Reviravolta na venda da Netpoints para a Dotz?

No fim de outubro, um negócio no setor de programas de coalizão era dado como certo: a compra da Netpoints pela Dotz. Afinal, a Dotz, dona de um faturamento de R$ 450 milhões e mais de 24 milhões de associados, tinha assinado um memorando de entendimento para comprar a Netpoints, empresa que pertence a Smiles, Lojas Marisa, Bozano, entre outros acionistas. Mais do que isso: na época, Roberto Chade, presidente da Dotz, chegou a confirmar a compra e a Lojas Marisa divulgou fato relevante de que havia assinado um memorando de entendimento para vender a sua participação na companhia de fidelidade que fatura R$ 40 milhões. “Temos um posicionamento muito forte no mundo do varejo, que é o nosso avião. E a Netpoints era a única companhia com uma atuação próxima do que fazíamos. No processo de consolidação, fazia todo sentido trazê-la para dentro. Essa transação reforça de forma absoluta nossa liderança no mercado de varejo”, disse Chade na última semana de outubro. E, indagado sobre o que faria com a marca Netpoints, prosseguiu. “Vamos consolidar tudo na marca Dotz. Mas antes precisamos esperar a aprovação do Conselho Econômico de Defesa Econômica (Cade), o que deve demorar até 60 dias.” Mas o negócio pode não sair. Pelo menos por enquanto.

De acordo com uma fonte envolvida nas negociações, a Smiles, em acordo com os outros sócios, vetou a venda para a Dotz. Essa mesma fonte afirma que um dos entraves foi a forma como a Dotz queria pagar. “A cada conversa, a Dotz mudava o negócio, fazia exigências ou ofertas diferentes. No fim, queriam que o dinheiro ficasse em depósito por cinco anos”, diz. Outra fonte afirma também que incomodou ver Chade confirmando a compra quando havia, naquele momento, um memorando de entendimento. “Pode até acontecer a venda, mas não agora. Eles terão de voltar a negociar.” Já outro executivo do mercado afirma que do lado da Netpoints há muita divergência em relação ao preço e as formas de pagamento. "Os sócios não estão se entendendo nessa questão", diz ele. O cancelamento do negócio, mesmo que por enquanto, põe água no chopp da Dotz bem no momento em que a companhia já fazia planos e se preparava para fazer a integração das companhias. Procurada, a Smiles não se pronunciou sobre o assunto. A Dotz, por meio de sua assessoria de imprensa, negou que a compra tenha sido vetada. Segundo o presidente e fundador da Dotz, Roberto Chade, “existe um contrato de compra da Companhia vinculante firmado pela Dotz como compradora e por todos os sócios da Netpoints como vendedores. A operação foi aprovada pelo Cade e, a partir da segunda quinzena de janeiro, serão formuladas as garantias finais pelos vendedores para a conclusão do negócio.” A conferir.