Sem o SUS é a bárbárie(ou Plagiando Drauzio)

Sem o SUS é a barbárie (ou Plagiando Drauzio)


Eu trabalho no SUS há quase duas décadas. Só em Criciúma como Ortopedista são 12 anos. Praticamente uma década na linha de trauma do Hospital São José, e todo esse período como cirurgião no ambulatório de alta complexidade de cirurgia do joelho. Além de mais alguns bons anos entre o 24hs da Próspera e Centro de Especialidades do município. A demanda sempre existiu, e sempre existirá. Eu nunca vi fila alguma de espera, seja de consultas ou cirurgias, cessar. Elas diminuem e se alongam conforme prioridades de governo. 

Apenas, em média, menos de 30% da população do país tem acesso a saúde suplementar, e esse é um setor em franca recessão com as chamadas vidas dos usuários migrando para o SUS. Apesar desses índices de usuários em saúde suplementar variarem bastante entre as regiões do país, no geral 70% da população brasileira é dependente do Sistema Único de Saúde. Há um segmento de clínicas populares em crescimento no país, porém essas têm pouco ou quase nenhuma capacidade de resolução dos problemas. 

O SUS é o responsável por organizar politicas públicas, que de maneira geral, em um período de pós verdade que vivemos, vão sendo desvalorizados e até desconstruídos. Segundo o professor Drauzio Varela, as pessoas colam suas ideias na imagem de corredores superlotados das muitas emergências do país que assolam nossos noticiários, porém se esquecem de coisas básicas que alteraram as condições de vida da população desde a sua criação há mais de 35 anos.

O organograma de atendimentos em atenção primária, secundária e terciária do SUS, foi criado e tem sido desenvolvido pelo sistema via Ministério da Saúde. Os programas de atenção básica primária à saúde, e os programas de saúde da família vem incorporando ganhos ao longo dos anos. Os postos de saúde e suas equipes multidisciplanares com todas as suas dificuldades de formatação estão aí a atender e orientar nos bairros a população. A atenção secundária através da construção de UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e a capacitação de hospitais de médio porte tem incrementado melhorias em todo o país. O atendimento terciário se dá nos hospitais de grande porte, como é o caso do São José, responsáveis pela alta complexidade do Sistema. 

      O SAMU, responsável pelo salvamento de milhares de vidas desde sua criação, é política pública de saúde. O sistema de vacinação, assim como as doenças de notificação compulsória como as DSTs e a AIDS ( aqui cabe um parênteses pois somos referencia mundial no tratamento da AIDS), sem falar das hepatites são políticas públicas de saúde. As doenças endêmicas como Dengue, Malária, Doença de Chagas e Chikungunya são todas políticas públicas de saúde. O sistema de transplantes no país, onde o Estado de SC é referência nacional, é politica pública. 

Todas essas, são questões suprapartidárias e, obviamente, todo esse sistema carece de melhorias e de melhor organização. Carece, principalmente de melhor gerenciamento, de controle e direcionamento de gastos baseados em conceitos epidemiológicos (especialidade ainda desvalorizada no país). Porém, toda política pública depende da compreensão das necessidades coletivas, e parte do problema passa pelo processo de orientação educacional da população. Importante é, que as pessoas reflitam sobre o que acontece próximo de si, em seus bairros, lá na atenção primária, porque, como disse o colega e mestre Drauzio Varela: sem o SUS é a barbárie.

Jeisson Simionato

Founder da Darwin - saúde inteligente | Médico | Cardiologista | Ecocardiografista

5 a

Perfeito! 👏👏

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