Ribeirão Preto precisa melhorar a qualidades do empregos que gera.
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Ribeirão Preto precisa melhorar a qualidades do empregos que gera.

A informação da geração do emprego na cidade de Ribeirão Preto merece uma análise mais ampla que a simples referência do saldo entre admitidos e demitidos consequência dos dados coletados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

              A análise isolada do Mês de Julho/2017, em que foram admitidos 7338 trabalhadores e demitidos 6590 trabalhadores, resultando no saldo positivo de 748 postos de trabalho gera euforia e oferece argumento para aproveitadores usarem a comunicação e promover otimismo dissimulado.

              Considerando o acumulado nos último dozes meses o nosso déficit é de 1423 postos de trabalho, ou seja, é necessário uma sequência de dois meses com o resultado de julho para repor as vagas formais de trabalho perdidas no período. 

              Estendendo o período para dois anos, o déficit de emprego formal na cidade salta para 7782, ou seja, é necessário quase um ano de resultado consecutivo parecido com o mês de Julho. Será que teremos essa sustentação?

              Deixando de olhar o número absoluto do emprego e partindo para um tema que não gera discussão na cidade: qualidade do emprego gerado em Ribeirão Preto. Esse tema não pode deixar de ser debatido pelas pessoas que desejam o desenvolvimento econômico por razões óbvias. A extensão da amplitude de conhecimento exigido do profissional. O número maior de habilidades que o profissional deve aperfeiçoar para se posicionar no mercado. Aptidões lapidadas para o profissional manter-se ativo no mercado. A soma dessas características pertence ao profissional disputado pelo mercado onde as novas tecnologias de valor agregado estão presentes. O resultado é uma economia com produtos de alto valor, com reflexo no aumento valor do PIB, pagamento de melhores salários, qualidade de vida superior, e principalmente exigindo pessoas com nível superior de instrução.

              Quando examinamos essa situação o nosso cenário é de lamento.

              Comparando Ribeirão Preto com algumas cidades de menor porte, vamos verificar que estamos desencaminhando para uma economia sustentável na geração de empregos com melhores salários. De acordo com o IBGE, em Ribeirão Preto o agronegócio representa 0,38% do PIB, enquanto a indústria fica com 12,30% e o segmento de serviços 87,33%. O PIB per capita tem o valor de R$=33.237,16 anual.

 

·       Na cidade de Jundiaí o agronegócio representa 0,43% do PIB, enquanto a indústria fica com 29,68% e o segmento do serviço 69,60%. O PIB per capita tem o valor de R$=75.937,26 anual.

 

·       Enquanto Hortolândia o agronegócio representa 0,01% do PIB, a indústria fica com 49,22% e o segmento do serviço 50,76%. O PIB per capita tem o valor de R$=38.512,37 anual.

 

·       Na cidade de Sorocaba o agronegócio representa 0,18% do PIB, enquanto a indústria fica com 33,24% e o segmento do serviço 66,58%. O PIB per capita tem o valor de R$=40.946,12 anual.

 

·       Na cidade de Sumaré o agronegócio representa 0,85% do PIB, enquanto a indústria fica com 42,59% e o segmento do serviço 56,56%. O PIB per capita tem o valor de R$=33.330,19 anual.

 

·       SJ dos Campos o agronegócio representa 0,05% do PIB, enquanto a indústria fica com 36,83% e o segmento do serviço 63,12%. O PIB per capita tem o valor de R$=37.693,83 anual.

 

Ribeirão Preto que sempre exaltou sua vocação para o segmento de serviços tem o menor PIB per capita das cidades comparadas.

              O valor proporcional que é originário da indústria em Ribeirão Preto é no mínimo duas vezes menor que qualquer município comparado. A nossa vocação para serviços nos deixa mais pobres em relação com os municípios que tem na indústria seu principal fator de produção.

              Essa situação é explicita quando comparamos diretamente os salários pagos.

              De acordo com o CAGED o salário médio de admissão para o mês de Julho/2017 em Ribeirão Preto foi de R$=1.468,86. Hortolândia R$=1.758,96. Jundiaí R$=1.618,85. Sorocaba R$=1.571,08. Sumaré R$=1.795,36. SJ dos Campos R$=1.699,73.

 

              Para profissionais com ensino superior completo o salário médio de admissão para o mês de Julho/2017 em Ribeirão Preto foi de R$=2.364,74. Hortolândia R$=4.569,38. Jundiaí R$=3.035,06. Sorocaba R$=2.953,06. Sumaré R$=4.029,23. SJ dos Campos R$=3.200,34.

 

              Para os profissionais contratados pela indústria o salário médio de admissão para o mês de Julho/2017 em Ribeirão Preto foi de R$=1.600,50. Hortolândia R$=2.683,40. Jundiaí R$=1.804,74. Sorocaba R$=1893,41. Sumaré R$=2.678,07. SJ dos Campos R$=2.579,89.

 

              Os profissionais admitidos no segmento de serviços o salário médio de admissão para o mês de Julho/2017 em Ribeirão Preto foi de R$=1.407,52. Hortolândia R$=1.564,85. Jundiaí R$=1.540,80. Sorocaba R$=1.516,03. Sumaré R$=1.666,59. SJ dos Campos R$=1.567,05.

 

              Os profissionais contratados para trabalharem no comércio o salário médio de admissão para o mês de Julho/2017 em Ribeirão Preto foi de R$=1.447,91. Hortolândia R$=1.419,54. Jundiaí R$=1.600,70. Sorocaba R$=1.413,19. Sumaré R$=1.434,94. SJ dos Campos R$=1.439,23.

 

Trabalhador da cidade de Ribeirão Preto tem menor salário de contratação no geral. O nosso trabalhador especializado, com graduação, recebe salário de admissão que chega a valer duas vezes menos na comparação com trabalhadores de Hortolândia, por exemplo. A nossa indústria paga menos na contratação de trabalhadores especializados, e até a área de serviços que nos envaidece, paga menos na admissão de trabalhadores em comparação com os municípios estudados.

              Essa situação comprova que quando o salário cresce em um segmento da economia que gera mais riqueza, alavanca todos os outros segmentos, provocado pela disputa do trabalhador mais preparado tecnicamente.

              A cidade de Hortolândia, dos municípios analisado é o mais promissor para o futuro. Jundiaí já tem a sua situação consolidada com a indústria. Terá que se ajustar para trabalhar com produtos de valor agregado maior.

              Hortolândia está no início do seu processo na industrialização. Em pouco mais de dez anos a cidade já atraiu 300 indústrias de vários setores, principalmente tecnologia da informação, farmacêutico e ferroviário.

              Na área de tecnologia IBM, Dell, ZTE, por exemplo se estabeleceram na cidade devido à proximidade do polo tecnológico de Campinas.

              O segmento farmacêutico é outro tipo de indústria que se instalou na cidade com os fabricantes EMS e Galderma.

              O polo ferroviário com importantes indústria de vagões como Bombardier, AmstedMaxion, CAF, e outra vertente da indústria local.

              A cidade não consegue oferecer toda mão de obra qualificada que essas indústrias necessitam, por isso torna-se um polo atrativo para pessoas de outros municípios, beneficiando a região com remuneração acima do mercado.

              Ribeirão Preto poderia assumir este papel. Tem estrutura para capacitar trabalhadores, desde que se faça isso com planejamento, não apenas para dar satisfação à sociedade. Por exemplo, atualmente o município oferece capacitação aos jovens. É grande o número de escolas de ensino superior. Mas o município e as escolas não conversam com a classe empresarial para saber adequar as necessidades econômicas, estrategicamente planejada visando o futuro econômico saudável do município. Por exemplo, as empresas do município, não comportam, não vão gerar empregos, para a maioria dos estudantes que conquistam seus diplomas, no mais diversos cursos de graduação porque a oferta de profissionais nestas áreas já é muito superior à demanda das empresas locais. O distanciamento tripartite (governo municipal, escolas e empresas) acaba frustrando sonhos de profissionais com potencial. 

Mas fica sempre estamos na expectativa de grandes centros comerciais. O comércio precisa da indústria para sobreviver. Hoje a cidade de Hortolândia atrai grandes redes de varejo, mais que Ribeirão Preto.

              Para especificar alguns cargos contratados em Julho/2017, e apontar a diferença no salário de admissão. Vamos ver alguns exemplos:

·       Indústria de Alimentos, que tem boa representatividade no segmento em Ribeirão Preto paga um salário de admissão para Cozinheiro industrial o valor de R$=1.228,00. Em Hortolândia o mesmo cargo admitido em julho recebeu salário de R$=1.425,00.

 

·       Indústria Química que também tem forte presença em Ribeirão Preto, contratou trabalhador na linha de produção com o salário de R$=1.372,00, Em Hortolândia R$=1.470,00. Assistente administrativo foi contratado em Ribeirão Preto pelo salário de R$=1.519,75. Hortolândia R$=4.546,00. A Diferença e extremamente marcante. Considerando que também é encontrado contratações na indústria química de Hortolândia cargos com salário de R$=17.000,00 para gerente, e de até R$=55.000,00 para diretores. Situação que a anos não se encontra na nossa indústria química.

 

·       No segmento metalúrgico um serralheiro foi contratado ganhando um salário de R$=1.505,00, em Hortolândia o mesmo cargo foi admitido ganhando R$=2.389,00.

 

·       Na área de serviços motorista de ônibus urbano recebe um salário de admissão no valor de R$=1.788,40. Em Hortolândia o mesmo motorista recebe R$=2.298,00 na admissão.

 

·       Um operador de caixa no comércio de Ribeirão Preto foi admitida com o salário médio de R$=1.349,00. Em Hortolândia a mesma operadora de caixa ganha R$=1.420,00 na admissão.

 

Esses poucos exemplos são suficientes para apontarem a importância de ter empresas instaladas na cidade que oferecem cargos aos empregados enriquecidos de tarefas que exigem do seu ocupante muito mais que movimentos repetitivos, frases decoradas, que o robô substituirá facilmente no futuro. Os produtos oferecidos com valor agregado, trás mais prosperidade ao município.

Os exemplos acima mostram que todos os cargos se beneficiam com salário superior. É o efeito da alavancagem.

Ribeirão Preto é município de destaque no cenário nacional. Mas isso está ficando apenas nas considerações referenciadas pelo passado, nos créditos acumulados, que estão perdendo valor diante dos fatos e dados apresentados. As autoridades precisam atentar para o futuro da cidade e o que será oferecido aos seus habitantes em oportunidades de trabalho quando refletirem sobre emprego para população.

 


Joaquim Lauro Sando

Engenheiro Agrônomo, especialista em Desenvolvimento Regional Sustentável

7 a

Pois é, mas empreendedorismo não se ensina na escola.

Bethania Gigar

Advogada | Analista Jurídico | Analista de Contratos | Especialista Recuperação de Crédito e Cobrança | Contencioso Cível | Bancário | Previdenciário | Trabalhista | Audiências |

7 a

Excelente texto!!! Realidade do mercado em Ribeirão Preto.

Luciano Alves Pezzi

INSTRUTOR PARTICULAR AUTOMÓVEIS

7 a

Exatamente o que fiz. Treinamento para pessoas habilitadas que tem medo, trauma, ansiedade e outras.👍👍👍

Genival de Souza e Silva

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7 a

Um dos artigos mais completos, perspicazes e coerentes que li sobre Ribeirão Preto. Muito bom. Poste mais!

Fernanda Bruni Soliani

PhD Imunologia | Controle de Qualidade | Imunobiológicos | BPF e BPL | P&D | Assessoria técnico-cientifica

7 a

Concordo fortemente com sua análise Antônio. Ribeirão Preto precisa melhorar!

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