Sabores da Infância

Sabores da Infância

Domingo ensolarado e saí para correr, me coloquei a andar pelo parque, bem perto da minha casa, para esquentar o corpo antes do exercício, foi quando ao passar por baixo de uma frondosa árvore uma frutinha muito pequena caiu sobre o meu ombro e depois rolou pelo chão na minha frente. Um alaranjado lindo e apetitoso, não resisti e, me utilizando da regra dos 5 segundos, que permite você comer algo do chão sem se contaminar, assoprei a frutinha, e comi demoradamente aquela minúscula iguaria que me remeteu à infância. Apenas uma pitanga - Eugenia Uniflora; Myrtaceae da Mata Atlântica Brasileira, bastou para eu ficar por vários minutos lembrando de quantas vezes colhi esta fruta para comer com meus amigos após um futebol, um pedal, ou mesmo pelo simples fato de ficar ali “catando” a fruta e comendo sem me preocupar com mais nada.

Também há algumas semanas tive o privilégio de ser convidado pelo meu padrinho Rolph para um jantar comemorativo pelo aniversário de 80 anos.

- O que isto tem a ver com a primeira parte deste texto? Bom, eu respondo que tem tudo a ver. Vejam a sequência:

Neste aniversário parei novamente no tempo e percebi o quanto este homem viveu e admirou as maravilhas que Deus nos concedeu. Ele, desde sua juventude, foi um dos aventureiros que se arriscaram nas primeiras trilhas abertas para se chegar ao cume do Pico Marumby, Pico Paraná e tantas outras montanhas.

Nesta noite fui ainda apresentado ao Gavião, apelido de montanha do senhor Waldemar. Com 90 anos me contou algumas de suas aventuras, seus olhos já opacos devido à idade, brilhavam novamente lembrando seu passado aventureiro.

Eu entendo que estes bravos homens deixavam aflorar algo que existe dentro de todos nós, que nos chama para ver o mundo de outro jeito, de outra perspectiva. Ambos, ora pendurados numa pedra, ora dormindo numa barraca de lona, buscavam inconscientemente (ou não) ter o privilégio de ver o mundo sob um novo ângulo, acordar cedo e beber da grandeza e beleza de um nascer do sol, em cima da montanha.

E querem saber mais, o Gavião me contou que num dia nos idos de 1950 ele subiu o Pico Paraná em menos de 3 horas, registros desta façanha se encontram muito bem guardados com ele e sua família. Uma façanha muito melhor do que qualquer tempo que eu já tenha feito ou imaginado.

Concluindo, tudo isto tem a ver com contemplação, algo que estamos deixando de lado em nossos dias. Focamos tanto em ter mais, e acabamos sendo menos. As demandas de hoje, na sua maioria, nos deixam mais vazios e frustrados. Estamos correndo atrás do vento ao invés de reconhecer que temos de graça uma natureza exuberante a nossa espera. Contemplar isto nos faz aquietar o coração ansioso, o stress vai embora em poucas horas, e remédios para depressão não são necessários.

Nas escrituras sagradas já temos uma direção bem clara: “Então o Senhor Deus fez nascer do solo todo tipo de árvores agradáveis aos olhos e boas para alimento”. Gênesis 2:9a

Faça algo por você ainda hoje, sinta como a vida é muito mais do que ficar em casa assistindo televisão, vídeo games ou shoppings.

Um forte abraço,

Hugo Caruso

Diretor do DIPOV/SDA/MAPA

8 a

Muito bom! Parabéns

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