Sabe o quanto custa lá fora o que você consome aqui?
Mais uma colaboração para a Economia de Veja.com. Boa leitura!
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Ao entrar em uma loja para comprar um chinelo, o brasileiro paga quase um terço do preço do produto em imposto (31,09%). Na hora de tomar uma água de coco, o peso dos tributos é semelhante (34,13%). Se a opção for comprar uma garrafa de cachaça para fazer a caipirinha do churrasco de domingo, a carga tributária é ainda maior (81,87%).
De cada R$ 100 produzidos pelo país, R$ 34,21 são recolhidos em forma de impostos aos cofres dos governos federal, estaduais e municipais. Com isso, o Brasil é um dos campeões no ranking de países com as maiores cargas tributárias do mundo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
Além da incidência de impostos no consumo, os preços dos produtos por aqui ainda são afetados por tributos indiretos e principalmente pelos custos de logística – uma vez que as deficiências de infraestrutura têm impacto no encarecimento do transporte de mercadorias.
Outros fatores ainda interferem no preço, segundo avalia João Eloi Olenike, presidente do IBPT: “A alta tributação na importação de itens para a industrialização interna no Brasil, o pagamento de royalties e de licenças a empresas do exterior e o valor excessivo de encargos sobre salários também contribuem para elevar os preços”.
Thiago Flores, diretor executivo do Zoom, site comparador de preços e produtos e que oferece apoio ao cliente no momento da compra, destaca que até a questão de segurança no transporte de cargas afeta os custos de logística e, por consequência, o preço final dos produtos.
“O transporte no Brasil é precário, tem de ser feito via terrestre e a logística se torna mais cara por causa dos investimentos cada vez maiores e frequentes que têm de ser feitos principalmente em tecnologia e segurança para prevenir o roubo de cargas. Tudo isso onera a operação”, diz o executivo.
Os efeitos da retração da economia e da desvalorização do real, que favorece em parte as exportações, também influenciam os preços por aqui.
“Com a demanda em queda, muitas promoções internas têm sido feitas para estimular o consumo dos brasileiros, principalmente em um cenário de inflação mais elevada”, afirma Flores.
Na pesquisa anual de Custo de Vida Internacional, realizada pela consultoria Mercer em 375 cidades dos cinco continentes, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília aparecem em 128ª , 156ª e 190ª posição no ranking.
São Paulo e Rio caíram 88 e 89 posições, respectivamente, em relação ao ano anterior, apesar do forte aumento nos preços de bens e serviços. O estudo da consultoria mede o custo comparativo de cerca de 200 itens em cada cidade, incluindo moradia, transporte, alimentação, vestuário, utilidades domésticas e entretenimento.
Rogério Bérgamo, líder da prática de informação da Mercer para o Brasil, destaca que a queda de posições das cidades brasileiras está diretamente relacionada ao enfraquecimento do real frente ao dólar, apesar dos aumentos nos preços dos bens e serviços
Hong Kong, na Ásia, encabeça o ranking da cidade mais cara neste ano, enquanto que Windhoek, na Namíbia, é considerada a cidade mais barata do mundo.
Confira os preços de 7 produtos brasileiros dentro e fora do país (*):
1. Havaiana
Modelo feminino Slim, dourado, lisa sem estampa, tamanho 35/36
EUA: 26 dólares
Paris: 25,90 euros
Dubai: 125 AED (Dirham dos Emirados)
Chile: 10,90 pesos
São Paulo: 30,90 reais
2. Água de coco (Vitacoco 1 litro)
EUA: 4,18 dólares
Paris: 4,52 euros
Londres: £3.49
São Paulo: 8 a 10 reais
3. Cachaça Ypioca Prata (1 L)
(embalagem de palhinha)
Sacramento (EUA): 21,99 dólares
Illinois (EUA): 13,33 dólares
Lisboa (Portugal): 14,39 dólares
Inglaterra: 20.01 dólares
São Paulo: 21,90 reais
4. Castanha do Pará
(preço de 450 g produto sem casca)
EUA: 11,9 dólares
Paris: 29,25 euros
Irlanda: 15,75 euros
Canadá: 16,18 dólares
São Paulo: 53,82 reais
5. Panetone Visconti
(Tradicional, embalagem de 500 g)
Japão= 830 ienes
São Paulo = 14,98 reais
6. Polpa congelada de Açai
(4 unidades de 100 g cada)
Japão = 1.100 ienes
São Paulo = R$ 10,90
Barcelona (Espanha) = 16,66 euros
6. Café Pilão Tradicional
(embalagem vácuo – 500 g)
Japão: 690 ienes
Estados Unidos: 24,89 dólares
Miami (EUA): 9,49 dólares
São Paulo: 14 reais
(*) Preços confirmados dia 9 de novembro de 2016
Confira o peso dos impostos nos preços vendidos no Brasil
Segundo dados do IBPT
Chinelo: 31,09%
Café em pó: 16,52%
Cachaça: 81,87%
Água de coco: 34,13%
Polpa de açaí: 11,78%
Castanha do Pará: 36,35%
BRASIL – carga tributária foi de 34,21% em 2015