As seguradoras pagam?

Vezes sem conta, são as companhias de seguros confrontadas com comentários, pondo em causa a sua idoneidade e que culminam na maior parte dos casos com a seguinte exclamação:

..."as seguradoras não pagam"...

É bem verdade que existe uma grande desconfiança dos agentes económicos face ao cumprimento das responsabilidades das companhias de seguros, todavia, não há margem para dúvidas, que independentemente de ainda existirem companhias a não honrarem os seus compromissos com a rapidez que se impõe, já se percorreu um longo caminho desde o momento em que, provavelmente, era muito mais difícil receber uma indemnização, à realidade actual onde se tem apostado no resgate da imagem do sector.

Fazendo uma incursão histórica, diria que o monopólio no sector segurador angolano e que vigorou durante muitos anos, foi em parte o grande responsável pelo clima de grande desconfiança dos segurados/terceiros, pois não tinham alternativas e eram, com isso, obrigados a sujeitar-se ao pagamento, ou não, das indemnizações por parte da única companhia a operar na altura, não tendo muitas ferramentas ou instituições que lhes permitissem reclamar pelos seus direitos, nem outras companhias para onde pudessem transferir a salvaguarda dos riscos a que estavam sujeitos.

Com a liberalização do sector e a entrada em cena de novos "players", a oferta aumentou consideravelmente. Tanto, que hoje temos no mercado 24 seguradoras, 52 sociedade de mediação e correctoras e 447 agentes mediadores licenciados pela ARSEG (Regulador). Esta dinâmica obrigará a reformulação de toda uma política de regulamentação,que terá grande importância no processo de dinamização e alavancagem da indústria no sentido de fazer face a nova realidade. Adivinham-se ainda, cada vez melhores serviços, associados a uma oferta de cada cada vez melhor qualidade e que beneficiará cada vez mais familias e instituições.

Estamos assim, perante um grande desafio com responsabilidades partilhadas, sendo de grande relevância a revisão da legislação e o aumento da fiscalização por parte do regulador, bem como, a melhoria dos serviços das companhias de seguros na regularização eficiente e eficaz dos processos de sinistro associada à melhoria da informação prestada aos agentes económicos (famílias e instituições), com vista ao alcance da satisfação das suas múltiplas necessidades.

Ainda assim, temos em mãos um grande trabalho que consistirá em alterar o paradigma atual de desconfiança dos nossos segurados em particular, e sociedade em geral acerca das nossas responsabilidades, e conseguirmos com isso, ouvir com cada vez mais frequência:

..."as seguradoras pagam"...

Marcelo Perdigão

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