As águas da vida
Guarde por um momento esse pensamento: engana-se quem pensa que suas convicções e crenças não determinam sua vida, escolhas e sucesso.
Embora a frase soe determinista, convido seus olhos atentos a navegar comigo pelas águas tranquilas da evolução das palavras. O mar é sempre favorável, a brisa sempre amena, o sol norteia e margeia a trajetória. Mantenha os olhos bem abertos, vista seu colete salva-vidas e suba a bordo.
Naquele antigo e bondoso oceano de palavras, pescamos dois bons sinônimos que constituem a nossa persona: convicções e crenças. Atentando-se aos detalhes, convicção pode tratar das verdades efêmeras: aquela bela flor que murcha depois de um período majestoso.
Ou de uma verdade absoluta, quando ecoa entre os seus, e você a defende entre garras, posts, tuites e dentes.
A convicção é a muleta de suas crenças
E esta, minha gente, está bem agarrada ao seu coração. Afinal, no campo frondoso das verdades, você colheu as suas e as aconchegou entre: seus valores, as raízes que absorvem a vida; sua moral, a forma como você se comporta; sua ética, a energia vital para caminhar pela vida.
Ainda que a nossa energia vital mude pelo vento, em razão do tempo, pelo seu microcosmos, aquela criança que você foi: anjo mal, de candura, ou tudo misturado, para Rilke, tudo estará aí nesse tesouro de recordações: memórias, afetos, traumas, a sopa de letrinhas que devorou à medida que cresceu e aprendia sobre o mundo, ouvindo, interagindo, sendo.
Eu, por exemplo, cresci na gaiola, entre adultos, aprendendo a colher, descartar, a definir quem sou eu na fila do pão. Graças a Deus, a minha sopa de letrinhas foi bem substanciosa: livros, músicas, professores, seres humanos que carregavam a pesada mochila da vida com um sorriso no bolso e generosidade para compartilhar.
Era um passarinho que pouco sabia cantar, mesmo assim, apreciava o gorjeio alheio, o voo e o pouso vigorosos. Ali da minha gaiola, permaneci com os ecos de outras vidas, a espera pela minha vez de voar.
No voo, as asas quebraram, o canto saiu desafinado. Prossegui. No azul mais celeste, de repente, despontei e mantive firme o propósito de ser o que tinha de ser, embora o não ser fosse ainda o mais palpável dos mundos.
Entre a passarada, escolhi a retaguarda, até entender que esse posto é reservado para quem segue o coração e protege os companheiros no céu, a despeito da tempestade, das vicissitudes (sim, adoro palavras pouco usuais) do horizonte.
E eu segui meu canto, transformando minha energia vital, ao passo que minhas crenças e convicções eram moldadas pela família, pela confissão da fé, pelos mestres, ainda que travestidos de passantes e, sobretudo, pela via crucis de existir.
No céu de oportunidades, o tom é dado pela vida, pelas oportunidades (repetição proposital), pela noção do outro no tempo-espaço, pela magia de acreditar e defender o direito augusto da crença alheia.
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Por isso, siga seu voo, sua voz e jamais despreze quem precisou cair mais do que você. Afinal, engana-se quem pensa que suas convicções e crenças não determinam sua vida, escolhas e sucesso.
E lembre-se: a força está em você!
Este texto faz parte de um projeto maior: o amor à palavra. Foi ela quem me salvou de uma infância introspectiva e silenciosa. Até ser uma jovem falante e ouvinte na mesma proporção, sempre embalada a café e companhia. Gostou do texto? Você tem permissão para compartilhar, enviar a um amigo, comentar e dizer se quem escreve está no caminho.
Tenho, como autora, na palavra: minha ferramenta e meu ar. Escrevo da mesma forma que respiro e vivo, profissionalmente, há 16 anos. Formada em Letras por amor à língua, o qual me aproximou do universo da comunicação e do Marketing. Amante da boa escrita, do saber, da leitura e da pesquisa.
Autora publicada em blogs: próprio e alheios, poeta premiada em antologia poética, prefaciadora em livro de poesia e de ficção; redatora de textos alheios e próprios; contista que capta o cotidiano e as minúcias despercebidas; revisora de textos técnicos, acadêmicos, líricos, poéticos, de periódicos, editoriais, livros, sites, blogs...
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