Segurança no Trabalho ou Segurança Psicológica do trabalho?
Atualmente, as organizações estão cada vez mais interessadas em promover a cultura de EHS em seus colaboradores. Já é comprovado que melhorando as condições de trabalho, oferecendo treinamentos técnicos e equipamentos seguros, os índices de acidentes típicos diminuem. Essas ações, isoladamente, não são o suficiente para eliminar os acidentes. Nossos colaboradores continuam a se machucar e a voltar para suas famílias com algum tipo de lesão, física ou psicológica.
Onde está o GAP? Já sabemos essa resposta, está no comportamento das pessoas, nas decisões que elas tomam ao realizar uma tarefa.
Como dizer a uma pessoa que ela deve ter atitudes seguras? Não existe receita de bolo ou caminho fácil quando falamos em cultura de EHS no Brasil.
Nós profissionais de EHS escutamos falar muito os sobre fatores comportamentais de sucesso. Diversos palestrantes ou consultorias oferecem métodos de engajamento e ferramentas para promover um ambiente com uma cultura em saúde, segurança no trabalho e meio ambiente.
Mas qual o método correto? Essa pergunta é difícil de responder.
Antes de falar de métodos ou ferramentas de promoção de cultura em EHS (irei escrever no próximo post), não podemos desassociar os fatores psicológicos tradicionais que são ligados à segurança do trabalho.
A Segurança Comportamental aplica os conhecimentos científicos da Psicologia Comportamental nas questões de segurança do trabalho. É uma nova forma de encarar a gestão de EHS, que vem crescendo em países desenvolvidos, por apresentar ganhos significativos nos níveis de desempenho das empresas.
Ela difere das abordagens psicológicas tradicionais de algumas formas:
· Tem como foco o comportamento do indivíduo, que precisa querer ter atitudes seguras.
· Ênfase no encorajamento do comportamento seguro,
· Ênfase na educação em EHS, no lugar de punir a pessoa que agiu ou cometeu um desvio comportamental.
· Valorização das pessoas no ambiente em que estão inseridas, reduzindo absenteísmo e criando o sentimento de “pertencimento”.
Não podemos simplesmente tratar a segurança comportamental com apenas campanhas de motivação, devemos elaborar um procedimento, uma forma de trabalho, tendo base científica para atuar sobre comportamentos seguros/inseguros observáveis.
Para exemplificar um desvio de comportamento, utilizarei o exemplo de um operador de empilhadeira:
· Deixar de usar cinto de segurança;
· Trafegar com a visão obstruída;
· Não respeitar as regras de movimentação de materiais;
As ocorrências desses comportamentos podem resultar em incidentes graves, para a pessoa ou para os demais. Ao evitar essas atitudes, reduzimos a probabilidade dos acidentes e aumentamos a segurança.
A intervenção em segurança comportamental requer um planejamento detalhado e demanda um prazo de aplicação e dedicação do seu planejador. Dependendo do tamanho a empresa e da complexidade da atuação, as ações podem variar de algumas semanas até meses. Porém, os resultados permanecem na organização.
A promoção da cultura em EHS requer o envolvimento de todos, incluindo os gerentes e a alta direção. Mas não se caracteriza como uma abordagem de intervenção exclusivamente top down (ou seja, de cima para baixo), pois a força de trabalho deve participar ativamente, “tomando” a propriedade do processo.
Na minha próxima publicação vou escrever um pouco sobre “foco no comportamento do indivíduo” assunto é enorme, porém, de extrema importância debater sobre o tema.
Abraço a todos.