Ser bom...para conosco!
Crescemos ouvindo que " quem é bom, vai para o céu; quem fizer o mal, vai para o inferno". Claro que ninguém, em sã consciência, desejaria ir para o caldeirão de Lúcifer, onde ficaria penando pela eternidade. Assim, o caminho é fazer o bem, mas isso é uma tarefa difícil, já que, por inúmeras vezes, convivemos com gente que, pelo amor, não mereceria um pingo de consideração (pelo menos, na nossa opinião). Então, só nos resta o crepitar do fogo eterno? Não, claro que não. O problema é que antes de ser bondoso com os outros, precisamos aprender a ser bondosos conosco. Lembram-se do ensinamento atribuído ao filósofo grego Sócrates que, na verdade, era mesmo a inscrição que se via na entrada do Oráculo de Delfos, "Conhece-te a ti mesmo"? Este é o segredo, conhecer profundamente a nossa essência, o nosso ser, aí ficará mais fácil ser bondoso conosco e, posteriormente, teremos desenvolvido nossos talentos o suficiente para também ser bondosos para com os demais. Enquanto acreditarmos que somos melhores que os outros, que somos vítimas frequentes de todo tipo de injustiça, que ninguém presta e que é preferível ter amor por animais de estimação do que pelo nosso irmão, estaremos muito mais pertos do inferno do que do céu. E, hoje, sabemos que o inferno e o céu não são lugares geográficos, mas instâncias da alma, estados do Espírito.
Olhemos para dentro de nós, mas não com severidade, porém, com toda humanidade, compreendendo que fomos criados simples e ignorantes, longe da perfeição, mas perfectíveis. Reconhecer a criança espiritual que somos e que, por essa infância, constantemente fazemos estripulias que nos causam dores e ferimentos, razão pela qual é preciso usar de misericórdia para com essa criança que habita em nós. Aí, então, tratar de cuidar destes ferimentos, não se deixando desanimar ou enraivecer com nossas próprias fraquezas, aceitar nossas imperfeições e dedicar-se, de corpo, alma e coração, a buscar ser e fazer melhor. Como seres imperfeitos que somos, só mesmo um olhar carinhoso poderá fazer com que as nossas fraquezas se transformem em combustível para movimentar a nossa mudança de hábitos e nossa renovação moral.
Levar demasiadamente a sério as coisas que nos desagradam e que aborrecem aos outros, é dificultar ainda mais a nossa vida. O segredo da vida é simples: viver e deixar viver. Para isso, é necessário enxergar além das coisas, além de ser criativo nas maneiras de levar mais alegria à vida das pessoas com que vamos nos encontrando no decorrer dos dias. Lembrar que as flores que plantamos nos nossos jardins, não perfumam apenas a nossa vida e a nossa casa, mas inebriam todos os que atravessam nosso caminho. Não se planta rosas só para que floresçam para nós apenas. As coisas boas, desta forma, também não podem encher só o nosso coração de amor e alegria. Sempre que estivermos diante dos outros, distribuamos esse manancial de positividade. Quando tudo de bom se agita dentro de nós, nos sentimos mais livres e expansivos e isso contagia quem de nós se aproxima. A felicidade é buscarmos em nós a capacidade para amar, porque tudo o que fazemos sem amor acaba sendo tempo perdido. O que fazemos com amor é o traçado da felicidade que Deus nos dará por acréscimo de sua misericórdia.