Se você ama seu trabalho, você pode estar mais perto de um burnout
Essa foto é da semaninha de férias que acabei de tirar com a minha família no começo do mês. Marido também estava de férias e pudemos nos desligar todos e viajar um pouco. No fim de julho tinha já me permitido outra semana junto ao fim das férias escolares dos meus filhos.
Amigas próximas me perguntaram: “Rê, o que deu em você? As coisas vão muito bem ou muito mal na ImpulsoBeta?”. O espanto é justificado pela fama de workaholic construída desde quando comecei a me entender como profissional.
Eu sou a pessoa que construiu a marca pessoal de que era possível empreender enquanto se gerava duas pequenas crianças, sem intervalo. Ainda hoje tenho uma sensação de realização e resiliência ao lembrar da tarde que passei mandando e-mails enquanto entrava em trabalho de parto duas semanas antes do planejado.
Após sete anos empreendendo, entendo hoje que em alguns momentos achei essencial atuar naquele ritmo de trabalho para o que buscava. Mas já sou capaz de fazer a autocrítica de que eu escolhi viver assim até então. Um trabalho apaixonante e a sensação de que sempre há muitas coisas a aprender (o tal FOMO, sigla para fear of missing out, traduzido como medo de perder) foram combustível do vício que hoje tento controlar.
Recentemente a Organização Mundial da Saúde tipificou o burnout como uma doença. Um estudo canadense identificou que dos seis maiores riscos de desenvolver burnout estão ligados aos chamados trabalhos com propósito. Isso acontece porque “Você se identifica tanto com seu trabalho que não consegue manter equilíbrio entre sua vida profissional e sua vida pessoal”. E outra pesquisa da mesma nacionalidade com quase 4 mil pessoas identificou que profissionais que se consideram com propósito são significativamente mais estressados e pontuam de forma inferior à média em bem-estar. “Apesar dos claros benefícios de se sentir conectado de forma significativa com seu trabalho, nossos dados indicam que existem complicações reais pouco discutidas sobre o trabalho com propósito nas pessoas”.
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São descobertas como essas que me dão força para me conter diante de mais um e-mail muito importante alguns dias. Ou para evitar o ímpeto de já pegar o notebook numa brecha de tempo no fim de semana porque tem algo “super interessante que eu não tenho tempo de fazer com profundidade de fazer na semana”. Discutir isso em parte pode parecer uma frivolidade num momento em que temos cerca de 15 milhões de desempregados no país e a maior parte das pessoas não tem o privilégio de um trabalho com significado. Por outro lado, é essencial tratarmos com seriedade a epidemia global de saúde mental que vivemos.
E você, já conseguiu revisar o seu mantra de que “quem trabalha com o que ama não precisa trabalhar um dia na vida”?
Nunca foi tão fácil fugirmos de nós mesmos.
Nada é tão eficiente em matar a criatividade e a inovação quanto a exaustão.
Gerente de Operações | JOTA
3 aAdorei a reflexão e não tinha parado para analisar por esse lado! Obrigada por compartilhar.
CEO na Social Consultoria em Gestão Empresarial
3 aParabéns pela matéria, concordo plenamente! Tenho feito esta reflexão e pequenas mudanças em meu dia a dia, para manter minha qualidade de vida e saude mental! Obrigada por compartilhar
CEO WE Business Experience | Conselheira Independente | Membro associado do IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa | Winning Women Brazil EY |Vice Presidente da Fundação Brasileira de Marketing
3 aRê seu artigo contribuirá com a reflexão de muitas mulheres. Já atravessei um burnout e vivênciei essa experiência de não parar e o corpo apertar a tecla STOP. Vou propor esse assunto em nossos encontros para um bate papo. Beijos
Top Voice LinkedIn | Co-Founder & CMO Talent Academy | Desenvolvendo pessoas a partir de dados
3 aMariana Holanda olha só o que estávamos conversando agora mesmo!! :) Renata Moraes parabéns pela ótima reflexão. Você, como sempre, trazendo ótimos insights sobre temas importantes. 🙂
Sócia na Marília Golfieri Angella - Advocacia Familiar e Social
3 aRenata, adorei a reflexão!! Mas como lidar com o sentimento de que, se a gente descansar, o nosso negócio embrionário vai morrer? Tenho sentido muito isso em relação à jornada de empreender. Sentindo-me cansada, mas ao mesmo tempo, com vontade / necessidade de perseverar sem descanso...