Seja qualquer coisa!

Seja qualquer coisa!

Este texto foi pensado numa manhã de domingo, olhando para a vista privilegiada que tive.

O mundo está uma grande caixa ambulante de rótulos. Acho que sempre foi assim. Nós escolhemos uma profissão e temos de morrer abraçados com ela, não importa o quão fracassados nos sentimos.

Então, não é sobre uma profissão escolhida, mas sobre tornar-se prisioneiro de uma realidade que você não se sente parte.

Como lidar com o conflito de querer ser qualquer coisa? Em português bem claro: Como é que me dou o direito de ser livre?

Para responder ao dilema de inúmeros brasileiros que passam por esta fase, que geralmente começa aos 30 e vai até os 50 (na média).

Movimento 1: Conhecer a si mesmo.

Todos aqueles sonhos dos 20 até os 30, deixam de existir.

E então, você se vê com outros sonhos, com outras prioridades e passa a compreender que a vida não era bem assim como você idealizava ou provocava dentro de si.

Ser qualquer coisa exige tempo, esforço e uma boa dose de paciência consigo mesmo.

A terapia pode ajudar a destravar algumas possibilidade interiores que você jamais cogitou perceber. Alguns chamam isso de vencer as crenças limitantes.

Movimento 2: Mais reflexivo, pior é

Se você é um sujeito que realmente é reflexivo, analítico e com uma profunda compreensão de mundo será mais difícil.

É comum que pessoas com profundidade emocional e racional analisem todos os possíveis endereços do caminho onde quer chegar.

A bebida, as drogas (lícitas ou não), a religião ou qualquer ópio social-moral que você venha a consumir serão incapazes de aliviar o sofrimento que é a reflexão.

Ela tem uma coisa de provocação, estímulo que nos move muito mais a intelectualidade e ao saber do que as festas e poses nas fotografias.

Você até sente uma mistura de indignação consigo mesmo por pensar demais enquanto outros que pensam de menos vivem melhor suas vidas.

É verdade, eles vivem mesmo. Mas você não pode deixar de ser você. Então, lidar com a reflexão e profundidade do ser é algo nada prazeiroso.

É bom normalizar quem se é, pois é provável que aceitar isso te dará mais controle para raciocinar o que realmente importa.

Movimento 3: Transforme a raiva em ação positiva

Existe uma certa cultura anti-raiva no mundo. Como se a raiva não fosse um sentimento natural do ser humano. Anti-natural é o uso indevido da raiva e em circunstâncias que ocasionem prejuízo.

O manejo da raiva consiste em simplesmente anotar em um pedaço de papel ações positivas e resolutas para resolver o problema que ocasiona a raiva.

No caso deste texto é profissional, é ser quem se quer ser.

Neste caso, quando você sentir raiva por não alcançar um determinado status, posição, cargo, sucesso ou sentir-se frustrado porque a profissão escolhida não te faz feliz, o melhor exercício ainda continua sendo um pedaço de papel, uma caneta e as possíveis formas de começar a sair deste prisão que te faz sentir-se tão mal.

Não importa o tamanho da lista neste momento. Use a raiva como um combustível para te movimentar a sair deste lugar que você detesta.

Movimento 4: Pessoas que já resolveram o quebra-cabeça

A palavra mentoria é repelida por qualquer um que tenha um pouquinho de noção sobre o que ela se tornou atualmente. Ninguém gosta de vendedores de curso de como ser feliz.

Por isso, eu acho que daqui 100 anos este texto continua valendo, assim como vários que existem por aí.

Eles são gratuitos e verdadeiros. Não tem o compromisso de serem uma fórmula mágica ou uma listinha pronta.

Você deve buscar pessoas que já resolveram esse quebra-cabeça e pedir que lhe contem a história de suas vidas como forma de você analisar o que pode ser parecido com os seus dilemas.

No mundo antigo, as pessoas compartilhavam suas vidas sem trocar likes, engajamento, promoção ou status. Elas sentavam e falavam de suas histórias e o aprendizado acontecia de forma orgânica.

Existe muita gente que decidiu migrar de profissão, de forma corajosa e que não isso não estava na moda. Elas simplesmente encontraram suas vocações em outros lugares e foram adiante.

Conhecemos a história do engenheiro que virou comerciante de loja de material de construção e do médico que decidiu abrir uma loja de sorvetes pois era apaixonado pela sobremesa desde pequeno.

Em geral, não busque o sucesso financeiro das pessoas. Essa baliza é superficial. Busque pessoas que pagam suas contas sentindo brilho no olho ao contar suas histórias de como fazem isso.

Movimento 5: Verdade consigo e com todos

Sê verdadeiro. As pessoas tem dificuldade de falarem pessoalmente as outras sobre o que acreditam e querem. Elas sentem o medo de perderem o emprego. Sentem medo de ficarem pobres. Sentem medo da vulnerabilidade.

Normalize sentir medo. Normalize sentir vulnerabilidade. Todos sentem. Uns mais e outros menos.

O problema é que mentir para si mesmo é como um veneno. Adoece a alma. As vezes você está tão preocupado com um dinheiro que você perdeu tempo e perdeu sua vida. É uma grande tolice.

Quando a gente vai até um leito de morte de alguém (espero que você não tenha de passar por isso), você percebe que um saco preto cobre aquela pessoa que você amava e que ela não está mais ali.

Do mesmo modo será com você. E o que você colecionou? Somente preocupações com os boletos que você ia pagar no próximo mês? Escola de filhos, alugueis? Então era somente sobre isso?

Não estou fazendo apologia a largar sua renda e viver de "brisa". Mas também você precisa compreender que você está miseravelmente infeliz e vivendo algo que você não se conecta.

Eu vi gente muito idealista se lascando. Eu vi muita coisa horrível acontecer com pessoas que perderam o emprego e ficarem até sem ter o que comer. Eu passei por isso também.

Lembra do movimento da raiva? Volte naquele tópico e pense na lista. Com certeza irá te ajudar a analisar como deve ser feito para sair dessa.




Viviane Gago - Desenvolvimento Humano e Organizacional

Facilitadora em Desenvolvimento Humano, Autora, Advogada e Mestre em Direito das Relações Sociais.

8 m

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