Será que o Mercado de Empresas Startup Merece Atenção?
Gerd Altmann (Freiburg/Deutschland) - Pixabay.com

Será que o Mercado de Empresas Startup Merece Atenção?

Embora o título seja uma provocação saudável a idéia desse texto é compartilhar um pouco do que está acontecendo, Brasil e mundo, no cenário de investimentos realizado por grandes grupos em empresas startups. O tema é vasto, mas vale comentar um pouco desse mercado.

Por definição, e parafraseando o que está na Wikipedia, uma startup é:

"Uma empresa emergente recém-criada e ainda em fase de desenvolvimento, que é normalmente de base tecnológica, que tem como objetivo principal desenvolver ou aprimorar um modelo de negócio, preferencialmente escalável e repetível".

Exemplos: iFood, UBER, Netflix, NuBank.

Curiosidade: O impacto da Transformação Digital - fenômeno que incorpora o uso da tecnologia digital às soluções de problemas tradicionais - ocorrida nos últimos anos no mundo em praticamente todos os setores da indústria, catalisou uma “especialização” no mundo das startups. Termos americanizados como AgTechs (agronegócio), HealthTechs (saúde), FinTechs (bancos e mercado financeiro), LegalTechs (jurídica), InsurTechs (seguros) são alguns exemplos para referenciar o nicho no qual uma startup atua.

Quase onipresentes no mundo das startups os grandes fundos de investimento como Tiger Global Management, SoftBank e Y Combinator, denominados VC (Venture Capital), aqui leia-se capital de risco, são grandes grupos de investidores que apostam alto, e cooperam, para o sucesso de algumas startups que já apresentam considerável maturidade em seus negócios.

Um dos resultados direto desses investimentos somado ao arcabouço de experiência compartilhada por esses fundos, foi o surgimento, como esse mercado se refere: Unicórnios. Esse termo cunhado pela americana Aileen Lee (1) em 2013 para classificar startups com um “valuation” igual ou superior a US$ 1 bilhão. Sim, os grupos acima também investiram em startups brasileiras como NuBank (uma FinTech “decacórnio” valendo US$ 10 bilhões), Stone, Arco Educação, 99 Taxi e várias outras.

Chama atenção a dicotomia: Se por um lado a participação do agronegócio no resultado do PIB brasileiro em 2019 foi de 21%, ou seja, um naco de quase um quarto foi agricultura - estamos falando do PIB com valor divulgado de R$ 7,3 trilhões. A ver, aproximadamente R$ 1,8 trilhões foram gerados unicamente pelo segmento do agronegócio nacional e, pasmem, ainda não temos nenhuma AgTech brasileira participando do tal ”Clube dos Unicórnios”. É algo para reflexão.

E no mundo? Curiosamente até o ano 2017 não existia nenhuma startup no segmento das AgTechs fazendo parte do “Clube dos Unicórnios”. Foi a Indigo (US$ 3.4 bilhões de valuation) a primeira. Depois vieram outras como a Gingko Bioworks, Cool Planet Energy Systems, Farmers Edge Laboratories, PrecisionHawk, Farmers Business Network, Zymergen (bem próxima de se tornar Unicórnio). Outro ponto que chama atenção é a quantidade de AgTechs que alcançaram o status de Unicórnio e que estão aglomeradas no segmento de Biotecnologia – tal aglomeração foi “sentida” no relatório da THRIVE - 2020 THRIVE TOP 50 AGTECH (2). Ah, no tal relatório foi mencionado duas AgTechs nacionais: AgroSmart e Solinftec.

E na cadeia do leite? É bem verdade que até o presente momento nenhuma startup ligada, diretamente, a cadeia do leite entrou para o seleto “Clube dos Unicórnios”. Enxergo isso como uma tremenda oportunidade. Propositalmente, não foi abordado no presente texto as diferentes modalidades de investimento que hoje existe no mercado (Bootstrapping, Investidor-Anjo, Seed, Séries, etc) - essas são adequadas aos diferentes níveis de maturidade comercial que cada startup possuí.

Finalizando, pertencendo, ou não, a uma startup voltada ao agronegócio fica a pergunta: Quais os predicados que chamam atenção dos investidores e consequentemente justifique os montantes investidos? A resposta é que não existe uma “fórmula matemática” para tal, no lugar, é utilizado filtros que analisam, minuciosamente, alguns pontos como: O histórico e perfil dos fundadores (principalmente a capacidade de execução), a qualidade do problema que a startup se dispõe a resolver (problemas mais complexos requer um grau mais arrojado no perfil dos fundadores), o tamanho do mercado a ser trabalhado (expansão internacional bem como a construção de parcerias são muito bem vindos), níveis de disrupção do produto ou serviço (ponto que ultimamente vem chamando atenção dos investidores) e por último a capacidade de expansão do negócio, replicabilidade, para outras indústrias.

Quem sabe você não se tornará no próximo fundador de uma startup.

Grande abraço!

Edson Barbosa - @ed_barbos

(1) Welcome to the Unicorn Club: Learning from Billion-Dollar Startups

(2) 2020 THRIVE TOP 50 AGTECH Report

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Interessante. E agora, com esta crise mundial, IPOs que estavam para se realizar acabaram sendo adiados. Muitas oportunidades aparecerão. Fundos de Private Equity que estejam capitalizados tem uma grande oportunidade de investimento nestas empresas, com um grande potencial de ganho futuro.

Luigi Cavalcanti

D.Sc. Animal Science - R&D Manager

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Excelente artigo. Fiquemos de olho nas oportunidades!

Alexandre Longo

Systems Engineer, Sales | Infrastructure Technologies @ Juniper Networks

4 a

Muito bom Edson! Você lançou várias "sementes" neste artigo, fico aguardando os próximos com o desenvolvimento delas! Parabéns!

Otto Beck

Engenheiro mecânico especialista na área de manutenção industrial, predial e automotiva I Gestão de equipes, contratos e budget I Na área jurídica elaboração de laudos técnico de engenharia.

4 a

Edson, parabéns pela explanação.

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