Retrospectiva de 2022 e Tendências para 2023

Iniciando o novo ano com muita gratidão e energia, nesta primeira newsletter quero recapitular os principais acontecimentos de 2022 e trazer minhas previsões para 2023. Acompanhe a sequência de fatos que preparei e veja quais são as maiores tendências para o ecossistema de inovação!

Retrospectiva 2022: relembre os principais acontecimentos do ano no ecossistema de inovação

Muita coisa mudou em 2022. Não poderia ser diferente após um longo período em que nos vimos diante de desafios inéditos, isolamento e adaptações urgentes. Tudo isso contribuiu para que novas ideias emergissem e, como já era de se esperar, nada voltaria a ser exatamente como antes.

Neste novo cenário, vemos não só consequências do que aconteceu nos últimos dois anos, como também novidades e transformações no universo de startups e tecnologia. Vamos relembrar os fatos mais importantes de 2022?

A volta dos eventos presenciais

Se eu pudesse descrever o que foi 2022 para a área de inovação com uma palavra, seria “retomada”. Embora os investimentos estivessem em alta nos anos anteriores, movimentando o ecossistema, a realização de encontros presenciais foi impossibilitada devido às restrições para conter a proliferação do coronavírus.

A espera pelo retorno das atividades fora do campo virtual foi intensa, mas finalmente chegou ao fim. Com a queda no número de casos e óbitos por Covid-19, aos poucos foi possível reencontrar nossos colegas em eventos nacionais e internacionais.

CASE, WebSummit e SWITCH 2022

Melhor do que ver os eventos voltando ao presencial, foi poder participar e cumprir um papel importante em cada um deles.

• Na CASE – que aliás foi um sucesso – estive como presidente da ABStartups pelo último ano, já que em 2023 o cargo será ocupado por Ingrid Barth.
• No WebSummit, em Lisboa, participei ao lado de grandes atores do setor de tecnologia, e abordamos o potencial do Brasil para a inovação.
• Assim como no SWITCH, que aconteceu em Singapura, a maior referência em tecnologia e inovação na Ásia, onde tive o privilégio de representar nosso país.

O que aprendi no Global Entrepreneurship Congress - GEC 2022

Outro grande evento que não poderia deixar de citar é o GEC, realizado em Riyadh, na Arábia Saudita. Algo que ficou marcado para mim após anos frequentando o congresso é a urgência global pela inovação.

Desta vez, nossas discussões focaram em pensar nas estratégias e políticas governamentais possíveis no contexto pós-pandêmico. Notei também um aumento significativo na participação de outros países.

Também percebi que a troca que tivemos foi bem mais fluida, afinal, os países agora tem background mais parecido, criando uma linguagem universal que pôde ser explorada. Além disso, relembro que no GEC o Brasil foi reconhecido por sua atuação na Semana Global de Empreendedorismo, sobretudo em relação aos avanços no país, como a aprovação do Marco Legal das startups.

"... os países agora tem background mais parecido, criando uma linguagem universal que pôde ser explorada."

Aliás, esse é um assunto que vale a pena recordar!

O marco legal das startups

Em 2021, o Marco Legal das startups foi sancionado e entrou em vigor. Em 2022 nós começamos a sentir os seus efeitos, embora entidades do setor ainda reivindiquem mudanças na lei aprovada.

Um dos principais ganhos foi facilitar as tramitações entre pequenas empresas de inovação e administração pública, que passam a poder vender para o governo de forma mais ágil e adequada.

O que foi observado em 2022, inclusive debatido no CASE, é que ainda existem muitas conquistas a serem alcançadas, especialmente no tratamento tributário dado tanto a startups quanto a seus investidores anjos. Mas, de toda forma, já conseguimos ver os efeitos do marco legal na prática, com diversas entidades adotando o modelo de compras públicas inovadoras proposto na nova lei.

Crise das startups?

Um indício de crise no ecossistema de startups abalou o setor em 2022, mas, de acordo com minhas análises, não é necessário fazer alarde quanto à situação. Há dois pontos importantes a serem observados:

1. Queda dos investimentos

O motivo para a queda é que os investidores migraram seus ativos para outros setores de menor risco devido à alta de juros decorrente da inflação. Vale lembrar que esse é um movimento global. Outra situação que preocupou o mercado foi o prejuízo bilionário do SoftBank, que é um dos maiores players de investimento em tecnologia do mundo.

2. Onda de demissões nas startups

Com menos dinheiro entrando, o resultado foi a onda de demissões em diversas gigantes, que muitas vezes chegavam sem anúncio. Mas, quando olhamos para o cenário geral, muitas dessas demissões em massa fazem sentido. Afinal, o momento não é necessariamente crítico, mas exige cautela e adaptações.

Aliás, eu fiz uma série sobre esse assunto, veja o primeiro episódio:

O contexto das startups na guerra da Ucrânia

Em relação ao ecossistema ucruniano, aí sim podemos falar em crise. Os conflitos que eclodiram no país impactaram as startups com a fuga massiva de funcionários e congelamento de investimentos estrangeiros.

Muitos não sabem, mas a Ucrânia tem uma base forte de tecnologia e startups, e a comunidade se mobilizou para reagir às consequência da guerra.

Diversidade e inclusão

Por fim, quero rememorar o avanço na busca por políticas públicas no combate à segregação de grupos minoritários nas startups. Diante da escassez de oportunidades para pessoas negras e mulheres na liderança dessas empresas, a Dínamo criou o Grupo de Trabalho em Diversidade e Inclusão, cujo objetivo é apresentar aos órgãos públicos soluções que contemplem esses grupos.

O GT é protagonizado por mulheres e pessoas negras em busca de representatividade e mais acesso no ramo do empreendedorismo com apoio das entidades públicas. 

Bom, muita água rolou debaixo da nossa ponte no ano passado. Entre altos e baixos, a certeza é que os fatos vão continuar refletindo em um futuro próximo, por isso, trago as minhas projeções para este 2023. Confira!

Previsões 2023: principais fatores que podem afetar o ecossistema de inovação

O que será que vem pela frente? É o que eu tenho pensado dia após dia. Ainda bem que alguns fatos nos permitem, pelo menos, levantar hipóteses sobre o que esperar deste ano.

Confesso que estou na expectativa por avanços no ecossistema de inovação, embora desconfie que algumas questões ficaram estagnadas e outras exigirão sabedoria e cautela. Isso é o que veremos!

Crise econômica: vem aí ou não? Mais forte? Qual será a força?

Já era imaginado que o novo Governo teria grandes desafios, sobretudo no setor econômico. Bom, as projeções para este ano corroboram essa ideia, tendo em vista a ameaça de recessão global.

A fragilidade da economia mundial não é nenhuma novidade. Os Estados Unidos, por exemplo, apontam chances reais de crise em 2023, algo que afetaria o Brasil devido à relação comercial entre os países. Por outro lado, as autoridades monetárias brasileiras já vêm tentando medidas para conter a inflação e ensaiar uma retomada econômica interna.

O Comitê de Política Monetária (Copom) estabeleceu a taxa mínima de juros (taxa Selic) em 13,75%, a maior desde 2016, com o objetivo de reduzir a inflação no país. Caso a estratégia gere efeitos positivos, é possível que o Brasil não seja afetado gravemente pela recessão global.

Mas uma coisa é fato: a conjuntura atual, junto às previsões e estatísticas, faz com que o mercado financeiro fique em alerta. Os investidores se movimentam em busca de mais segurança em suas aplicações, o que impacta o ecossistema de inovação, conforme já comentei em relação à suposta crise das startups.

Ou seja, não significa que entraremos num limbo econômico, mas que os investidores certamente estarão mais cuidadosos.

"... não significa que entraremos num limbo econômico, mas que os investidores certamente estarão mais cuidadosos."

Startups no plano de governo 

As startups vêm conquistando espaços e ampliando sua atuação a cada ano na forma como são tratadas pelo governo. Uma breve retrospectiva:

• A Lei da Inovação (10.973) foi regulamentada em 2005 e alterada em 2016, a fim de estimular a atividade de instituições científicas e tecnológicas, incluindo sua relação com “empresas de base tecnológica”;
• Em 2021, foi sancionado o Marco Legal das Startups (Lei Complementar nº 182/2021).

Com o aumento da importância das startups para a economia, é de se esperar que os novos governos estaduais e federal criem programas específicos para apoiar essas empresas. A tendência é que iniciativas de suporte a esse tipo de empreendimento cresçam.

Ano da IA aplicada

Em 2023 teremos muitas soluções utilizando Inteligência Artificial, vamos conviver com a IA muito mais, em especial a IA Generativa. A inteligência artificial aplicada promete, daqui para a frente, um pulo cada vez mais alto, se concentrando em resultados reais.

Iniciativas como o ChatGPT, da Open AI, e outros modelos de larga escala construídos por grandes empresas de tecnologia, como Google, Amazon, Microsoft e IBM, devem gerar inúmeras novas aplicações da AI no dia a dia de todo tipo de app e serviço.

Toda a pesquisa, que inclui aplicativos para resolver tarefas de engenharia, administração, medicina e educação, até avaliações de sistemas jurídicos, vai passar pela IA aplicada. O Marketing Digital é outro setor que se beneficia dos recursos em IA, desde a publicidade até o atendimento ao cliente. 

Bom, esses são apenas alguns exemplos, mas fato é que, em 2023, acredito que a IA saia de "promessa distante” para aplicação presente no dia a dia de muitas pessoas que lidam com tecnologia.

Será que o metaverso pega?

A pergunta que não quer calar… na minha humilde opinião, a resposta é “não”! Pelo menos não por enquanto. Veremos aplicações do metaverso para nichos específicos, mas até que ele tenha aplicações mais claras e que hardware para VR e AR seja acessível, acredito que não irá se popularizar tanto. Até porque teremos um ano de muitas incertezas econômicas, como abordei anteriormente, portanto, os investidores e empresas estarão mais cautelosos ao aplicar capital de inovações do tipo.

"Veremos aplicações do metaverso para nichos específicos, mas até que ele tenha aplicações mais claras e que hardware para VR e AR seja acessível, acredito que não irá se popularizar tanto."

Retomada das criptomoedas e tokens

Já as criptomoedas, essas sim estão ensaiando retomar rota de crescimento, na esteira de aplicações de web 3.0. A tokenização de ativos deve começar a surgir com mais usabilidade prática e mais força, e devemos ver mais abertura regulatória para esse tipo de uso da tecnologia. Minha projeção é que a retomada nos investimentos em criptomoedas volte, ainda que de forma mais fraca. A cotação do bitcoin e outras criptomoedas do tipo tende a subir um pouco mais, embora ainda não devam recuperar o pico pré-pandemia.

Bom, até o momento é isso que eu espero do ano que se inicia, mas, como sabemos, tudo pode mudar ao longo do percurso. Por isso estarei sempre atento às novidades e as compartilharei com vocês. Mantenha informado através dos meus canais!

Vamos com tudo neste 2023!