Saúde a todos

Curioso omo a questão da saúde pública está sendo tratada em segundo plano. Sim, porque mesmo sabendo que boa parte dos afetados pelo novo coronavírus cairá no SUS, ainda falamos pouco da sua estrutura. Talvez porque boa doentes atuais (dia 1º de Abril) têm acesso ao setor privado. Em poucos dias esse quadro mudará.

O isolamento social poderia nos ajudar a perceber e discutir a importância do investimento em saúde pública. Investimento, não gasto.

É hora de discutir saúde pública porque precisamos muito dela agora, e precisaremos no futuro próximo, no mundo pós-coronavírus.

Será que vamos aprender a importância de ver saúde como bem-estar das pessoas e não como doença? As bases de dados vão estar mais bem coordenadas para ajudar nos tratamentos? Por outro lado, como faremos com a vigilância tecnológica no campo da saúde que tende a crescer nas cidades? Ajudou muito na Ásia, mas tem seu custo. Caminhamos para ser uma sociedade mais vigiada.

Planos de saúde baratos, como pulularam nos últimos tempos, não dão suporte a tratamentos mais graves, como vemos. Os pacientes vão desaguar no SUS, que os últimos governos, este incluso, insistiram em desidratar. E agora?

Me parece que no mundo pós-coronavírus o SUS será ainda mais demandado.

Teremos um ajuste na economia. Haverá mais desemprego. Menos pessoas com acesso a plano particular. É possível que o coronavírus deixe danos colaterais nos infectados, demandando mais cuidados.

Deve crescer também a busca por ajuda psicológica no mundo pós-coronavírus (por pobres e ricos). O filosofo italiano Franco ‘Bifo’Berardi’ usa uma expressão interessante para isso: psicodeflação.

Como vamos lidar com esse mundo pós-coronavírus? Seria importante começarmos a discutir e pressionar os governos já, para não pensarmos quando for tarde (mais uma vez). Essa não foi, nem será, a primeira ou a última síndrome respiratória aguda. Mas essa nos pôs de joelhos, desnorteados.

Podemos usar um pouco do tempo de isolamento para pensar o futuro da sociedade que queremos.