Saiba como promover hábitos saudáveis na sua empresa

Saiba como promover hábitos saudáveis na sua empresa

Logo após a virada do ano, o calendário de saúde é movimentado pelo Janeiro Branco. A campanha convida lideranças e colaboradores de entidades e empresas a dar uma pausa na correria do dia a dia para refletir sobre os cuidados relacionados ao bem-estar mental. Na prática, entretanto, nosso organismo pede um olhar mais holístico, pautado em uma gestão de saúde integrada.

Abril é um mês oportuno para adotar esse modelo gerencial, pois temos o Dia Mundial da Saúde, celebrado em todo 07/04. A ideia consiste em ajudar os colaboradores a se tornarem mais saudáveis e, portanto, menos predispostos a doenças ou a complicações de condições médicas preexistentes. Para as pessoas, a qualidade de vida tanto no trabalho como fora dele tende a melhorar bastante.

Especificamente para os times de RH, o resultado se traduz na queda do absenteísmo e do número de pedidos de afastamento do trabalho, seguido da melhora do eNPS. Em termos organizacionais mais amplos, a instituição se beneficia do engajamento espontâneo e duradouro.

Para chegar lá, é preciso oferecer uma ótima assistência médica e estruturar um planejamento de prevenção e de promoção de saúde. Contudo, repare que o sucesso de toda a iniciativa depende da ampla participação do público interno.

Quer aprender a incentivar seus colaboradores a praticar o autocuidado? Confira algumas dicas para lidar com a resistência à mudança!

Alimentação equilibrada e desmistificada

Montar pratos coloridos, com diversidade, equilíbrio e riqueza nutricional, é uma ação básica que deve compor nossa rotina alimentar. Nosso cardápio semanal deve ser constituído de diferentes fontes de:

  • proteínas;
  • gorduras;
  • carboidratos;
  • vitaminas;
  • minerais.

Ao orientar seus colaboradores, entretanto, procure ir além do óbvio. Depois de reforçar a manutenção de cardápios variados, com opções de legumes, hortaliças, carnes (ou quinoa, tofu, chia e soja para os veganos) e cereais, desfaça equívocos. 

O segredo de uma alimentação saudável também passa pela derrubada de uma série de mitos ligados ao assunto que, infelizmente, é propagada pela internet. Por mais que o roteiro de algumas dietas afirme o contrário, a ingestão diária de carboidratos, por exemplo, não é um problema, e sim uma necessidade.

Para se ter uma ideia, o consumo ideal desse tipo de alimento corresponde a mais de 50% de tudo o que consumimos no decorrer do dia. O consumo recomendado garante que os órgãos e músculos do nosso corpo recebam energia suficiente para desempenharem suas funções.

Por outro lado, também é verdade que nem todo carboidrato é realmente saudável. Existem diversas variedades de pães e doces que contêm os chamados carboidratos de cadeia simples. Esses, sim, devem ser considerados vilões da saúde, pois a degradação de suas moléculas é muito rápida, o que causa picos de glicemia no sangue.

Ao longo do tempo, há o risco de aumento da concentração de triglicerídeos. Embora seja uma reserva energética importante, o excesso dessa gordura eleva a predisposição para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e de complicações cardíacas.

Para evitar esses e outros problemas, basta priorizar os carboidratos complexos. Além de oferecer um poder nutricional maior devido à fonte robusta de fibras e de vitaminas, eles são liberados lentamente na corrente sanguínea.

Simultaneamente, combata firmemente o consumo de produtos industrializados, uma vez que a carga de fibras se perde em meio a esses processos de produção, enquanto a parte nutricional também fica seriamente comprometida.

Essa base nociva ao organismo deve, sempre que possível, ser substituída por:

  • raízes e tubérculos — batata (incluindo a doce), mandioca, inhame, cenoura, beterraba  etc.;
  • cereais e seus derivados — arroz, aveia, cevada, centeio etc;
  • leguminosas — ervilha, grão de bico, lentilha, feijão etc. 

Vale frisar que a ingestão descontrolada de carboidratos, desbalanceada com relação a outras fontes nutricionais, favorece quadros de obesidade, associados ao desenvolvimento ou piora de uma série de tumores malignos, como:

  • câncer de esôfago;
  • câncer de mama;
  • câncer de intestino;
  • câncer de endométrio;
  • câncer de mama;
  • câncer de tireoide.

Além dos  carboidratos, há muita desinformação sobre outros elementos fundamentais para uma alimentação realmente saudável. De alguns anos para cá, o glúten também é visto com maus olhos por muita gente.

O tema é delicado, pois existem pessoas que, de fato, não podem ingerir essa proteína ou o fazem com muita moderação. No entanto, é essencial ter em vista que somente cerca de 5% da população mundial tem algum grau de sensibilidade ao glúten. Outro aspecto importante: apenas 1% é comprovadamente celíaca.

Segundo um estudo da Universidade de  Johannes Gutenberg, a verdadeira origem do problema é, em boa parte dos casos, a presença da ATI (amilase tripsina). Há, inclusive, uma pesquisa de Harvard que atesta uma alta concentração desse tipo de proteína em certas espécies de trigo.  

Soma-se a tudo isso o fato de que o glúten também é importante no combate ao desenvolvimento do diabetes tipo 2. Uma investigação científica, que levou em conta dados coletados ao longo de três décadas, concluiu que o consumo da referida proteína pode reduzir em até 13% a probabilidade de desenvolvimento da doença.

Carboidratos e glúten são apenas dois exemplos. Com a ajuda de nutrólogos, nutricionistas, endocrinologistas e gastroenterologistas, o RH pode promover campanhas de reeducação alimentar completas e embasadas em estudos científicos — comunicados em uma linguagem acessível a todos. 

Ao mesmo tempo, é oportuno estabelecer um programa de acompanhamento individualizado da saúde dos funcionários. No caso de colaboradores que pertencem a grupos de risco, a rotina de exames permite o monitoramento de eventuais alterações (metabólicas, hormonais etc.) relevantes. Esse cuidado antecede diagnósticos e, não raro, salva vidas.

Por fim, a manutenção de um calendário com workshops, palestras e outros encontros dedicados à mudança de hábitos auxilia na consolidação de uma nova cultura alimentar na empresa.

Prática regular de atividade física

Até 2030, a OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta que devemos ter cerca de meio bilhão de casos de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares associados à falta de atividade física regular. Logo, colocar o corpo para se mexer é, literalmente, vital.

No Brasil, a estimativa do total de adultos obesos no mesmo ano gira em torno de 30%, como demonstra o World Obesity Atlas mais recente. O número de pessoas em idade adulta obesa segue subindo ano após ano. Em 2019, eram 20,27%, e em 2021, 22,35%, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

A modificação desse quadro nada animador é possível e passa por ações simples, mas incrivelmente eficazes. Uma delas se refere ao hábito de reservar pequenos intervalos para a realização de alongamentos

Sim, fazer alongamentos também é uma forma de exercitar o corpo. Na prática, trata-se de um movimento que favorece a flexibilidade corporal, além de desempenhar um papel indispensável na restauração do equilíbrio mantido entre tendões, ligamentos e músculos. A atividade também ajuda a prevenir lesões musculares, além de amenizar a tensão e o estresse no trabalho.

Essas vantagens já foram verificadas em diversos estudos. Em contrapartida, também há ressalvas nessas pesquisas. Basicamente, alongamentos extremamente repetitivos e feitos de maneira inadequada tendem a provocar problemas. Portanto, é importante contar com um profissional de educação física para que os movimentos e a frequência ideal sejam seguidos.

No mais, as lideranças dos times devem não apenas respeitar o momento de alongamento como dar o exemplo. Quanto mais gente demonstrar interesse na atividade, maior tende a ser o número de novos adeptos.

O mesmo raciocínio se aplica à adesão às demais modalidades de exercícios físicos. As vantagens mencionadas há pouco se somam a outras, como a sensível melhora do bem-estar emocional. Porém, tenha em mente que a conquista dos benefícios depende do estabelecimento de uma rotina fora das dependências internas da organização.

Para evitar que tudo não passe de uma empolgação passageira, as pessoas precisam criar algum vínculo com a atividade física. Existem dezenas de opções, mesmo para quem não gosta do ambiente de academias. Caminhar, correr, nadar, pedalar — não importa. O ponto-chave é incentivar os funcionários a se conectarem com o que eles têm maior afinidade.

Outro aspecto relevante é a conciliação dessas atividades aeróbicas (ao menos 150 minutos por semana, segundo recomendação da OMS) com aqueles treinamentos de resistência muscular. Na hora de iniciar, entretanto, talvez falte aquele estímulo a mais.

Para facilitar e agilizar o processo, incentive a formação de grupos, formados tanto por praticantes de determinada modalidade esportiva como por indivíduos que se identificam uns com os outros. Esse detalhe faz toda a diferença, pois a chance de manter a atividade física em dia é maior em boa companhia.

Sem dúvida, os ganhos proporcionados por esse esforço contínuo valem a pena:

Todos esses benefícios são comprovados cientificamente, mas cabe uma condição: o respeito de cada indivíduo aos limites do seu corpo. Afinal, as pesquisas também indicam que exercícios físicos extenuantes costumam gerar resultados contrários aos desejados.

Cigarro e álcool

Tabagismo e consumo exagerado de bebidas alcoólicas não combinam com a prática regular de exercícios físicos. O hábito de fumar é ainda mais preocupante, já que ele está associado a inúmeras condições médicas, como:

  • pressão alta;
  • infarto;
  • AVC (Acidente Vascular Cerebral);
  • tumores malignos — que vão muito além do câncer de pulmão.

Como em qualquer outro vício, abandonar o cigarro não é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas, principalmente quando se sentem sozinhas. Assim, as primeiras atitudes da empresa quanto aos colaboradores fumantes devem ser empatia e acolhimento. O tratamento dado deve ser similar ao de qualquer outro caso de saúde.

Depois de mapear os adeptos do tabagismo da organização, é essencial:

  • oferecer programas de bem-estar alinhados à faixa etária e às necessidades dos funcionários que fumam;
  • elaborar um cronograma de eventos em maio, mês que contempla o Dia Mundial Sem Tabaco;
  • abrir canais de comunicação para quem quiser pedir ajuda.

A lista de enfermidades ligadas ao tabagismo é enorme e segue a extensão de prejuízos. Na conta da OMS, as perdas, que também consideram a ociosidade no expediente de trabalho, são de cerca de US$ 1,4 trilhão por ano.

No que diz respeito ao álcool, não há grandes prejuízos atrelados aos treinos físicos, desde que a ingestão semanal da bebida seja mínima (cerca de 600 ml de cerveja ou 2 taças de vinho). O problema é que, quem está acostumado a beber, geralmente não mantém essa moderação todo fim de semana. Além disso, essa é mais uma substância viciante e que, portanto, requer cuidado.

No mais, tudo depende dos objetivos almejados por cada pessoa. Se a ideia é ganhar maior definição muscular, o álcool atrapalha, independentemente da quantidade. Tenha em vista também que a alimentação deve ser exemplar. As características genéticas de cada indivíduo também interferem no resultado, pois há quem tenha mais dificuldade para eliminar o álcool do organismo.

Devido ao risco de dependência, o abuso de álcool precisa ser igualmente abordado pelo RH da empresa com ênfase às principais consequências, como:

  • perda da concentração no trabalho;
  • sonolência e lentidão;
  • aumento do risco de acidentes de trabalho — principalmente em fábricas.

O intuito, claro, não é suspender o happy hour, e sim chamar a atenção dos colaboradores para a necessidade de começar a valorizar a adoção de hábitos saudáveis. Com uma boa sintonia entre o bem-estar físico, mental e emocional, podemos ser pessoas melhores nos mais variados aspectos.

Gostou da ideia? Saiba que o RH pode desempenhar um papel decisivo nesse processo de transformação e ainda contribuir para a redução dos custos ligados à gestão da saúde corporativa da sua organização.

Se quiser saber mais sobre o assunto, descubra como diminuir o gasto com assistência médica na sua empresa!

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Imagem da capa: Freepik

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