A revolução sem mudança mas em mudança acelerada
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A revolução sem mudança mas em mudança acelerada


O ímpeto de mudar a forma de gestão duma empresa que na sua génese é familiar tentando transformar algo que até funciona em algo que se afirma mais profissional é sempre mais um desejo do que propriamente uma necessidade.

Empresas familiares com sucesso onde os membros da direção são maioritariamente relacionados com a família e que estão em funções há largas décadas e acima de tudo com provas dadas de sucesso são empresas que devem ser consideradas de sucesso.

Se assim é porque é que existe uma necessidade de afirmação e de “profissionalização” das estruturas? E é realmente isto uma necessidade?

Sempre que uma empresa tem a base familiar na sua estrutura de direção há uma tendência para se afirmar que os cargos dessas pessoas apenas são de relação pessoal e que podem, caso sejam ocupados por profissionais com maior formação e com provas dadas em corporações de maior dimensão, obter um melhor desempenho e fazer a empresa ultrapassar o patamar de crescimento e quiçá de reconhecimento nas indústrias em que estão inseridas.

Esta ideia é muito interessante, mas é também um desafio muito difícil de ser ultrapassado e pode demorar décadas para que se consiga: 1-provar que vai de facto funcionar e 2- conseguir que seja aceite pela maioria dos shareholders, que “by the way” são também da família.

Na verdade, estamos a falar de mudar o que está certo e funciona por algo que apenas poderá funcionar em teoria, ou seja, mexer em equipa que ganha é sempre uma decisão difícil.

Uma estrutura familiar tem muitos problemas, mas tem por certo muitas vantagens que no mundo empresarial resolvem a maioria dos pequenos entraves que uma corporação cheia de procedimentos tem dificuldade em ultrapassar. Em ciência de administração estudam-se as estruturas organizacionais de forma a entender este fenómeno, Lineares, funcionais, linha/staff entre outras, contudo nem sempre se consegue identificar uma estrutura como sendo a representação exata duma organização, e as familiares são ainda mais difíceis de catalogar

O tema de hoje é a possível ou não, necessária ou não, mudança duma estrutura familiar para uma corporação profissional talvez com uma estrutura funcional.

A diferença é menor do que se possa pensar, em especial em empresas já de si estruturadas e com alguma dimensão. Tendemos a pensar que uma empresa familiar tudo está centralizado em poucas pessoas que gerem o seu muito poder sobre todas as outras o que reduz de forma dramática a eficiência, mas na verdade até nem é tanto assim, as organizações com muitos anos de atividade acabaram por se auto organizar em algum tipo de estrutura mais ou menos funcional que resolve os problemas do dia-a-dia sem ter de se recorrer ao “chefe”, contudo e na verdade, a gestão dos poderes dentro duma estrutura familiar é de facto o maior obstáculo a ultrapassar uma vez que o “beija mão” do chefe continua a desempenhar um papel fundamental na vida da organização, ou pelo menos o que tem alguma relevância, mesmo que não seja caro, ou necessite de investimento.

Por outro lado, se a gestão do “beija mão” for feita com o devido cuidado até o maior investimento pode ser rapidamente aprovado sem grande necessidade de processos demorados de avaliação.

Mas e se a coisa funcionou, continua a funcionar e tem dado resultados avultados, quer dizer que está mal? E por que queremos então mudar?

Bem na verdade e na maioria dos casos não queremos mudar nada, mas a dimensão pode querer levar a empresa a outro patamar como por exemplo tornar-se pública, ou seja, cotada em bolsa e atrair outros investidores. Para isso há que cumprir os processos bem mais exigentes de gestão que assegurem aos investidores que a empresa é fiável o suficiente e que a gestão desta não está sujeita aos desmandes dumas quantas pessoas escolhidas por motivos que não sejam os da competência profissional.

Quando não é este o caso há ainda uma coisa que leva de forma autónoma à profissionalização das organizações. O investimento em novas e diferentes áreas de negócio. Sempre que algo é novo requer uma atenção especial e leva a que as administrações procurem gente competente e com provas dadas para levar esses novos investimentos ao sucesso, e essa mudança é inevitável para toda a organização acabando por contaminar todos os negócios desta.

Esta é realmente a fase mais interessante da vida duma organização que entra em ebulição de novas coisas a acontecer, novas ideias e projetos, novas pessoas que muito contribuem para a condução da organização ao nível que antes foi desejado.

Por favor digam-me qual a vossa opinião sobre este assunto

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