Sempre dá para piorar — e isso é bom
Esse ano de 2016 me ensinou muitas coisas, mas uma em particular marcou mais, pois foi na prática: sempre dá para piorar. E isso é bom.
Por exemplo:
Você é internado, e recebe um diagnóstico de uma doença complicada, mas tratável e curável. Porém, dá para piorar.
Um ano depois você é informado que, na verdade, o diagnóstico estava errado. O que você tem é incurável, mas ainda controlável. Mas não se esqueça, dá para piorar.
Seu tratamento parece estar dando resultado, mas uma noite, sem prévio aviso, você acorda com uma dor excruciante, e descobre no hospital que precisa de uma operação de emergência. E que, se você não recebesse tratamento adequado a tempo, correria risco de figurar no obituário do dia seguinte.
Informo que, até o momento, não piorou mais além disso.
Com o conceito em mente, afirmo que isso tudo é bom por pura lógica. Se em algum momento futuro pode piorar, significa que agora está melhor que depois. Seja lá como esteja o momento atual. Não posso nunca dizer com certeza que estou no fundo do poço. A gente nunca vai saber, no momento atual, se esse poço é mais fundo ou não. Nosso presente só pode ser avaliado com certa distância.
Não quero dizer também que o caminho é ladeira abaixo. Pelo contrário. A ideia aqui é lembrar que o foco é manter a cabeça erguida, pois a caminhada ao topo é longa. Esse é o objetivo. Logo, ficar parado, lamentando estar no fundo do poço, além de não ajudar a resolver nada, é uma ideia totalmente enganosa.
Portanto, se você acha que está ruim, experimente pensar como seria se estivesse pior. Pense em algo que estragaria ainda mais a situação atual. Pois a possibilidade existe. Automaticamente você está em uma melhor situação. A partir daí,olhar para cima (ou para frente), e continuar o caminho é o que se deve fazer. Como diria a famosa filósofa Dory, continue a nadar.