SEM IDEIAS

SEM IDEIAS

Sem ideias



Queria escrever algo. Bonito, que atraísse ou chocante que chamasse atenção ou inovador que permitisse novas ideias e interpretações. Mas estou sem inspiração. Nada está chamando a atenção para poder discorrer ou poetizar. Tudo caindo na mesmice e na falta de maravilhamento. Sem noção, sem ideias. Tudo parece normal e monótono. Nada assim que desperte o interesse ou dê motivação para uma explanação ou redigir um texto de qualquer gênero. Escrever sobre o cotidiano? O poeta e escritor percebe a realidade corriqueira com outros olhos. Mas, justamente, está faltando esse olhar diferenciado para contemplar o dado. Tudo parece discrepante e sem um viés de apreciação. Será eu que estou numa fase de desencanto e por isso a realidade se mostra opaca e sem horizontes mais desafiadores? Seria a correria e o cansaço que esmorecem e não oferecem possibilidades de reflexão mais crítica e apurado do mundo e das experiências que se vivem? Todo esse complexo influencia e causa desilusão, mas é suficiente para determinar e inibir a expansão de novos conhecimentos e produções? Tanto descaso, corrupção, ameaças, fechamentos, inibições, indiferenças, interesses, violências e outros adjuntos, seriam esses os fatores que pesam para que o as ideias fiquem congeladas e timidamente se escondam? Perambulei sobre o que escrever: sem ideias. O tempo? Esse calor e falta de chuva não me inspiram. A política? Essa confusão de papeis e de conveniências causam nojo. Sobre o natal? Essa comercialização e banalização do espírito do Menino Deus esvaziam o saco da esperança. Sobre a educação e o futuro? Cortinas negras de retrocessos e fechamentos permeiam os caminhos. Sobre o trabalho e os afazeres? Melhorar o ambiente, inovar tecnologias e instrumentos, oferecer oportunidades. Mas esse que fazer é rotineiro e robotiza também, acaba por fazer da pessoa parte de uma engrenagem, sem a exuberância da vida. Isso não é viver, é rastejar. Realmente estou sem ideias. E esse estar sem ideias me coloca no meio de um povo que caminha errante, sem se perguntar, sem perspectivas e sem vontade de mudar. A mudança? Essa sim deve inspirar e deve trazer algo novo. 


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