Ser Executivo é ser um jogador de xadrez! E, há de se saber escolher as batalhas...
Senti que a equipe não estava tão participativa e feliz como no dia anterior. Achei estranho. Um pouco depois, minha coordenadora veio me falar o que tinha acontecido...
Sempre foquei em gestões bem democráticas com as minhas equipes e estive aberto a ouví-los e consultá-los. Para mim, isso era uma prática normal. Quanto mais operacional o nível e a decisão, maior a participação do time.
Chegou à minha mesa o modelo do cartão de final de ano para ser mandado para fornecedores da empresa. Confesso a vocês que, apesar de ser um amante da arte e cultura, meu olhar estético para determinada coisa não é o melhor...
Pedi, então, a opinião da minha equipe e perguntei quais eles achavam melhor. Diversos argumentos foram trazidos e, finalmente, decidiram por um deles. Não era o que escolheria, nem sem o porquê, mas ficou decidido.
No dia seguinte, o CEO da empresa vai a minha sala para falar de outros assuntos. Antes de sair, me disse que a Diretoria de Marketing tinha decidido padronizar os cartões da empresa e perguntou se poderia mudar o que havíamos decidido para seguir o padrão proposto. Sem pestanejar, prontamente concordei. Aliás, raramente falávamos sobre algo operacional e foi uma infeliz coincidência tocarmos naquele assunto ali.
O dia continuou normalmente. Porém, durante a tarde, notei com a minha sensibilidade que a vibração da sala tinha caído.
Entendi que havia cometido um erro: minha equipe tinha tomado uma decisão de forma democrática e, após um questionamento do meu supervisor imediato e numa fração de segundos, mudei o que estava decidido sem pestanejar.
Com um olhar superficial, não é difícil detectar isso...
Mas, meu erro era muito maior! Tinha sido um líder democrático e não participativo. Entendi ali que não adiantava dividir a operação do dia a dia com a equipe. Mas que, dentro do possível, teria que dividir também a tática e a estratégia.
O executivo deve saber a arte de escolher bem as causas que irá defender! Deve saber que algumas ideias vão muito além delas próprias e dependem de clima, circunstâncias e, muitas vezes, de uma postura mais impositiva com seus superiores! Deve saber o momento para bater o pé e não ceder!
Chamei o pessoal e pedi desculpas por ter cedido tão facilmente ao trabalho que tinham proposto. Mas, decidi dividir com o time a minha estratégia.
Na mesa do CEO já estava o meu estudo de aumento do vale alimentação para o ano seguinte...
Os reais a mais representavam muito para cada colaborador, principalmente para os que ganhavam menos. Seria a possibilidade deles se alimentarem melhor nos restaurantes locais e, para muitos, uma oportunidade de não acordarem mais cedo para preparar suas marmitas, ficarem mais perto dos filhos e ganharem, acima de tudo, qualidade de vida.
Mas, esses reais se tornam milhões em um orçamento anual, criando um significativo impacto no saldo operacional da empresa. Investir em pessoas, mesmo trazendo mudanças para as linhas de despesas do ano, pode gerar muita diferença nas linhas de entradas!
O saldo negativo nessa campo no orçamento anual, na minha visão, nem chegaria acontecer, pois o aumento de produtividade faria a diferença. Mas, mesmo assim, é um investimento a mais para a empresa fazer...
Ainda falei para o time que, muitas vezes, eu teria que escolher as minhas brigas. Nesta escolha é melhor perder alguns peões para poder chegar à rainha. A reunião sobre o vale alimentação seria naquela tarde e, para mim, essa era a minha prioridade e era por isso que eu queria brigar.
Todos entenderam perfeitamente e me agradeceram por ter agido daquela forma! Entendi que, quando divido as minhas táticas e o meu pensamento estratégico sobre a prioridade do setor, as pessoas se tornam minhas aliadas e se sentem parte, de verdade.
E, nada melhor do que ter na sua própria equipe pessoas que entendem o que você pensa!
Conclusões deste jogo de xadrez: fornecedores e diretoria de marketing felizes com os cartões de natal, colaboradores muito felizes com a melhoria da qualidade de vida e aumento do vale alimentação, minha equipe se sentindo parte e envolvida e, melhor ainda, a linha do orçamento totalmente azul no ano seguinte.
Mexer as peças do tabuleiro, com aliados e pessoas que te ajudam a jogar, é o caminho para que você possa estar sempre pronto para dar um xeque-mate no que você precisa mudar ou executar.
Isso faz sentido para você?
E, você? Como lida e enxerga este “jogo” no seu dia? Consegue perceber a intermediação entre o CEO, Diretoria e equipe? Já esteve em situações parecidas?
Mais ainda, você tem um líder que divide com você? Ele costuma dividir suas táticas e estratégias com a equipe?
Me conte aqui nos comentários ou por mensagem direta. Vou adorar saber e poder ampliar esta reflexão!
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4 aCara, você é muito bom. Só artigos inteligentes que fazem repensar. Esse ano quero começar o processo de coaching com contigo, se possível.
Especialista em Gestão Escola - Empresa/ Pedagoga/ Especialista em Educação Corporativa/ Consultora e Orientadora na Educação e Carreiras/Palestrante / Administradora/Gestão de Pessoas/ Liderança de Equipe e Resultados
4 aEste depoimento mostra ética e o compromisso com seu time. Parabéns!
Business Development - Manager
4 aParabéns, texto que me fez abrir mais a cabeça...