Saúde digital: as ferramentas-chave para uma melhor tomada de decisão

Desde os primeiros dias da Informática da Saúde, os principais objetivos têm sido ajudar os profissionais de saúde no processo de tomada de decisões para evitar erros, maximizar a eficiência e melhorar a saúde através de cuidados baseados em evidências. As ferramentas que auxiliam no processo de tomada de decisão são conhecidas como Sistemas de Apoio à Decisão (CDSS). De acordo com a Associação Americana de Informática Médica, o CDSS fornece aos profissionais de saúde e pacientes conhecimentos e informações específicas sobre pessoas ou população, inteligentemente filtradas ou apresentadas em momentos apropriados para agilizar os processos, melhorar o atendimento aos pacientes e alcançar melhores resultados na saúde da população. Dos múltiplos tipos de CDSS, lembretes e alertas são elementos-chave de alto impacto para estes objetivos. 

 A maioria dos sistemas de alerta e lembrete foi desenvolvida para auxiliar os profissionais de saúde. Entretanto, há um interesse crescente em fornecer as mesmas soluções aos pacientes para melhorar a autogestão da saúde. Se partirmos da premissa de que os pacientes passam apenas uma parcela muito pequena de suas vidas no sistema de saúde, vemos a necessidade de sair do ambiente clínico e entrar na vida cotidiana com nossas soluções para melhorar os resultados. O uso das tecnologias da informação tem o potencial de melhorar a adesão ao tratamento através de tomada de decisões compartilhadas e autogestão. Com o advento dos portais de saúde do paciente ou PHRs, estamos vendo os primeiros passos para um atendimento centrado no paciente e nos pacientes como gerentes de suas informações de saúde. 

 Vários estudos demonstraram que o acesso à informação sobre saúde e apoio à decisão permite aos pacientes participar mais ativamente do processo de tratamento, levando a melhores resultados, tais como a redução das prescrições de longo prazo, maior adesão ao tratamento, melhoria dos processos paliativos e de cuidados no final da vida, entre outros. É necessário, portanto, desenvolver e implementar soluções que facilitem o acesso a tais informações. 

Lembretes e alertas: o primeiro passo para a autogestão

Lembretes e alertas podem ajudar as pessoas a administrar sua saúde, encorajando-as a agendar consultas, agendar testes, lembrá-las de tomar seus medicamentos e servir como um elo entre pacientes, profissionais de saúde e instituições. 

Em geral, os alertas e lembretes têm três componentes:

1. Um evento, uma ocorrência que acontece em um determinado momento.
2. Quando o evento ocorre, uma regra é acionada e uma avaliação é feita para saber se uma condição existe e/ou é cumprida.
3. Se a condição for cumprida, a regra desencadeia uma ação.

Por exemplo: 

1. Evento: o paciente atinge uma certa idade.
2. Condição: se o paciente atingir uma certa idade e não tiver um determinado estudo; se estiver entre certos anos de idade sem um estudo prévio ou mais velho que um certo número de anos, uma notificação deve ser enviada.
3. Ação: lembrete da prática preventiva.

Uma ação como o exemplo mencionado acima incentiva o autocuidado e o desenvolvimento de um sistema de saúde orientado para a prevenção e a proatividade; desta forma, as pessoas são encorajadas a cuidar mais detalhadamente de sua saúde, tornando mais fácil para elas administrá-la com apenas alguns cliques. Ao mesmo tempo, eles dão maior visibilidade à importância do autocuidado e da gestão da saúde, com base no monitoramento e no apoio. 

Absenteísmo ou não-comparência: um desafio para o ambiente ambulatorial

O absenteísmo é um evento freqüente no ambiente ambulatorial: globalmente, são relatadas taxas entre 19 e 43%. Este evento tem um impacto negativo na qualidade do atendimento, causando interrupções no gerenciamento clínico, atrasos nos cuidados programados e redução da satisfação do paciente. Também implica grandes perdas financeiras para clínicas e hospitais: só nos Estados Unidos, o absenteísmo gera perdas de 150 bilhões de dólares por ano. Diante deste fenômeno, os fornecedores investem esforços e recursos consideráveis para controlá-lo e criar "soluções", tais como overbooking e/ou turnos de overbooking, o que, por sua vez, leva à saturação do sistema. 

Um estudo no Brasil mostrou que três em cada quatro clínicas reduziram significativamente o absenteísmo através da implementação de lembretes de turno. Da mesma forma, em uma revisão sistemática da literatura, o efeito dos lembretes enviados por telefone, e-mail e SMS na redução das taxas de absenteísmo foi avaliado e reduzido em 9,4%, 8,6% e 7,6%, respectivamente.

As ferramentas digitais de saúde desempenham um papel fundamental neste movimento em direção ao empoderamento do paciente, e devem ser aproveitadas. Em Osana, implementamos um bot que lembra os pacientes de suas consultas através do Whatsapp, usando soluções One Click. Com isso, queremos que o usuário possa confirmar ou cancelar a consulta de forma simples, garantindo que ele possa comparecer às consultas e, portanto, reduzir as taxas de absenteísmo e suas conseqüências para a gestão dos serviços ambulatoriais.

Economia comportamental e seu impacto nos CDSSs

Mas o simples envio de um lembrete não funciona como mágica. No campo da economia comportamental, os pesquisadores reconhecem que as pessoas nem sempre agem de forma lógica ao tomar decisões, portanto, existem ferramentas para incentivar os comportamentos desejados. Pode ser a forma como uma lista de opções é apresentada, mudanças sutis de design, bem como o idioma escolhido, que podem empurrar as pessoas em uma determinada direção de ação. Por exemplo, as mensagens que utilizam uma linguagem comum que incorpora elementos sociais em seu núcleo são provavelmente mais eficazes na mudança de comportamento de direção. O mesmo se aplica às mensagens que se afastam dos estilos restritivos ou negativos e se baseiam em estilos mais positivos e informativos.

Na área da saúde, foi demonstrado que a narrativa estratégica de lembrete pode aumentar a conformidade, ou seja, utilizando elementos discursivos que encorajam as pessoas a tomar uma determinada ação, tais como mensagens persuasivas, mensagens informativas com um impacto positivo, etc. Para isso, é essencial concentrar-se em estratégias centradas no paciente, em suas necessidades e preferências. É aqui que as equipes UX entram em suas próprias equipes, focadas em projetar soluções que respondam diretamente às necessidades dos usuários, melhorando assim a experiência do paciente. 

Em direção a um modelo digital mais inclusivo e eficiente em termos de recursos 

O paciente CDSS traduzido em soluções tecnológicas inclusivas oferece novas maneiras de garantir uma orientação clínica baseada em evidências, no momento certo, de uma maneira que é fácil de entender e agir. Eles também têm grande potencial para melhorar a tomada de decisões compartilhadas entre pacientes e profissionais de saúde, com base em dados específicos, ao mesmo tempo em que ajudam a reduzir custos e a melhor utilização de recursos em todo o sistema. Hoje temos portais de saúde para pacientes, chatbots, sistemas de notificação, ferramentas-chave para facilitar o envolvimento na gestão da saúde. As intervenções implementadas através delas têm sido eficazes para melhorar a utilização dos serviços de saúde preventiva, ainda mais quando integradas com os EHRs.

O próximo passo para os CDSSs (e o sistema de saúde como um todo) é conseguir coordenação e integração entre os sistemas de informação de todas as partes interessadas - provedores, financiadores e indústria farmacêutica - para que a experiência do paciente e dos profissionais de saúde seja simplificada e aprimorada por novos e melhores resultados através da implementação de tais ferramentas. Para saber mais sobre Osana e como fortalecemos a saúde digital na América Latina visite nosso website; você também pode acompanhar todas as notícias no Linkedin e Instagram.