Pois subsidiando setores chave da economia e utilizando de forma eficaz de instrumentos transferência direta de renda, seria possível olhar de cabeça erguida para a sociedade e exaltar que tudo isso só possível em um Estado cujas contas públicas estejam em equilíbrio, demonstrando como foram importante as reformas. Entretanto o comportamento não individualista, mas egoísta (e sobretudo irresponsável) de Bolsonaro é um combustível para a esquerda, oportunista como de costume, defender que o Estado é a primeira e única opção para resolver os problemas da sociedade. E pior, a cada dia consolidam na opinião pública a moralização do político que “rouba, mas faz”.
Por fim, a direita está diante de dois caminhos o da subserviência, diante de um lunático, sedento por poder cuja a ideologia é agir em benefício próprio ou da independência que mostrará para sociedade o que de fato a direita é, que apesar de muitas vezes rígida e amarga vê o Estado como servo do povo e não o contrário. Agora, diante da desonra e da guerra, é preciso saber que ainda que seja escolhida a desonra a guerra será inevitável.