Saudade
De repente, uma lembrança chega assim, sem avisar.
Uma memória. Um instante importante da nossa história.
Pode nem fazer tanto tempo. Ou nem estar tão distante.
Mas tudo o que a gente quer é poder voltar pra lá.
Será saudade?
Substantivo que só é abstrato na sua classificação.
Porque a gente conhece muito bem sua forma, seu cheiro, seu som.
E o tanto que carrega de emoção.
Um momento, um lugar, uma viagem.
Uma risada, um sinal, uma tatuagem.
Saudade...
Sentimento que invade e, com força, se mostra presente.
Incomoda, espreme, aperta.
Traz à mente tudo o que mais estava ausente.
Saudade...
Que, às vezes, até faz brotar um sorriso.
Acolhe. Consola. Diverte. Transforma.
Dá novo significado ao que já foi mais dolorido.
Saudade...
De encontrar os amigos no fim de tarde.
Da liberdade.
De ir e vir.
Saudade...
De quem realmente se foi e deixou um vazio.
Do abraço apertado, que espantava o frio.
E que, se fechar os olhos, ainda dá para sentir.
Saudade...
Cada um tem a sua.
Até mais de uma.
Com seu jeito próprio de lidar.
Tem quem goste, tem quem curta.
E quem prefira evitar.
A verdade é que a saudade é um espelho.
Faz enxergar o que, dentro de nós, tem mais valor.
E, para quem sofre desse mal, deixo um conselho:
Agradeça!
Porque, como dizem, só deixa saudade o que um dia foi cercado de amor.