Síndrome de burnout; sintomas dos nossos tempos
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Síndrome de burnout; sintomas dos nossos tempos

Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, definido por Herbert J. Fredenberger como um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional.

A síndrome de Burnout (do inglês to burn out, Algo como queimar por completo), também chamada de Síndrome do esgotamento Profissional, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 1970.

A síndrome de burnout, ou esgotamento profissional, decorre de stress prolongado no trabalho. O termo em inglês significa estar chamuscado, queimado, calcinado por um fogo que se alastra como numa floresta. É quando a casa cai, resume o psiquiatra e clínico-geral Cyro Masci, autor do livro digital Bioestresse: Novos Caminhos para o Equilíbrio e a Saúde.

Burnout é geralmente desenvolvida como resultado de um período de esforço excessivo no trabalho com intervalos muito pequenos para recuperação. Pesquisadores discordam sobre a natureza desta síndrome.

Enquanto diversos estudiosos defendem que Burnout refere-se exclusivamente a uma síndrome relacionada à exaustão e ausência de personalização no trabalho, outros percebem-na como um caso especial da depressão clínica mais geral ou apenas uma forma de fadiga extrema (portanto omitindo o componente de despersonalização).

Trabalhadores da área de  saúde são frequentemente propensos ao burnout. Os médicos parecem ter a proporção mais elevada de casos de burnout (de acordo com um estudo recente no Psychological Reports, nada menos que 40% dos médicos apresentavam altos níveis de burnout).

Os estágios de Burnout:

Dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia (imediatismo);

Descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;

Recalque de conflitos - o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;

Reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho;

Negação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;

Recolhimento e aversão a reuniões (recusa à socialização);

Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor);

Despersonalização (evitar o diálogo e dar prioridade aos e-mails, mensagens, recados etc);

Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;

Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;

E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência.

Sinais da síndrome

Acúmulo de tarefas, cobranças excessivas, perfeccionismo e foco no trabalho como fonte exclusiva de prazer levam ao esgotamento físico e mental. Reconheça os sinais da síndrome de burnout e aja antes de acabar exaurida.

A síndrome é um sintoma dos nossos tempos; é uma condição de esgotamento tamanha que nos leva a uma paralisia de forças e sentimentos que acaba se convertendo numa perda da vontade de viver.

Os casos dessa síndrome são cada vez mais frequentes. Antes relacionada apenas a trabalhos sociais, a síndrome vem se espalhando também para outras profissões.

Uso excessivo da tecnologia, foco demasiado no consumo e materialismo são fatores que contribuem com o problema. A questão de fundo é a de que nos exploramos e deixamos que nos explorem.

A dedicação exagerada à atividade profissional é uma característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a autoestima pela capacidade de realização e sucesso profissional.

O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica, forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão.

É uma patologia que atinge membros da Área da Saúde, Segurança Pública, setor bancário, Educação, Cartorários, Tecnologia da informação, Gerentes de Projetos, profissionais da saúde em geral, jornalistas, advogados, bioquímicos, professores e até mesmo voluntários.

É como se o corpo e a mente colocassem um ponto final: Agora chega! Um cansaço devastador revela falta absoluta de energia. Todas as reservas estão esgotadas. No trabalho, a pessoa, antes competente e atenciosa, liga o piloto automático.

No lugar da motivação, surgem irritação, falta de concentração, desânimo, sensação de fracasso. Esses são indícios de uma doença cruel e de difícil diagnóstico que avança nos hospitais, nas empresas, escolas, etc.

O rendimento, claro, cai. Quem tem burnout trabalha cinco horas a menos por semana, calcula a psicóloga. E enfrenta maior risco de erros e acidentes de carro, por exemplo, diante da desatenção e da imprudência. Como se não bastasse, há perdas sociais, especialmente na relação com os colegas.

Sintomas em estudos

Os sintomas são variados: fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, muita falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e problemas digestivos. Segundo Dr. Jürgen Staedt, diretor da clínica de psiquiatria e psicoterapia do complexo hospitalar Vivantes, em Berlim, parte dos pacientes que o procuram com depressão são diagnosticados com a síndrome do esgotamento profissional.

O professor de Psicologia do comportamento Manfred Schedlowski, do Instituto Superior de Tecnologia de Zurique (ETH), registra o crescimento de ocorrência de Burnout em ambientes profissionais, apesar da dificuldade de diferenciar a síndrome de outros males, pois ela se manifesta de forma muito variada: 

Uma pessoa apresenta dores estomacais crônicas, outra reage com sinais depressivos; a terceira desenvolve um transtorno de ansiedade de forma explícita, e acrescenta que já foram descritos mais de 130 sintomas do esgotamento profissional.

Apoio ao doente

O grupo demonstra solidariedade e até oferece auxílio nas tarefas. Mas, sobrecarregado pelos afazeres do outro, passa a questionar: Como alguém pode ficar doente o tempo todo?  

Familiares e amigos também questionam como alguém de aparência normal pode estar tão debilitado. A tendência é darem conselhos para reagir, o que só piora o quadro. Muito exigente consigo, o profissional vai tentar produzir mais, o que intensifica o cansaço e diminui a eficiência, tornando-se um ciclo vicioso.

Os números

No Brasil, 30% dos profissionais apresentam esse grau máximo de pane no sistema, conforme pesquisa da filial nacional da International Stress Management Association (Isma), que avaliou mil pessoas de 20 a 60 anos entre 2013 e 2014.

Segundo a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da organização no país, 96% dos atingidos sentem-se incapacitados, o que provoca absenteísmo, para realizar exames e licenças médicas, e presenteísmo, quando se está fisicamente no posto, mas com a mente distante.

Desejo aos meus leitores uma feliz semana!

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