Sarmoung

Sarmoung


Prefácio

O prefácio do livro "Sarmoung" destaca a capacidade do autor de misturar realidade e ficção, convidando o leitor a questionar suas próprias percepções sobre o mundo. A obra utiliza influências filosóficas de Friedrich Nietzsche e Gurdjieff, criando um cenário que explora as complexidades da condição humana em uma era altamente tecnológica. A narração desdobra-se entre a crítica ao controle mental tecnológico e uma busca espiritual profunda. O autor apresenta a obra como uma experiência para quem busca não apenas entretenimento, mas uma jornada intelectual que transcende as fronteiras da ficção científica tradicional.O livro Sarmoung é uma obra de ficção científica profundamente filosófica, que explora temas de controle mental, espiritualidade, tecnologia e opressão política. Situado em um futuro distópico, ele apresenta uma visão sombria onde a humanidade é governada pelo "Governo Comunista Mundial", uma entidade opressora que aprisiona as consciências humanas em uma realidade artificial. A filosofia do livro é fortemente inspirada em ensinamentos de Gurdjieff, misturando elementos de auto-percepção, a luta pelo despertar da consciência, e a mecânica de um mundo dominado por forças invisíveis.

Filosofia de Gurdjieff e o Controle Mental

A obra faz inúmeras referências à filosofia de George Gurdjieff, especialmente no que diz respeito ao conceito de “homem-dormido” ou “homem-robótico”. Segundo Gurdjieff, a maior parte da humanidade vive em um estado de sono espiritual, agindo automaticamente, sem verdadeira consciência de si ou do mundo. Em Sarmoung, essa ideia é levada ao extremo: o "Governo Comunista Mundial" utiliza tecnologias avançadas para manter os cidadãos em um estado de semi-vigília, hipnotizados e incapazes de questionar sua realidade. O conceito do “Arquipélago Gulag” é usado de forma metafórica para simbolizar a prisão mental imposta pelo sistema, onde as pessoas são incapazes de escapar do controle imposto pelas elites.

Gurdjieff afirmava que a humanidade poderia despertar desse sono espiritual por meio de um trabalho interno rigoroso, algo que no livro é simbolizado pela resistência de alguns personagens que tentam quebrar o ciclo de hipnose e manipulação. Através de práticas espirituais e a busca por conhecimento verdadeiro, alguns indivíduos tentam reconquistar sua liberdade mental. Entretanto, essa busca é dificultada pelo sistema opressor, que usa uma combinação de tecnologia e propaganda para manter as pessoas submissas.

A Hipnose dos Carros e Tecnologia de Controle

Em Sarmoung, a tecnologia desempenha um papel central na manutenção do controle sobre a população. Um dos exemplos mais impactantes é o uso de carros Tesla hipnotizadores, que automatizam o transporte ao mesmo tempo que condicionam mentalmente os passageiros. Esses veículos não apenas transportam os indivíduos, mas também manipulam suas mentes durante o trajeto, utilizando uma forma de hipnose que os deixa vulneráveis a sugestões. A narrativa descreve como o painel do carro, com uma voz paternal e suave, conduz os passageiros a um estado de profundo relaxamento, apagando suas resistências e reforçando a submissão ao sistema.

A tecnologia Neuralink, que no livro é descrita como "Neuralink 369", também tem um papel central na manutenção desse estado de controle. O dispositivo conecta o cérebro humano a uma rede de dispositivos eletrônicos, permitindo que o governo monitore e manipule diretamente os pensamentos e emoções das pessoas. A curto prazo, essa tecnologia é apresentada como um avanço médico, mas suas implicações a longo prazo são a completa subjugação do indivíduo, uma vez que suas funções cerebrais são invadidas e controladas.

Viagens à Lua e Marte - A Expansão do Controle

O livro também toca em temas futuristas relacionados à colonização espacial. Elon Musk e sua empresa de tecnologia são retratados como parte integrante desse sistema de controle. A viagem para a Lua e Marte, inicialmente vistas como um avanço para a humanidade, se revelam apenas uma extensão do poder opressor do Governo Comunista Mundial. Em vez de libertar a humanidade, esses projetos espaciais servem para expandir o alcance do controle sobre a mente e a liberdade. A Lua é descrita como uma força hiperdimensional que absorve a energia vital dos seres humanos, uma metáfora da perda de liberdade ao longo da exploração espacial.

Lisboa: A Cidade Fragmentada

Lisboa é descrita de forma detalhada no livro, sendo retratada como um espaço distópico repleto de tecnologia futurista que ao mesmo tempo fragmenta e controla seus habitantes. A cidade é dividida em zonas de alta tecnologia, conectadas por elevadores de fragmentação que transportam as pessoas de maneira instantânea entre realidades, simbolizando a fragmentação da identidade humana. Estações de metrô, como Parque e Alameda, são locais onde a alienação é palpável. As pessoas se movem mecanicamente, como zumbis, controladas por forças invisíveis.

A arquitetura da cidade é uma fusão de concreto brutalista e design futurista, onde prédios cinzentos e sem vida se misturam com elementos tecnológicos como câmeras de reconhecimento facial, drones e robôs que vigiam cada movimento dos cidadãos. As ruas de Lisboa, cobertas por neve artificial e adornadas com árvores robóticas, refletem o frio desumanizador imposto pelo regime. Embora ainda haja lembranças de uma Lisboa antiga, como o Pavilhão Carlos Lopes e o Parque Eduardo VII, essas áreas são distorcidas pela presença de tecnologia invasiva.

Personagens e suas Lutas

Alexandra David-Néel, uma das protagonistas, tenta resistir à opressão do governo e ao controle de sua mente. Através de uma série de eventos, ela começa a perceber as manipulações que ocorrem ao seu redor, questionando sua realidade e buscando maneiras de escapar da prisão mental imposta. Alexandra representa o lado humano e a luta pela preservação de sua essência em meio a uma sociedade que tenta robotizá-la.

Mitchell Feigenbaum é outro personagem central. Ele é um cientista brilhante, mas que se encontra preso dentro do próprio sistema que ajuda a criar. Sua busca pelo conhecimento e pela verdade acaba levando-o a uma jornada de descoberta sobre os horrores do controle mental e as reais intenções do Governo Comunista Mundial.

Karina Milei é uma amiga de Alexandra e uma personagem que, ao contrário de Mitchell, busca uma resistência mais emocional e instintiva ao sistema. Ela representa o aspecto da resistência humana que é baseado na intuição e na conexão emocional, em contraste com a abordagem mais lógica e racional de Mitchell.

Capítulos

1. Nietzsche Hotel e o Mago de Riga

O primeiro capítulo introduz a ideia de que a humanidade vive em um estado de "sono quase desperto", onde a consciência está fragmentada e servindo a um propósito maior, mas desconhecido. Neste cenário, o "Nietzsche Hotel" simboliza a confusão e a fragmentação mental dos personagens principais. O conceito de um "Mago de Riga" aparece como um possível libertador ou manipulador da mente.

2. Neuralink 369

Aqui, o foco é na tecnologia de controle mental e aprimoramento cognitivo, uma crítica à integração entre o cérebro humano e máquinas, como exemplificado pelo projeto Neuralink de Elon Musk. A história revela uma sociedade que usa essas tecnologias para manipular emoções e pensamentos, reforçando o controle do Governo Comunista Mundial. Alexandra David-Néel, uma das protagonistas, sofre os efeitos dessa manipulação, sendo geneticamente e mentalmente modificada enquanto tenta escapar do controle da realidade.

3. Bar Erva do Diabo

Este capítulo apresenta um dos locais simbólicos onde os personagens, como Mitchell Feigenbaum, se encontram e experimentam diferentes níveis de controle mental e físico. O bar é um espaço onde drogas, tecnologia e controle psicológico se misturam, e os personagens entram em contato com influências perigosas que afetam suas consciências e comportamentos.

4. O Sol de Zaratustra

Filosoficamente inspirado por Nietzsche, este capítulo reflete sobre o destino da humanidade enquanto presa em um ciclo de nascimento, vida e morte, governado por forças ocultas. "O Sol de Zaratustra" ilumina tanto a glória quanto a condenação de uma humanidade que esqueceu sua essência verdadeira.

5. Tesla Modelo Gaslighting

Neste ponto, a história se aprofunda em como os carros Tesla e outras tecnologias avançadas hipnotizam e controlam os personagens. Esses veículos representam tanto a dependência da sociedade moderna por tecnologia quanto a maneira insidiosa pela qual o Governo Comunista Mundial manipula a mente coletiva.

6. Binário, Ternário, Quântico e Markov Tulpa

Este capítulo explora a filosofia por trás dos sistemas de controle mental. O uso de termos técnicos como "binário" e "quântico" reflete a profundidade da manipulação psicológica imposta pela elite global. O "Markov Tulpa" é uma entidade que representa a fragmentação das personalidades humanas, criando uma multiplicidade de identidades falsas, usadas para obscurecer a verdadeira essência dos indivíduos.

7. A Maior Mente da Humanidade

Aqui, o livro se volta para personagens como Mitchell Feigenbaum e outros "gênios" que tentam desafiar o status quo. Este capítulo critica a busca por poder e controle por parte de governos e corporações, ao mesmo tempo que celebra a capacidade humana de pensar além das limitações impostas.

8. O Amor

Reflete sobre como o amor é controlado e manipulado dentro deste sistema, questionando se sentimentos genuínos podem sobreviver em uma sociedade dominada por tecnologia e vigilância. Alexandra luta com sua própria capacidade de sentir algo real, enquanto o sistema tenta moldar até mesmo suas emoções mais íntimas.

9. Os Grandes Mestres

Neste capítulo, figuras históricas e míticas, como Gurdjieff e Nietzsche, são reverenciadas como aqueles que tentaram iluminar a humanidade, oferecendo uma saída do "sono" da consciência. Os personagens buscam orientação desses mestres espirituais e filosóficos, tentando recuperar a liberdade de pensamento.

10. O Julgamento

Este capítulo aborda um momento de crise onde os personagens são julgados por suas ações, tanto pelo governo quanto por suas próprias consciências. O julgamento representa um ponto de virada na história, onde as personagens precisam decidir entre aceitar o sistema ou lutar por sua própria liberdade mental.

11. Os Três Demônios Sufi

Inspirado pelo sufismo, este capítulo introduz três entidades demoníacas que representam os desafios internos que cada personagem deve enfrentar. Esses demônios personificam o medo, a ignorância e o desejo, que aprisionam a humanidade na servidão mental.

12. Governo Comunista Mundial

Este é o coração da crítica política do livro, onde o autor explora como um governo global comunista usa a tecnologia para controlar não apenas as ações, mas também os pensamentos e sentimentos das pessoas. As metáforas se intensificam quando se menciona a "prisão das mentes", comparada ao "Arquipélago Gulag", um lugar onde as consciências são encarceradas.

13. Os Mudos Sem Priming

Os "mudos" representam uma classe de pessoas que perderam totalmente a capacidade de falar ou pensar por si mesmas. Este capítulo aprofunda o terror da despersonalização completa, onde os personagens já não possuem uma identidade ou vontade própria.

14. A Ilha do Diabo Gulag

A "Ilha do Diabo" é o clímax simbólico da história, um lugar onde a mente humana está completamente aprisionada. Esta ilha é uma extensão do conceito do "Gulag", mas em um nível mental, onde as barreiras físicas foram substituídas por muros invisíveis de controle psicológico.

Personagens Principais

1. Alexandra David-Néel: Uma protagonista que tenta, ao longo do livro, recuperar sua liberdade mental enquanto lida com a manipulação tecnológica. Ela passa por várias transformações físicas e mentais ao longo da história, tornando-se um símbolo da resistência contra o controle governamental.

2. Mitchell Feigenbaum: Um gênio matemático e cientista que, embora parte do sistema, tenta desvendar seus segredos e encontrar uma saída para a opressão tecnológica. Ele simboliza a mente racional tentando quebrar as amarras do controle.

3. Karina Milei: Outra personagem importante, que representa o lado emocional e intuitivo da resistência. Ela é uma amiga de Alexandra e também desempenha um papel crítico no desenrolar da trama.

Considerações Finais

"Sarmoung" é uma obra que combina elementos filosóficos profundos com uma crítica severa à modernidade e à tecnologia. Cada capítulo aprofunda os conceitos de liberdade, opressão e a busca por significado em um mundo controlado por entidades invisíveis. A jornada dos personagens reflete a luta pela libertação mental e espiritual. O Sarmoung é um livro que explora o conflito entre o controle totalitário e a busca pela liberdade espiritual. Inspirado pelas filosofias de Gurdjieff, Nietzsche e outros, o autor constrói uma narrativa que desafia o leitor a questionar o papel da tecnologia na vida moderna, o perigo da alienação e as possibilidades de uma libertação interna. Ao ambientar a história em um mundo futurista, onde tecnologias como o Neuralink e carros hipnotizadores controlam as pessoas, o livro cria uma crítica mordaz da nossa dependência de avanços tecnológicos e do controle invisível que esses podem impor sobre nossas vidas. Lisboa, como pano de fundo, oferece um espaço distópico rico em detalhes, onde cada esquina reflete a luta entre a essência humana e o aprisionamento tecnológico

EM BREVE NAS LIVRARIAS E LOJAS DIGITAIS !


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