Seleção natural: a pressão da eliminação.
A teoria de Darwin e Wallace diz que indivíduos com características favoráveis têm mais chances de sobreviver, eliminando os menos adaptados. Transportando este conceito para o mercado, significa que empresas mais adaptadas eliminam aquelas em condições desfavoráveis? E as novas empresas? Elas têm chance de entrar na competição contra quem já se adaptou? Ou elas podem trazer novas características favoráveis para o jogo que mudam a dinâmica seletiva do mercado?
A evolução pode ser negativa dependendo do lado da história que você ocupa, afinal a mesma mudança que alça uma ideia para o sucesso, torna obsoleta uma série de outras ideias. Porém, isso só é sinônimo de eliminação se o ultrapassado não se adaptar ou inovar, porque diferente da seleção natural biológica, é possível contornar o problema com trabalho e decisões acertadas. Atenção! Interpretar isto somente como uma empresa consolidada que sofre o baque de uma novidade em seu segmento é enxergar a situação de forma limitada. A eliminação pode acontecer antes mesmo do nascimento, como uma empresa com características desfavoráveis que nem sequer consegue iniciar suas atividades ou se estabelecer no mercado.
Certamente, você conhece este exemplo real e histórico da seleção natural mercadológica. A televisão nasceu e quase simultaneamente a profecia da morte do rádio começou a ser contada. A internet, serial killer em potencial, chegou como aquela que assassinaria todos os meios de comunicação, tornando imprensa, televisão e rádio obsoletos. Porém, sabemos que todos ainda estão na ativa. Obviamente, as inovações exigiram mudanças para que os “desfavorecidos” se adaptassem. Perderam espaço, adaptaram processos de trabalho, mudaram produtos, criaram serviços e escaparam da eliminação. Logo, quando se trata de mercado há esperança.
Olhando para trás, parece que todas as características favoráveis eram da televisão, mas a certeza era uma condição do rádio. Todos já o conheciam; sabiam como usá-lo; desejavam tê-lo e, alguns, até o amavam. A televisão foi uma aposta antes de ser uma evolução, pois em seu lançamento ela era apenas uma caixa com imagens além de vozes, vendida a um valor exorbitante para muitos e acessível para pouquíssimos. Porém, sua inovação apertou o play de mais um processo evolutivo.
Algo que um dia foi uma aposta, inovou e ameaçou o “império vigente”, porque alguém ousou e assumiu a posição da seleção natural incluindo características novas ao processo. O empreendedor tem seu viés evolucionário quando busca preencher lacunas que a maioria não sabia que existiam, mas uma vez vistas, tornam-se abismos. A oportunidade não é apenas inédita, ela pode estar no óbvio que ninguém vê, por isso é preciso adaptar os olhos e o cérebro para enxergar condições favoráveis ou criá-las, subvertendo a naturalidade da seleção.
Conteúdo originalmente publicado no blog da Triple Seven Accelerator.