Saudade, a nossa meta contra o Arrependimento
Assim como muitas pessoas que fazem parte do atual mundo corporativo, alguns anos atrás tive uma ótima oportunidade de atuar durante um razoável período de tempo com profissionais de uma empresa de origem nipônica.
Foi uma experiência única, que me permitiu desenvolver muitos aspectos interessantes que, desde então, passaram a fazer parte de meu perfil profissional. A disciplina, o autocontrole e a forma ordenada de encaminhar soluções foram apenas algumas das questões mais importantes que pude constatar que realmente fazem parte do dia a dia das empresas asiáticas.
Talvez também tenha contribuído de alguma maneira junto a estes colegas. No entanto, o mais interessante aconteceu justamente depois que voltamos a nos encontrar, cerca de dois após a finalização deste projeto.
Embora tenham uma maneira mais fria de se relacionar, fui recebido de uma forma muito efusiva por eles. Ainda que a comunicação oficial fosse feita em inglês, muitos deles tentavam usar algumas frases em português, que tínhamos compartilhado no passado. Por estarem em nosso país, eles faziam questão de tentar nos entender em nosso idioma.
Lembro que comentei: “Também estava com saudades deles”. Se já estava a comunicação, o uso da palavra saudade, apenas dificultou ainda mais. Obviamente que eles não entenderam, e é possível imaginar o trabalho, merecido, que tive para explicar o significado dela.
Após breve pesquisa na internet, levantei a informação de que a palavra saudade foi indicada como uma das mais difíceis traduções. E realmente é, embora, particularmente, creio que todos tenhamos conhecimento sobre aquilo que é mais importante com relação a esta palavra. Podemos não saber seu significado literal, mas sabemos quando a estamos sentindo.
Em qualquer papel que estejamos desempenhando, em nossos ciclos de amizade, na família ou no trabalho, sempre estamos sujeitos a desenvolver este “sentimento”? Na verdade, cabe correção. Na minha opinião, saudade não é sentimento. Também não é falta, ausência ou até mesmo necessidade. Quem sabe não seja justamente a vontade de reviver situações que já fazem parte de um passado?
Infelizmente tendemos a associar saudade com tristeza ou melancolia. Muitas vezes, inclusive, com relação a certas situações que, infelizmente, não poderão ser alteradas.
O que fazer?
Bem, quanto à “saudade”? Talvez curti-la, com a certeza de que tudo que era possível foi feito, para que assim possamos afugentar, o que pode ser seu principal inimigo: o arrependimento.